terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Melhores do Ano: Músicas - Parte 2 (27 - 01)


Segunda parte das melhores faixas do ano, segundo este que vos tecla. Da vigésima sétima à primeira, eis:

27) "Underneath The Pines" > The Deadstock 33s



26) "You" > Monsoon Season feat. Evelyn Joyce



25) "The Night" > Oslo Parks



24) "Every Little Thing" > Röyksopp & Robyn



23) "Aftermath" (Robags Berchem Duff NB) > Hundreds



22) "Stay In Love" > Plastic Plates feat. Sam Sparro



21) "Marilyn Monroe" > Pharrell Williams



20) "Like The Moon" > Future Islands



19) "People Are Lonely" > Gravitonas feat. Army Of Lovers



18) "Slave To The Rhythm" > Michael Jackson



17) "Traum" > Cro



16) "Easy To Love" > Maxi Priest



15) "Fame" > The Acid



14) "The Mechanism" > Disclosure & Friend Within



13) "Over Your Shoulder" > Chromeo



12) "New Boys" > Lust For Youth



11) "Pretty Girls" > Little Dragon



10) "Automatic" > Alexander Shofler & The Supertraxxe



09) "Artifice" > SOHN



08) "Show Me A Miracle" > Klaxons



07) "Skulls" > Röyksopp



06) "Black Night" > DAMH



05) "Supernatural" > AlunaGeorge



04) "New Romance" > Azekel



03) "45 Days" > ATTAR! feat. Induce & Santana



02) "Mecca" > Wild Beasts



01) "Our Love" > Caribou




Logo menos: And Now convida DJs, músicos e produtores para indicar suas preferidas de 2014.

Veja também:

Melhores do Ano - Músicas (parte 1)
Melhores do Ano - Álbuns

sábado, 27 de dezembro de 2014

Melhores do Ano: Músicas - Parte 1 (54 - 28)


O método é muito simples: cada música que chama minha atenção durante o ano, jogo numa pasta no iTunes. Se passar por mais algumas audições, fica até Dezembro. Aí, na hora de fazer uma compilação com o que foi realmente relevante pra mim, é só avaliar alguns quesitos como inventividade, capacidade de grudar na memória, número de plays, satisfação, originalidade e, noves fora, ranquear a lista definitiva. As minhas preferidas em 2014 fecharam em 54, que divido em duas partes. A primeira, abaixo:

54) "Headache" > Terranova feat. Cath Coffey



53) "Até o Sol Raiar" > Paradizzle feat. Big MC Tchê & Tonho Crocco



52) "Imperial" > TEEEL



51) "INeedU" > Rockwell



50) "Power To The People" > Basement Jaxx feat. Niara



49) "Your Darkness" > Benoit & Sergio



48) "Chain Of Command" > Von Spar



47) "First Fires" (Maya Jane Coles Remix) > Bonobo



46) "Nicotine Love" > Tricky feat. Francesca Belmonte



45) "I Paint What I See" > William Orbit



44) "In Binary" > Lamb



43) "Aaliyah" > Katy B feat. Jessie Ware



42) "Hansi" > DAMH



41) "Last Time" > Akouo



40) "The Sun" > Parov Stelar feat. Graham Candy



39) "Tangents" > Simian Mobile Disco



38) "Crossfade" > GusGus



37) "Blurred Lights" > Fennec



36) "Glow" > Mr.Kitty



35) "A Lone Boy" > Tying Tiffany



34) "Feel Of Love" > Tensnake & Jacques Lu Cont feat. Jamie Lidell



33) "King Bromeliad" > Floating Points



32) "Temporary View" > SBTRKT feat. Sampha



31) "You Push For The World" > Electro Spectre



30) "Nxwxrk" > Nadus



29) "U Don't Know" > Citizen



28) "Merewif" > Willow Beats




Logo menos: as músicas do ano, parte 2: 27-01. 

Veja também: os álbuns do ano.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Melhores do Ano - Álbuns


Não são "os dez melhores", "os vinte álbuns". Nada de números redondos. Listas propostas com números fechados tendem aos constrangedores finais com "menção honrosa para..." aos que ficaram de fora. Então, estes são os discos que mais ouvi, que fizeram a diferença pra mim nesse 2014. A conta fechou em dezenove - e como sempre, lembro que os álbuns escolhidos dizem respeito aos gêneros que flutuam na nuvem de tags do blog ali acima. Logo, são obras que obrigatoriamente contém alguma eletronice ou são direcionados pra pista de dança. Ei-los!

