sábado, 30 de novembro de 2013

Hang The DJ!


Se Morrissey já mandou enforcar os deejays e queimar as discotecas em 1986, imagina depois de ouvir o que fizeram com sua "This Charming Man" (originalmente o segundo single da banda, de 1983).


O remix não autorizado é do peruano Luis Leon. Aliás, ele está atualmente no Brasil para uma série de discotecagens: toca hoje no Clube Lagoinha, no Rio, e dia 07 de Dezembro na Kiss & Fly, em Goiânia, depois, parte pro México.

A "This Charming Man" de Leon espalha os vocais de Morrissey numa deep house de baixo cadenciado e timbres afáveis de teclado. Foi lançada em Dezembro do ano passado, mas como só descobri agora, vale o compartilhamento. Dá pra baixar de graça no Soundcloud, dá uma olhada.

"This Charming Man (Luis Leon Bootleg)": Mozza em pânico.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Nos Trilhos


O norueguês Todd Terje acabou de soltar um 12" novinho: "Spiral", com a faixa-título e "Q" no lado B (ambas passam de dez minutos). É o terceiro single esse ano (contando um lançado em Março com o chapa Lindstrøm).
 

Terje é um dos melhores domadores de sintetizador que eu conheço atualmente. Ele usa todos que cabem no par de faixas e ainda adiciona uma sessão percussiva tipo "Little" Louie Vega pra temperar essas duas locomotivas de ritmo e melodia. Só fica a dúvida sobre qual tag usar: house ou disco? Fique com as duas.

"Spiral": sai da frente.


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Quarta Do Sofá: Roy Orbison


Tímido pra cacete e com um shape tão esquisitão quanto um personagem de David Lynch, Roy Kelton Orbison compensava tudo com sua voz absolutamente limpa e poderosa.
"She's a Mystery to Me" é uma baladona típica de Orbison: carregada, emocional e um tiquinho sombria. Foi um dos singles extraídos do último álbum do cantor, Mystery Girl, lançado no comecinho de 1989 (ele faleceu em Dezembro de 1988). Composta especialmente para Orbison por Bono e The Edge, "She's a Mystery to Me" foi uma das canções que contribuíram para a volta de Roy Orbison aos lugares mais altos das paradas no mundo todo, não só porque Mystery Girl é um disco póstumo, mas porque é espetacular.

"She's a Mystery to Me": réquiem para um fora de série.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

ISO 9000


O galês Jamie Jones - parceiro de Lee Foss na administração de um dos mais apreciáveis selos de dance da atualidade, o Hot Creations - acabou de lançar EP novo.

 Chama-se Planets, Spaceships, e traz quatro faixas de tech-house minimalista, enxuto, de grooves mecânicos e enxertos vocais lascivos (a faixa título tem participação de Daniela Caldellas, do duo brasileiro de eletrônica Digitaria). Jones tem a manha admirável de colocar cada barulhinho no lugar certo, e monta suas faixas como um esqueleto em que a espinha dorsal é a linha de baixo com a frequência beirando os 20 Hertz. Hot Creations, padrão ISO 9000.

"Planets, Spaceships": maquininhas sensualizando.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Segunda Class: St. Germain


St. Germain é o músico francês Ludovic Navarre. Acid Jazz, Nu Jazz... é essa onda aí, jazz houseificado, cordas e metais costurados com loops, samples e beats digitais. Seu álbum Tourist, de 2000, entupiu os cofres do tradicional selo Blue Note: vendeu inacreditáveis 4 milhões de cópias.


É de Tourist o monumental single "Rose Rouge", sete minutos de improvisos de sax e trompete com baixo, elementos de bateria e piano emprestados da fenomenal "Take Five" do pianista Dave Brubeck, mais o vocal sampleado e de tom ligeiramente alterado de "Woman Of The Ghetto", de Marlena Shaw.

É a melhor faixa de jazz house já feita, ponto.

"Rose Rouge": saxofones e samplers.

domingo, 24 de novembro de 2013

Hot House


Como alguns times que eu conheço, o Hot Natured - no papel - tem uma baita escalação. Trata-se dos DJs e produtores Lee Foss e Jamie Jones (donos do ótimo selo Hot Creations) mais o vocalista Ali Love e Luca C, do Infinity Ink.


