segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Sly Voice



A cantora escocesa Nicolette (Nicolette Love Suwoton), ganhou notoriedade por suas colaborações com o Massive Attack (em "Three" e na fantástica "Sly", ambas do segundo álbum dos triphoppers de Bristol, Protection, de 1994), mas também no techno de gosto duvidoso do LA Style ("I'm Raving"). Com mais algumas aparições esporádicas e um EP gravado em 2012 (Modern Stories), Nicolette volta com sua voz macia e aconchegante (que já foi descrita como "Billie Holiday on acid"), em um single lançado no final de Setembro ("Simple Life", Early Records) e um álbum (The Infinitive), que vem na sequência.

Afro-jazzística (Nicolette tem ascendência nigeriana), "Simple Life" parece percussivamente confusa à primeira audição, mas seus vocais continuam intactos e de uma beleza acachapante. Vale conhecer.


"Simple Life": voz abençoada.


domingo, 7 de outubro de 2018

Presque Chic


Estranhei o fato do projeto chamar-se Nile Rodgers & Chic. Nile e sua indefectível guitarra escovinha estão lá, mas o abençoado trio está desfalcado dos dois propulsores que moveram a banda rumo ao estrelato na segunda metade dos 70: um dos melhores baixistas da história (Bernard Edwards, falecido em 1996) e o metrônomo humano Tony Thompson (baterista, falecido em 2003). Então quem seria o Chic, em questão? Nomes mais e menos conhecidos aparecem nos créditos (Mura Masa, Vic Mensa, Craig David, Hailee Steinfeld, Emeli Sandé), mas nem mesmo Elton John e Lady Gaga chegam perto dos respeitáveis foles vocais e harmonias das três melhores cantoras que passaram pelo grupo (Norma Jean Wright, Luci Martin e Alfa Anderson). Adequado mesmo seria batizar de "Nile Rodgers & Friends".

Tem umas coisas bem simpáticas, como a jam smoothjazzística de "State Of Mine (It’s About Time)" - uma faixa que exemplifica o quanto o disco é obviamente bem tocado e produzido. Mas o que pega em It's About Time é o nível das composições, muito, mas muito abaixo do que foi o Chic do início de carreira. Sei que é uma comparação injusta, mas a verdade é que as canções não ultrapassam a temperatura do corpo, em nenhuma das 10 faixas. Vocoders à exaustão, o R'n'B sonolento de "Queen" (com a dupla Elton John e Emeli Sandé) e (o crime-mor aqui), o autocover totalmente dispensável do clássico absoluto "I Want Your Love", com vocais de Lady Gaga, ajudam a puxar a média pra baixo no saldo final.

Na maior parte do tempo, It's About Time lembra o Chromeo num dia ruim. E olha que eu acho o Chromeo bem fraquinho.


"Boogie All Night": um dos poucos momentos iluminados de It's About Time:

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Antropofagia Eletrônica


Vai tomando forma No Tourists, o sétimo álbum do ex-quarteto, atual trio britânico The Prodigy (o "dançarino" Leeroy Thornhill - que tinha uma função meio Bez na banda - caiu fora no longínquo 2000). Com lançamento programado para 2 de Novembro, o álbum já revelou dois singles: "Need Some1" (em Julho) e "Light Up The Sky" (no finalzinho de Setembro).

Encurralados musicalmente pelo próprio subgênero de eletrônica que os levou ao estrelato (o breakbeat), ambas as faixas pegam pesado na pancadaria e distorção e, no caso de "Light Up The Sky", as autorreferências estão bem nítidas (citações das já clássicas "Breathe" e "Smack My Bitch Up" são facilmente perceptíveis).

A despeito do Prodigy 2018 não trazer nada de novo, a banda garante que, ao menos, o som seja reconhecível à quilômetros de distância.


"Need Some1":



"Light Up The Sky":

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Lose Yourself to Dance



Três anos depois de um álbum mediano (Born in the Echoes, 2015) e de um single muito abaixo da média da própria produção da dupla ("C-h-e-m-i-c-a-l", 2016), Tom Rowlands e Ed Simons - os Chemical Brothers - voltam com a animadora "Free Yourself", lançada no finalzinho de Setembro. Com arpejos psicodélicos, um bassline retrô que vai fazer os alto-falantes trabalharem com vontade e uma letra despejada como palavras de ordem ("Free yourself, free yourself / Free yourself, free me, dance / Free yourself, help to free me, free us / Free yourself, dance"), a música deve ganhar fácil as pistas de dança, mas estou curioso pra ver a performance nos paradões. Primeiro pra sentir se a popularidade do duo chega perto do que era na segunda metade dos 90 e também porque o último single que beliscou o Top 10 na Inglaterra foi "Galvanize" (do álbum Push the Button), número 3 na UK Singles Chart em Novembro de 2004. 


"Free Yourself": exclusivamente para as pistas.