19) Fatima > Yellow Memories



18) Lutan Fyah > Get Rid A Di Wicked



17) Igapó de Almas > A



16) Bryan Ferry > Avonmore



15) Hercules & Love Affair > The Feast Of The Broken Heart



14) Chromeo > White Women



13) Pharrell Williams > G I R L



12) Cooly G > Wait 'Til Night



11) GusGus > Mexico



10) Gui Boratto > Abaporu



9) Wild Beasts > Present Tense



8) Mr.Kitty > Time

7) Aphex Twin > Syro


6) Prins Thomas >
Prins Thomas III



5) Todd Terje > It's Album Time



4) Future Islands
> Singles



3) Fennec > Let Your Heart Break



2) Röyksopp > The Inevitable End



1) Caribou > Our Love



Logo menos: melhores músicas do ano.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Fechado Para Balanço


Fora algum lançamento surpresa realmente relevante, passamos a régua nesse 2014. Logo menos, voltarei com os melhores (e piores) do ano.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Metamorfose Ambulante


Ora delicadamente folk, ora sombriamente eletrônico, Aftermath saiu no meio do ano e é o segundo disco do Hundreds, formado pelos irmãos Eva e Phillip Milner. A dupla alemã levou algo em torno de um ano em meio gravando o álbum e o resultado veio em forma de doze canções com um acabamento primoroso, polido pelo engenheiro de som e produtor britânico David Pye (que já trabalhou com o Wild Beasts). Invernal, agridoce e de incontestável beleza, Aftermath traz arranjos econômicos e precisos, com o uso contido de cordas e pianos e a estaticidade hipnótica dos sintetizadores, que valorizam a ótima vocalista Eva Milner. Vale o confere.



Outra boa notícia é o recente lançamento de um EP de remixes de Aftermath. São excelentes versões para quatro faixas do álbum, feitas por gente tão desconhecida quanto talentosa. Minha preferida é "Aftermath (Robags Berchem Duff NB)", uma impressionante transformação que cruza magistralmente darkismo e pista de dança. Saiu pelo microselo Krakatau, mas tem cara de Pampa Records.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Technics SL-1200MK2: Electronic


No comecinho dos 90, a conclusão óbvia que cheguei depois de ouvir pela primeira vez Electronic - debut da dupla homônima formada por Barney Sumner (New Order) e Johnny Marr (The Smiths) - era de que havia ficado muito parecido com New Order e nem de longe lembrava Smiths. Numa entrevista que li algum tempo depois, até Gillian Gilbert achou isso. O mundo inteiro achou isso. Não que a união do guitarrista e vocalista do New Order com o guitarrista dos Smiths devesse, necessariamente, sugar metade da sonoridade de cada banda (e, de fato, não foi isso que aconteceu) e transformar o resultado num punhado de canções, mas esse álbum (lançado em 1991) apontou o caminho por onde o próprio New Order seguiu pouco depois, com Republic (1993). A diferença era o techno inserido em Republic substituindo a house de Electronic.

Acho Electronic um disco quase perfeito. Só não leva o 10 por conta do rap desengonçado de Barney Sumner em "Feel Every Beat" e pela não escolha de "Reality" como single. De resto, sem arestas pra aparar. Tem a colaboração preciosa dos Pet Shop Boys em duas faixas ("The Patience of a Saint" e "Getting Away With It"), as programações de bateria e percussão estão entre as melhores que já ouvi num mesmo álbum, os sintetizadores convivem amigavelmente com as guitarras de Johnny Marr, tem hits de pista e de rádio e toca inteiro sem pular nenhuma faixa. Até "Feel Every Beat" tem seu valor pelo refrão e aquele pianinho house característico de sintetizador Korg.