O Hot Natured vinha lançando singles e EPs desde 2009, até debutar com o álbum Different Sides Of The Sun, em Setembro. A house de baixo impacto presente nas 15 faixas não desmerece o disco.

Pode pular a abertura "Operate", que não é lá muito empolgante com seus teclados ambient e um fator decisivo pra esse lançamento não manter a altitude de cruzeiro: os vocais enjoativos de Ali Love. Já "Isis" (com o figuraça Egyptian Lover) engrena a primeira das muitas linhas de baixo sedutoras de Different Sides Of The Sun. "Reverse Skydiving" tem os vocais relaxantes de Anabel Englund. A voz da cantora americana casou tão bem com a house de timbres macios da faixa, que felizmente ela canta em outras duas: na linda disco espacial "Mercury Rising" e em "Emerald City" (com um loop que me lembrou "Buffalo Stance", da Neneh Cherry).

Dá até pra descontar o tom quase esganiçado de Ali Love com bases tão eficientes quanto "Forward Motion" e na vibe Frankie Knuckles de "Tightrope" (hit-hats cristalinos, percussão discreta e teclados cirurgicamente encaixados). O melhor momento do cantor britânico é na voluptosa "Planet Us", uma das melhores canções do disco. Aqui ouvimos um Love desplugado, que baixa o tom e arrisca (e se dá muito bem) no refrão em falsete.

Foss e Jones diversificam as ações com os tons cinza dos sintetizadores de "People Change" (com vocais de Cedric Gasaida, do Azari & III) e nos timbres de piano elétrico da deep charmosa "Alternate State" (vocais reconhecíveis à distância de Róisín Murphy).

Different Sides Of The Sun não foi feito exclusivamente para os membros inferiores. O Hot Natured conseguiu deixar a mistura no ponto exato entre curtir no sofá ou levantar pra dançar. Em ambas as formas de apreciação, o disco cumpre o que a escalação do projeto prometia.  

"Planet Us": chill house.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sexta Feira Bagaceira: Industry


Nem sei se dá pra chamar o Industry de one hit wonder. "State Of The Nation" - supostamente, o grande sucesso da banda nova-iorquina - chegou apenas no número 81 do Hot 100 da Billboard. A Europa absorveu melhor a música do quarteto new wave, especialmente a Itália. Tanto que chegaram a abrir shows de gente como Talk Talk e INXS por lá. A banda acabou logo depois do álbum Stranger to Stranger ter sido lançado, em 1984.


O single "State Of The Nation" saiu em 1983, e fala sobre a imbecilidade das guerras, aquela história. É um synthpop de refrão bobinho, mas com bons ganchos de sintetizador. Para fãs ardorosos de technopop (como eu), é o ouro.

"State Of The Nation": "There´s no place like home..."

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Unhappy Christmas


"Tudo sobre o Natal já foi escrito. Nós pensamos que seria mais interessante olhar para o lado mais sombrio do período. Para muita gente, o Natal não é um momento feliz".


É assim que o geniozinho dos teclados Vince Clarke definiu Snow Globe, o tal disco de Natal do Erasure. De fato, não é um álbum alegre, cheirando a tender com farofa. Prova do clima melancólico do projeto está no single "Gaudete" - um tema sacro medieval, cantado no latim original por Andy Bell. A faixa é o máximo da ousadia que Snow Globe oferece. O resto divide canções compostas pela dupla e clássicos do tempo em que Papai Noel velho batuta descia pelas chaminés (não, a lamentável versão da Simone para "Happy Xmas [War Is Over]", de John Lennon, não está aqui, não se preocupe). Do material original, apenas "Make It Wonderful" faz a gente lembrar aquele Clarke que tirava vários coelhos da cartola nos melhores discos do Erasure. Já nas releituras, os arranjos são preguiçosos. Ouça a base Super Nintendo de "The Christmas Song" e comprove. Menção honrosa para a boa adaptação de "Silent Night" (a nossa "Noite Feliz"), com vocais especialmente bem gravados.

Nem pensei muito sobre as intenções do Erasure com esse álbum.
Honestamente, não acho que classificar como caça-níqueis seja o caso. A banda está bem longe da popularidade que alcançou no século passado e não consigo imaginar que alguém - fora os fãs mais xiitas - coloque isto como trilha pra sua ceia como se tirasse uma onda com o vinil de Merry Christmas do Bing Crosby. O problema de Snow Globe é que, perdoem a obviedade, é um disco que já vem com data de validade vencida antes mesmo de chegar às prateleiras (ou aos arquivos do iTunes). E isso tem sido frequente nos últimos trabalhos do grupo: discos insossos, indiferença, preguiça criativa. Já rolou álbum de covers, um acústico e agora um de Natal. O Erasure anda em círculos.

