Pra quem tem mais de trinta e não despreza dance music, "Pump Up The Jam" virou uma espécie de marco. Já ouvi coisas do tipo "_ Onde você estava quando ouviu 'Pump Up The Jam' pela primeira vez?" Não é exagero. E eu lembro que em frente à TV numa tarde tediosa de 1990, essa música me fez acordar. A faixa era tema do comercial de uma série de aparelhos de som portáteis da Philips chamada Moving Sound. Em questão de dias, "Pump Up The Jam" estava por toda parte. No rádio, na trilha da novela, nas bancas que vendiam fita K7 pirata e até no Domingão do Faustão.
Idealizado pelo professor de filosofia americano Thomas De Quincey (nome artístico: Jo Bogaert), que se mudou para a Bélgica no final dos anos 80 para tentar carreira como produtor musical, o Technotronic teve suas picaretagens. Essa Felly aí da capa sequer boceja no single: os vocais são da zairense Manuela Kamosi (Ya Kid K, na foto do alto com MC Eric), considerada de fraco apelo visual para os vídeos e apresentações "ao vivo" (leia-se playback) na época. Musicalmente, "Pump Up The Jam" era uma faixa instrumental chamada (dããã) "Technotronic", que por sua vez foi totalmente inspirada em "The Acid Life", de um dos pioneiros da cena house de Chicago, Farley "Jackmaster" Funk. Com a adição dos sintetizadores certeiros de Patrick De Meyer e a letra e os vocais de Ya Kid K, "Pump Up The Jam" foi a primeira faixa de house music a atingir o mainstream em grande escala (número #2 nos EUA e no Reino Unido, sucesso no mundo inteiro). E eu lá, naquele verão de 1990, pulando do sofá e coçando a cabeça: "_ Putz... que som é esse?" Era um divisor de águas, Carlinhos.
"Pump Up The Jam": picaretagem e dígitos acima dos seis zeros.