"Reality": mancada não ter virado single. 

domingo, 23 de novembro de 2014

Slow Motion


Pra ver o mundo passar em câmera lenta, taí o single Hurry Slowly da dupla americana Arms and Sleepers. São duas faixas que serviram de introdução ao álbum Swim Team, recém lançado. Beats lentos de hip-hop, estalinhos glitch, loops, timbres delicados de sintetizador. Tudo pensado para o completo conforto auditivo do ouvinte, sem abrir mão da inteligência no que tange aos arranjos de uma certa complexidade, mas de fácil assimilação. Have a nice trip.

Hurry Slowly: trip hop instrumental.

sábado, 22 de novembro de 2014

25 Anos à Frente


Responsável por boa parte do que de melhor se produziu na música eletrônica - dançável ou não - nos últimos tempos, a gravadora Warp completa 25 anos de atividades em 2014. Pra se entender um pouco da escala evolutiva e do pioneirismo do selo, o Bleep (site de vendas de música e afins da Warp) pinçou 26 faixas do invejável catálogo da gravadora originária de Sheffield para a coletânea Bleep Selects: 25 Years Of Warp.

Na contramão do pop e apostando sempre em artistas sem medo de experimentar, um dos primeiros singles lançados pela Warp, o marco techno de frequências de sub-grave inacreditáveis "LFO" (1990, do projeto homônimo do recentemente falecido Mark Bell), provou que a gravadora estava no caminho certo: 130 mil cópias vendidas e 12º lugar no paradão inglês. A música está na compilação, mas como a regra é incluir uma faixa de cada ano, fãs de dance music mais fervorosos (e com boa memória) vão sentir a ausência de "Tricky Disco", outro grande hit do selo do mesmo ano. Por outro lado, os nomes inclusos dão uma excelente amostra da importância da Warp para a eletrônica (Autechre, Nightmares on Wax, Boards of Canada, Aphex Twin, Squarepusher), ao mesmo tempo em que exibem o leque de possibilidades que a gravadora abriu com o passar dos anos (para o desespero dos puristas), ao abranger gente como Jamie Lidell, Grizzly Bear e Battles. Não sou saudosista, mas a metade anos 90 da coletânea surra sem dó os artistas da década seguinte. Admiro a postura firme e independente da Warp com relação ao seu cast e seus lançamentos, desde sempre, mas Grizzly Bear, Battles e Rustie não me convenceram ainda de que merecem estar nesta gravadora. De qualquer maneira, Bleep Selects: 25 Years Of Warp é uma aula sobre música eletrônica que não dá pra cabular.

"LFO (Leeds Warehouse Mix)": arrebentando (literalmente) alto-falantes mundo afora.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Sexta Feira Bagaceira: David Guetta


É assim: uma voz sedutora geralmente acompanhada por violões algo country introduz dramaticamente a canção, versando sobre a noite que vai bombar, sobre o amor de verão, sobre qualquer cazzo que o valha. Não importa. Pula direto pra primeira estrofe e vai crescendo até uma pausa que traz um silêncio nada misterioso: todo mundo sabe que o que vem a seguir é um rufo de caixa que acelera até explodir num riff de sintetizadores paraguaios com, no máximo, três notas. Esse é o refrão. Essa é a fórmula EDM de David Guetta (e de toda cambada genérica que nem preciso citar aqui). Fim.

Foi exatamente por isso que ao ouvir a primeira faixa ("Dangerous") do novo álbum de Pierre Guetta (Listen, jogado oficialmente hoje no mercado), fiquei (um pouco) surpreso. Vocais com uma carga contida de emoção (de um tal Sam Martin - não faço ideia de quem seja), arpejo de synths, batida funkeada, boa linha de baixo de quatro cordas, final camerístico.


Será que...? Será nada. Daí pra frente, entra a fórmula descrita acima, com um parênteses pro Guetta que perdeu a chance de produzir uma boa faixa gospel-house com a ótima Emeli Sandé ("What I Did For Love"), que jogou John Legend na lama em "Listen" (prova de que o mar não tá pra peixe, mesmo) e que criou ao menos um refrão engolível (o pastiche reggae "No Money No Love", com a rapper Ms. Dynamite). O resto, é o lixo habitual, com as participações costumeiras de figurinhas repetidas, como a bunduda Nicki Minaj, Afrojack e Avicii (que deu uma mãozinha na produção).