"Gaudete": seriedade. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Quarta Do Sofá: Brainstorm


Não conheço nada sobre a música pop da Letônia, mas o Brainstorm vem de lá. E cravou, em 2001, essa jóia pop - presente até hoje nas FMs adulto-contemporâneas. Tem meu apreço.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Something (New) In My Ears


Música nova do Röyksopp é sempre algo pra se prestar atenção. Depois do single digital "Running To The Sea", lançado em Dezembro do ano passado, a dupla norueguesa lança agora um B-side a altura da bela faixa cantada por Susanne Sundfør.

"Something in My Heart" tem os vocais de Jamie McDermott, do conjunto orquestral britânico The Irrepressibles, e é um lindo pedaço de synthpop tristonho, com sintetizadores lânguidos e andamento bem relaxado. Vou colar "disco novo do Röyksopp em 2014" na porta da geladeira.

"Something in My Heart": cheiro de disco novo no ar.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Segunda Class: Robbie Williams

 

 Esqueça o cara que se despia até os ossos no vídeo de "Rock DJ": Robbie Williams investe pela segunda vez no seu lado crooner de big band e faz o Sinatra em Swings Both Ways (a primeira foi em Swing When You're Winning, de 2001). São releituras de suas próprias canções, covers arriscados (o monolito "Minnie The Moocher", de 1931, entre eles) e algumas canções novas, tudo preenchido com naipes poderosos de metais, guitarras semi-acústicas e belas sessões de cordas.


Swings Both Ways saiu oficialmente hoje, e flagra Robbie em scats meio desengonçados ("I Wan'na Be Like You"), lindo pop orquestrado ("Go Gentle"), arranjos jazzy ("Dream A Little Dream", com Lily Allen) e pelo menos uma versão de seus (vários) hits que ficou ótima: "Supreme", transformada em "Swing Supreme".

Williams só perde a mão mesmo em "No One Likes A Fat Pop Star", uma faixa que parece trilha dos bocejantes musicais de Andrew Lloyd Webber. 

Já que sua carreira pop não anda lá essas coisas (vide o decepcionante Take the Crown, de 2012), Robbie Williams deve ter visto em Michael Bublé (e o próprio aparece em "Soda Pop") um filão de mercado interessante pra explorar. Se sua voz não tem o charme ou a potência de leviatãs como Bing Crosby ou Dean Martin, pelo menos um requisito ele preenche com folga: a pinta de canastrão.

"Go Gentle", primeiro single do álbum.

domingo, 17 de novembro de 2013

Talking Beats


Talking Heads e música de pista flertavam há tempos. Seja nas pioneiras experimentações cabeçudas da banda com loops e samplers (Remain In Light, 1980), abraçando a world music afro/latina ou pela cozinha espetacular do baixo funkeado de Tina Weymouth e o metrônomo Chris Frantz. A cereja que faltava foi o hit "Lazy", single de 2002 do X-Press 2, com David Byrne nos vocais. 


Até que demorou pra alguém aparecer com edits ou remixes decentes de uma banda que tem um groove poderoso nas veias. Se apareceu antes de 2013, me deixe ficar sabendo. Algum iluminado teve a ideia de pegar três faixas do grupo nova-iorquino e entregar pra três nomes do underground dance, somente pra dar um polimento. Reforçar bumbos, colocar umas palminhas, loops e teclados. O projeto foi batizado de Tugboat Edits, saiu com apenas 500 cópias em vinil (numeradas à mão) e não é oficial.

"Burning Down The (Acid) House (Late Nite Tuff Guy)", me perdoe a provável heresia, ficou melhor que o original. O baixo (que já era uma estupidez) foi reforçado pelos timbres derretidos de uma TB-303 e agora sim, dá pra botar qualquer casa abaixo. Os créditos desse estupendo trabalho vão pro DJ e produtor australiano Carmelo Bianchetti, pra mim, um ilustre desconhecido.

