sábado, 6 de maio de 2017

Moda Passageira



O quinto álbum dos californianos do The Anix é um erro geográfico: Ephemeral (2017, Cleopatra Records) passaria fácil por uma banda germano-escandinava de futurepop (mais uma subdivisão do technopop, que parece ser um filho bastardo do trance com o synthpop).


Fato é que, segundo o próprio grupo relata, o novo disco é uma guinada definitiva rumo ao eletrônico, já que o cruzamento com o rock era o foco até agora. Devo confessar que é a primeira vez que ouço algo do trio, então confio totalmente no release. Direto ao ponto: o grande problema de Ephemeral é a falta de uma (ou mais de uma) canção que faça realmente a diferença. Um single forte, vendável, popular, que impulsione o álbum para algo além dos ouvidos do povo de preto que frequenta pequenos clubes enfumaçados da noite de Los Angeles - se é que esses clubes existem, porque a imagem que tenho ouvindo isso é uma referência-clichê cinematográfica de inferninho futurista e decadente, onde a qualquer momento um Schwarzenegger metade ciborgue vai invadir o local com uma escopeta em punho e destruir garrafa por garrafa do bar em meia dúzia de tiros.

O cinema, aliás, é influência forte para o Anix. Eles dizem tentar se afastar de referências mainstream e veem filmes de temática dark como orientação para o som e para a imagem da banda. Não por acaso, o grupo gravou um single em 2011 com os noruegueses do Apoptygma Berzerk, que traz um cover de "Burn" (The Cure), tema do filme O Corvo, de 1994.

Ephemeral, no geral, é uma audição agradável. Tem algumas boas ideias incrustadas nas músicas, como os cellos sintéticos na dramática abertura "Again"; a guitarra limpa de "Remnants of Us" e a batida cambaleante de "Vanished". Gol contra é a onipresença de arpejos de sintetizador, que quase cansa o ouvido em uma hora de duração do disco.



Entre as doze faixas, o Anix ainda cometeu um cover asséptico de "Celestica" (Crystal Castles) que não fez feio:


O vídeo do single "Mask" é um bom resumo de Ephemeral: synthpop enegrecido, mas com potencial perceptível.



Já que o Depeche Mode desistiu do gênero faz algum tempo e o Erasure não acerta um disco há anos, recomendo a audição para os fãs ardorosos de technopop. Pode surpreender e, principalmente, vislumbrar um futuro que pode ser promissor pro The Anix - a despeito do título do álbum.

Ephemeral, inteiro no Bandcamp:

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