Mas veja, eu não odeio totalmente esse francês farofento. Em 2004 ele produziu a única faixa que tem minha simpatia: "The World Is Mine". Gosto, particularmente, por causa dos vocais classudos do belga JD Davis e pelo sample muito bem aproveitado de "Someone Somewhere in Summertime", do Simple Minds. É só isso. 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Remarinados


É até perdoável que você tenha passado em branco por This Time Last Year, o bom álbum lançado ano passado por um dos projetos precursores do ambient techno - o Ultramarine. Não dá pra acompanhar todas as novidades mesmo, blá blá blá. Mas ainda dá tempo de correr atrás e garanto, vale a pena. Pecado mesmo é nunca ter ouvido o segundo disco gravado pela dupla britânica Ian Cooper e Paul Hammond, Every Man And Woman Is A Star (1991), um dos pilares do gênero.

De qualquer maneira, o Ultramarine apareceu com mais uma novidade pra te lembrar que eles ainda estão na ativa e ainda são relevantes: saiu há pouco o single ‎ Passwords, com três faixas pinçadas de This Time Last Year e habilmente remixadas.

Tem o post-rock original "Eye Contact" houseificado por Kai Alcé, a quase jazz "Passwords" ganhando em dançabilidade com o Hercules & The Love Affair e a desolação de "Decoy Point" soando duplamente angustiada pela lente fria do duo Juju & Jordash.

Uma geral em Passwords:

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Alive and Kicking


Giorgio Moroder é o Moisés da dance music: ele dividiu a música de pista em antes e depois de "I Feel Love" (Donna Summer, 1977). "74 Is The New 24" é o single que precede o novo álbum a ser lançado ano que vem (provavelmente com esse mesmo nome) e olha, é ótimo que aos 70 e poucos anos esse gênio ainda esteja na ativa e produza uma faixa consistente como essa. Os usuais arpejos de sintetizador, vocoders, pianos e guitarras da sua space disco atemporal o aproximam de pupilos como Lindstrøm e Todd Terje, ou seja, Moroder está mais atual do que nunca.

A bela animação de "74 Is The New 24": velocidade em slow motion.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Caras Novas: RÜFÜS


Australianos de Sydney, o RÜFÜS (DU SOL pro mercado norte-americano), debutou ano passado com o álbum Atlas e foi direto pro primeiro lugar na terra natal.


Achei exageradas coisas que li como "esses caras têm o potencial de mudar a maneira como as pessoas percebem a dance music" ou "o mais recente projeto australiano para dominar o mundo". O som deles é OK, indie dance que pode, na verdade, tomar o lugar do Cut Copy - que anda marcando bobeira desde o terceiro disco (Zonoscope, 2011). É simpático, é agradável, é dançável, é mezzo eletrônico mezzo orgânico. É exatamente o que Beloved fazia (muitíssimo bem) em 1990, mas que não passou de um álbum sensacional (coincidentemente, o também debut Happiness) e mais meia dúzia de singles bacanas. Não que eu esteja pessimista sobre o RÜFÜS, mas pezinhos no chão, aussies.

"Sundream": sobrevive ao hype?

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Sexta Feira Bagaceira: Alphaville


São os arranjos de gosto duvidoso, é o vocal afetadíssimo de Marian Gold, é a temática pueril. O Alphaville, definitivamente, não vai ser incluído entre as melhores coisas do synthpop 80. Mas isso não impede que faixas monumentais como "Big In Japan" e "Sounds Like a Melody" tenham sobrevivido dignamente durante esses anos todos. É facinho ouvir o som dos alemães ainda hoje em rádios e pistas. Pra comemorar 30 anos de atividades, o Alphaville acaba de jogar no mercado uma excelente retrospectiva: a dupla de produtores Blank & Jones pinçou (e remasterizou usando as fitas master originais) o filé da discografia da banda em versões doze polegadas num CD duplo chamado so8os presents ALPHAVILLE. Está tudo ali, de uma (pra mim) inédita versão dançante de "Forever Young" até os lados B (dispensáveis) no CD 2. O CD 1, no entanto, vale muito a pena, acredite.