"Girlfriend Is Better" (originalmente do álbum Speaking in Tongues, de 1983), virou "GF" pelas mãos de Jason Kriveloff (JKriv), um nome de respeito entre edits e faixas autorais da recente Nu Disco. Sua "GF" é uma house que não limou as escovadas de guitarra e salpica um piano elétrico delicioso.

Tim Zawada transformou "Pull Up The Roots" na hilária "Pull Up The Bootz (TZ Hevdit)", preenchendo os espaços com um kit de percussão admirável e mantendo o espetacular baixo original.

David Byrne deve ter aprovado a ousadia.

"Burning Down The Acid House (Late Nite Tuff Guy)": Hold tight wait till the party's over!

sábado, 16 de novembro de 2013

Quando a Noite Cair


 

  Lebanon Hanover é o duo Larissa Iceglass (Larissa Georgiou) e William Maybelline (William Morris). Formado em Sunderland, Reino Unido, há pouco mais de três anos, a banda já tem quatro álbuns (contando o primeiro, dividido com o grupo La Fete Triste, e que saiu só em cassete). O negócio do casal é uma radical celebração do darkismo oitentista; sem concessões, sem atualizações, nem fusões com sons que estão pegando atualmente.


Tomb For Two (com sua aflitiva capa acima), saiu no finalzinho de Setembro. É um mergulho de quarenta minutos nas águas turvas da dark wave. São timbres congelados de sintetizador, baixos de duas notas, bateria eletrônica (Doktor Avalanche?) e riffs secos de guitarra, emoldurando canções que não fogem da temática do gênero (solidão, abandono, morbidez, romantismo febril). O tempo nublado nas 10 canções do álbum é potencializado pelos vocais à Siouxsie Sioux de Larissa Iceglass - mais assustadores ainda com letras em alemão, como em "Your Fork Moves" - e pela voz de William Maybelline (que canta em duas faixas), algo entre Ian Curtis e Andrew Eldritch.

Tomb For Two é minimalista e econômico (dá pra ouvir inteiro na página do Bandcamp da banda), e dentro desse lugar onde o sol não bate, tem ótimas músicas. O single "Gallowdance", por exemplo, com suas navalhadas de guitarra e letra que é puro otimismo ("Dance comigo a dança da forca / Contanto que não estejamos pendurados / Enquanto ainda podemos, meu amor / Ambos sabemos que a corda está sempre pronta"). Tivesse sido lançada em 1984, dava pra dançar com o nariz colado na parede do Crepúsculo de Cubatão.

"Gallowdance": dancinha desorientada e corda no pescoço.


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Sexta Feira Bagaceira: Comunidade Nin-Jitsu


Produzido por Edu K, o picareta-mor do pop gaúcho, Broncas Legais é o debut da Comunidade Nin-Jitsu, de 1998. A banda encontrava-se numa posição confortável antes do lançamento do álbum, já que a faixa "Detetive" vinha tocando insistentemente nas FMs gaudérias um ano antes (o vídeo-tosqueira inclusive ganhou o prêmio de "Melhor Democlip" no Video Music Brasil da MTV, em 1997). O disco vendeu 50 mil cópias e consolidou a fórmula da banda: chinelagem, bom humor, referências àquela erva que não se usa no chimarrão, batidões à 2 Live Crew e riffs de guitarra típicos de quem ouviu muito Angus Young quando era moleque.

Saíram de Broncas Legais faixas semi-conhecidas como "Melô do Analfabeto", "Rap do Trago", "Merda de Bar", "Quero te Levar", além da própria "Detetive". "Rap do Trago" foi montada com a base de "Der Kommissar", hitaço do cantor austríaco Falco, de 1982. Ao invés do sampler, o grupo preferiu copiar "Der Kommissar" nota por nota e deixou-a mais rápida pro vocalista Mano Changes destilar versos rapeados em que avisa as menininhas sobre os perigos da bebedeira sem limites ("se você bebe pra dedéu é capaz de acontecer / de você acordar em um motel").

A Comunidade Nin-Jitsu ainda está na ativa (mesmo com Mano Changes honrando o mandato de deputado estadual, eleito em 2006 e reeleito em 2010), e é a melhor banda gaúcha de funk carioca do país.

"Rap do Trago": hit etílico.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Sambando Em Nova Iorque

Rapái, que catástrofe essa discotecagem do duo canadense Chromeo pro site Boiler Room, transmitida dia 10 de Setembro. Aconteceu em Nova Iorque, mas poderia ter sido no Sambódromo, no Rio De Janeiro. O set até que é legal (rolou até "You Can Do Magic", do America!). O problema são as mixagens, feitas sem o menor pudor em esquartejar as faixas e jogar outras por cima na base do atropelo. Aí, lá pelos 20 minutos, o produtor e DJ A-Trak (parceiro de Armand van Helden no Duck Souce) vai pros CDJs tentar uns scratches e backspins em cima de "Over Your Shoulder" (single novo do Chromeo), e o resultado... bom, "constrangedor", pra ser bem educado. Tudo bem que o espírito é descompromissado, "put your hands up!", vocoders... mas David Macklovitch (metade do Chromeo), não leva o menor jeito pro negócio. Assiste aí e me diz.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Quarta do Sofá: Iron Maiden


"Wasting Love" é a única balada do Iron Maiden que saiu como single, em 1992. Ficam duas perguntas: são duas guitarras ou é um harmonizer aí? E quem tira o Eddie pra dançar?

"Wasting Love": os metaleiros também amam, porra.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Sob o Domínio do Bumbo


Reconhecido pelos excelentes edits disco, o produtor britânico Mark Evetts vai se firmando com seu trabalho autoral, cada vez mais imerso na house music.

Curiosamente, Black Country Roots - seu mais recente EP - explora em três composições a Revolução Industrial (Black Country é uma zona industrial na região central da Inglaterra), entre sirenes de fábrica, bumbos de frequência extremamente baixa ("Midland Nights") e camadas sinfônicas. O grande barato aqui são as variações sobre o mesmo tema com timbres amadeirados de teclado na ótima faixa de abertura, "The Kings Heath". 

"The Kings Heath": Mark E dando um rolê pelos suburbios de Birmingham.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Segunda Class: Art Of Shades



Só sei que Leonardo Dessí é parisiense, tem 19 anos, e reclama para si influências de Daft Punk, Debussy, Chopin e Ludovico Einaudi. E ele é bom de melodia. Sua "All Away" saiu no começo do ano e tem belos vocais da também francesa Soukaïna Lebbar. Admiro quem faz dance music pra sala de estar. 

"All Away": "Slowly came down..."

domingo, 10 de novembro de 2013

Don't Drop The Bass


Wayne Goodlitt já tem uma cacetada de singles e EPs no seu portfólio, desde que começou a gravar como Mentor, em 1998. Iniciou na cena UK Garage como MC, mas aos poucos foi se mostrando um talentoso DJ e produtor de dubstep, e pra assinalar a mudança no som, Goodlitt adotou o pseudônimo Roska.


Shocking EP é seu lançamento mais recente, mas daquele dubstep clichê com baixos oscilantes e paradas previsíveis que retomam com frequências de grave subterrâneas, não tem nem o cheiro. Rola um grime monocórdico ("Penetration Test", que deveria se chamar "Patience Test") e algo que parece um console Atari tendo convulsões ("Shocking"). De bom, temos o rap veloz e o refrão soul de "It's All Changed" e o ataque polirrítmico da ótima "Desire", a melhor do disquinho. Aqui os vocais são da cantora Vanya e a faixa lembra um Altern-8 com camisa de força.

"Desire": bateria aos cacos.

sábado, 9 de novembro de 2013

Glue & Knife


Achei tão curioso e interessante que resolvi dedicar um post pro assunto: trata-se do DJ e produtor Iraí Campos - no comecinho dos 90 - ensinando como se faz um remix, usando Gillette e fita adesiva. Que Sound Forge o quê, isso aqui é que é diversão.

Coito Interrompido


 Ouvi metade de "Aura", primeira faixa de Artpop - pretensioso título do novo disco da Lady Gaga - e parei. Não consegui ouvir o resto do álbum. Estou perdendo alguma coisa?

"Aura": só conheço metade.



Update: acabei de ouvir e é insuportavelmente chato mesmo.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Futuro Do Passado


Fã de sintetizadores? No seu novo álbum The Entirety of Matter, o prolífico Kris Menace oferece uma coleção deles. E se tem um cara que domina essas maquininhas com rara maestria e bom gosto hoje em dia, é esse produtor alemão.