"Sounds Like A Melody (Special Long Version)": sob o domínio dos sintetizadores.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Corrida do Ouro


Booka Shade retorna com Line Of Fire, um EP que evidencia a corrida do duo alemão atrás dos riffs ganchudos que tanto fizeram a cabeça dos clubbers há quase dez anos. O bom é que esses refrões instrumentais vem acompanhados de bases sólidas e encorpadas. A faixa título é a mais rebolativa do EP, com um groove elástico e uma frase de sintetizador ligeiramente fora do tempo - o que causa uma certa desorientação (que deve render ainda mais com a luz e a bebida certa). "Right On Track" é o tech house costumaz da dupla, aceleração constante de timbres roucos e distorcidos. "Back To Monza" tem a pegada firme do bumbo pesado e o caldo grosso do baixo, mais o charme dos strings ininterruptos.

Depois de algumas apresentações na terra do Obama, Walter Merziger e Arno Kammermeier estão a caminho da Austrália, onde tem datas no final de Novembro e começo de Dezembro.

Um cheirinho de "Line Of Fire":

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Fugindo do CHVRCHΞS


É bonitinho, é fofinho, a vocalista é gatinha. Eu acrescentaria mais um à série de diminutivos aplicados aos escoceses do CHVRCHΞS: é chatinho. Músicas acima da média desse trio eu conto nos dedos de uma das mãos. Obviamente, os quase 800 mil cliques no play da nova "Get Away" (na página da banda no Soundcloud), estão aí pra mostrar que muito provavelmente, sou minoria. Mas, fazer o quê. Não vejo nada além de canções razoáveis, montadas sob bases de synthpop nada especiais. E com "Get Away", não é diferente.

"Get Away": popularidade a olhos vistos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Canção da Meia-Noite


Os nova-iorquinos do Midnight Magic retornam com um EP seguindo a habitual cartilha disco, mas com a eletrônica começando a se infiltrar aos poucos no seu som. Vicious Love abre com "Night Flight" - na mesma vibe do primeiro e fantástico hit do grupo, "Beam Me Up", de 2010. A rotação baixa um pouco com a um tanto arrastada "Vicious Love", mas o funk "Pick Up" (com o sempre bom trabalho de metais da banda) e a house "Trouble T" (que engata uma boa linha de baixo sintético) garantem que a festa continue mais animada - porque se depender do remix frouxo de "Vicious Love" feito pelo francês Dimitrios Yerasimos (Dimitri From Paris), geral abandona a pista e vai pro bar jogar conversa fora.

   "Night Flight": brilho próprio ou só um repeteco de "Beam Me Up"? 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Melodias Subaquáticas


Há uma linha tênue que separa experimentos com sons ambientais e eletrônica da cafonice em que resultam a maioria destas tentativas. Ultimamente, ou vira trilha da problemática série Café Del Mar ou entra numa chatíssima vibe new-age-pra-chamar-gnomo. Um tanto desconfiado, fui ouvir o novo EP do duo australiano Willow Beats e - surpresa - gostei. Water reforça o interesse que vem aumentando no som deles. Existe uma clara aproximação com o dubstep na maioria das faixas, perceptível nas frequências subterrâneas dos baixos e nas batidas fraturadas. Os samples não impressionam, mas preenchem as faixas sem exageros: vão dos habituais trinados de pássaros ("Guardian") e amostras da floresta até diversas referências ao título do EP. A melhor das seis canções de Water é, sem dúvida, a abertura "Merewif" (que parece título de música do Cocteau Twins). Aqui, a fusão eletrônica/ambient encontra seu ponto ideal, fazendo-se valer da batida dançante e dos vocais angelicais de Kalyani Ellis. Water pode ser ouvido inteiro na página do projeto no Bandcamp (assim como os outros dois EPs já lançados).

"Merewif": faltou o Ian Thorpe.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Ciência Criativa


Preste atenção nessa música: é um dos melhores momentos que o pop eletrônico vai proporcionar nesse 2014. "Supernatural" é o novo single do duo inglês AlunaGeorge e deve aparecer num possível álbum ano que vem. Aluna Francis continua sussurrando lindamente, George Reid mantém o instrumental econômico e preciso (a percussão e o baixo são sensacionais), num cruzamento entre dance e R&B finíssimo. Pra definir o trabalho da dupla, dá pra citar um trecho da letra: "creative science that we make". É isso aí.