Christoph Hoeffel pode não ter pensando muito nos clubbers nesse disco, mas presenteou os produtores de TV com a trilha perfeita para documentários sobre missões espaciais. São doze faixas em menos de uma hora de techno com aquele gosto retrô indelével e adocicado. 

"Mona": obra sintética.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Quarta do Sofá: Mariah Carey


1994: Mariah Carey no auge. Depois de ter ouvido "Without You" num restaurante (originalmente do grupo britânico Badfinger), ela decide fazer sua própria versão. O nível de sacarose é bem alto, mas ela cantava demais. E o coro gospel, hm? Que sacada. Ficou lindo.

  "Without You": mais discos de ouro pra coleção.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Um Museu De Grandes Novidades


Com o ponteiro do desconfiômetro batendo firme no vermelho, fui ouvir o tal Recovered & Remastered EP 4, um dos volumes da série de disquinhos não oficiais do KLF, lançados sabe-se lá por quem. Imaginei tratar-se de uma mera tentativa EDM de atualizar o som da dupla inglesa, mas - alívio - não é nada disso. Os EPs já tem seis edições, e - como o título da coleção indica - trazem versões alternativas, faixas nunca lançadas, gravações ao vivo, remixes, sobras de estúdio e por aí afora, trazidas pro século 21 com uma qualidade de áudio surpreendentemente boa. Pra um fã roxo do KLF como eu, qualquer coisa que soe como novidade (mesmo que seja uma velha novidade), tá valendo. Criativos, inteligentes, bem humorados, punks, anárquicos e bons vendedores de discos, o KLF foi um dos maiores responsáveis pela transição da eletrônica dos 80 para os 90. Deixou saudade. Um sample qualquer do duo vale mais que toda a carreira do David Guetta.

"Madrugada Eterna (Live From The Lost Continent 2012 Original Version)": sente o groove.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Segunda Class: Paolo Conte


Cantor, pianista e compositor, Paolo Conte - italiano da região de Piemonte - tem em "Via Con Me" seu único hit com registro aqui: de vez em quando, ela aparece em rádios do segmento adulto-contemporâneo. São menos de 3 minutos em que Paolo canta na sua língua de origem, funde com inglês e ainda lasca uns scats que deixariam Louis Armstrong com aquele sorrisão característico. Maravilha. Lançada originalmente no álbum Paris Milonga, de 1981, a faixa entrou na trilha do abacax... digo, do filme French Kiss (no Brasil, Surpresas do Coração), de 1995.

"Via Con Me":
"Via, via, vieni via con me..."



Ao vivo:

sábado, 2 de novembro de 2013

Freud Tinha Razão


O britânico Jonathon Fogel provavelmente nunca ouviu Aphex Twin.

Seu EP mais recente, Matchsticks (que ele assina como Stray), é coisa de quem passa noites em claro com o nariz na frente do notebook fuçando em softwares envenenados pra produzir esse pseudo-drum'n'bass de batidas em convulsão. Em "Dropping Bombs" ele parece querer provar que pode rufar qualquer coisa com velocidade mais absurda possível. Richard David James já fez tudo isso há quase 20 anos, Jonathon, com a diferença de que ele tem um senso melódico invejável, algo totalmente ausente no teu EP. Em "Matchsticks", Stray desacelera e cai no clichezão do vocal com pitch lá no fim da régua. Tsc, tsc. Se depender de artistas com essa aridez musical como a que Stray apresenta, o drum'n'bass está com os dias contados. Sai desse quarto, guri. Vai transar, vai.

A irritante "Dropping Bombs": rufos sem sentido.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Sexta Feira Bagaceira: Rockwell


Kennedy William Gordy, nome artístico Rockwell. Filho do fundador da Motown, Berry Gordy. Assinou contrato com a gravadora do pai, sem ele saber. Pra não parecer protecionismo, ou algo assim. "Somebody's Watching Me", de 1984, foi seu maior hit. Por causa dessa música, foi carimbado com a pecha de one hit wonder, mas - ao menos aqui no Brasil - a balada "Knife" também foi bem executada. "Somebody's Watching Me" é um mix de R&B e synthpop, cheia de sintetizadores tipo tema de série de terror B. E tem no refrão o auxílio luxuoso de um cara que era o maior artista da música no planeta na época, tal de Michael Jackson. Ficou uma maravilha.

"Somebody's Watching Me": Halloween bombando.