"Supernatural": os prováveis três melhores minutos da semana.

domingo, 2 de novembro de 2014

Chuva de Milhões


Admito: quando conheci Calvin Harris musicalmente, o escocês parecia possuir uma verve debochada na linha "I don't give a fuck", que ia do título do seu debut, I Created Disco (2007) até a tosquice da produção - torta e propositalmente datada. Harris era uma espécie de Mike Myers do pop eletrônico. Simpatizei com a cafonice explícita em sua música. Dei algumas risadas com o funk capenga "Merrymaking at My Place" e com os teclados fuleiros e o vocal desengonçado de "Colors". Me surpreendi com o potencial pop contido em "Girls" e até com o estranho caso em que o título de uma música era mais interessante do que a própria ("Acceptable in the 80s"). Era descompromissado, foi divertido e, bom, o disco vendeu relativamente bem. Harris viu que estava no caminho certo. Só que ele precisava atualizar seu som. A piada de I Created Disco não ia ter fôlego pra um segundo álbum. E assim foi. A partir de Ready for the Weekend (2009), o menino Calvin optou pela solução mais fácil: montou uma linha de produção de electro house genérica, acumulando montanhas de clichês do gênero (ouça "I'm Not Alone"). Depois, ladeira abaixo. Além da música igualmente ordinária do disco seguinte 18 Months (2012), Harris começou a andar com gente suspeita (Florence Welch, Nicky Romero) e compor para artistas como Rihanna (o mega hit "We Found Love"). Aí, 2014 e acaba de sair o novo Motion. Calvin Harris não pode jogar tudo pro alto agora. É um caminho sem volta: é o suicídio artístico em detrimento de uma carreira comercialmente bem sucedida - que o colocou no topo da Forbes, como o DJ/produtor mais bem pago do mundo. E mais uma vez, Motion é uma coleção monótona e burra, que inacreditavelmente repete fórmulas surradas de dance pop, de riffs insuportavelmente chatos de sintetizador, da falta de imaginação ao compor canções exatamente idênticas umas às outras, de afundar no terreno mais improdutivo da eletrônica atual e levar consigo nomes que nos faziam acreditar num sopro saudável de renovação quando apareceram (Hurts, Ellie Goulding), mas que agora provam que eram só mera curiosidade passageira, mesmo. É aquela conversa mole de "verão sem fim", "magia da noite", "todos numa só batida"... eca. Daria pra ligar um "foda-se, é só pop descartável", mas esse nem é o problema. Lance é que é pop descartável e ruim, muito ruim. Pensei que True do Avicii levaria fácil o primeiro lugar como Pior Disco de Dance Music do Ano. Pois ele acaba de ganhar um sério concorrente.

"Under Control": Hurts satisfeito com as migalhas.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Sexta Feira Bagaceira: Five


Quem imaginaria que os ingleses iriam copiar produções francesas de dance? Pois o French Touch está todo aí nesse single do Five de 2001, "Let's Dance": compressão, vocoders, guitarrinha funky, baixo disco e dinâmica de house music. Claro, o produto foi embalado num pacotão pop pra boy band inglesa chegar no topo (e foi, de fato, número um no Reino Unido), mas os tiozinhos do estúdio que compuseram e produziram "Let's Dance", fizeram um ótimo trabalho - a faixa é um grude instantâneo. Esqueça a atuação pífia dos moleques no vídeo e concentre-se nesse groove fora dos padrões infantojuvenis das produções do gênero.

"Let's Dance": "If you wanna dance, this is our chance...".

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Basement Groove

Basement Jaxx                                                           Groove Armada
Basement Jaxx e Groove Armada: nomes de peso no universo do beats. Ambos começaram no meio dos anos 90 e vem mantendo-se com lançamentos interessantes durante esse período de atividades, embora os dois projetos ingleses tenham perdido boa parte de sua popularidade inicial.

O Basement Jaxx de Felix Buxton e Simon Ratcliffe lançou em Agosto seu sétimo álbum. Imediatamente mais acessível e festivo que o antecessor Zephyr (2009), Junto é uma coleção de treze faixas extremamente agradáveis de se ouvir. Tem desde o pop house de "Never Say Never" até excentricidades leves como a disco flamenca "Mermaid of Salinas" (com percussão bem familiar e vocais da brasileira Nina Miranda, do Smoke City). O jungle claustrofóbico de "Buffalo" destoa um pouco da vibe ensolarada de Junto, mas as contagiantes "Power to the People" e "Unicorn" põem as coisas no lugar. De quebra, a relaxada "Something About You" com sua melodia percussiva garrafal e vocais sexy (que eu não sei a quem pertencem, mas adoraria saber).

"Power to the People":



A discografia recente do Groove Armada é confusa. Nenhuma informação no site oficial e mudanças constantes de gravadora dificultam a vida de qualquer fã do trabalho de Andy Cato e Tom Findlay. O álbum mais recente é White Light, de 2010. Já os EPs, pelo que pude apurar, foram três esse ano: Pork Soda, Stairwell Felony e Love Lights the Underground (saíram pelos selos Moda Black, Get Physical e OM Records, respectivamente). Ouvindo os últimos lançamentos do Groove Armada, dá pra sacar que a dupla anda repetindo uma fórmula meio genérica: linha de montagem com carroceria house e samples vocais nos refrões-gancho. Um tanto minimalista e econômico (no mau sentido) no EP Stairwell Felony ("Highway 101" é uma das piores coisas que já ouvi do duo) e um pouco mais animado em Love Lights the Underground: pianos houseiros em "Soho Disco", um sax cortante em "Hold On" e a boa trama baixo/percussão de "Come On Go Out" compensam os polegares pra baixo para a fraca "Set Me Free".

"Come On Go Out":

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Bomnobo


Sob o pseudônimo Bonobo, o produtor britânico Simon Green lançou ano passado The North Borders, um ótimo disco de eletrônica e uma bem resolvida e minuciosa fusão entre downtempo e ambient. Em Junho último, Green apareceu com o EP Ten Tigers, com duas faixas do álbum retrabalhadas mais uma inédita. A própria "Ten Tigers" não perdeu seu loop de piano original e ainda ganhou uma linha de baixo oscilante e baterias mais esparsas na versão "Bengal Edit". A nova "Duals" exibe a criatividade de Bonobo na justaposição de camadas de teclados e o senso rítmico do artista, que encaixa com precisão e elegância a batida aos sintetizadores. O grande destaque do EP, no entanto, é o remix da DJ, produtora e gata Maya Jane Coles para a belíssima "First Fires". Originalmente delicada, sinfônica e com os vocais blueseiros do compositor americano L.D. Brown (Grey Reverend), a "First Fires" houseificada imaginada e realizada por Maya - que também é engenheira de áudio - tem frequências de sub grave aproximando-se do limite que o ser humano consegue ouvir. Sensacional.

"First Fires" (Feat. Grey Reverend) [Maya Jane Coles Remix]: soco no plexo solar.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Beat Macho


O duo franco-americano Benoit & Sergio é bom de groove. Prova disso é seu EP Your Darkness (saiu em Julho, pela Visionquest). São três faixas de tech house com eventuais samples de vozes sem rosto e batidas bem trabalhadas. Ouça a robusta "Beat Macho" e entenda o que estou escrevendo. "Splash" privilegia a linha de baixo e dá uma quebrada no ritmo, mas a certeira "Your Darkness" - com seus vocais lânguidos e robóticos e que, conceitualmente, me lembrou "Ecstasy", do New Order - é o ponto alto aqui.

"Your Darkness": faixa-título que, não por acaso, é a melhor do EP. 

domingo, 19 de outubro de 2014

Mysterious Ways


Fennec é uma incógnita. As pistas sobre quem é esse produtor são poucas e, acho, falsas. Na sua página no Bandcamp, a foto é essa aí acima e a localização, Saara Ocidental (um território não-autônomo disputado pelo Marrocos e pelo movimento independentista Frente Polisário). No seu site oficial, uma série interminável de fotos; de paisagens de tirar o fôlego até a beleza fria do concreto nos centros urbanos. Com seu nome artístico extraído de uma espécie de raposa nativa dos desertos do Norte da África e da Arábia, saber quem é ou de onde Fennec vem, não influencia em nada o prazer que é ouvir o seu primeiro disco, lançado no começo do ano.

A lista de agradecimentos de Let Your Heart Break dá uma ideia de como esse álbum soa: Aphex Twin, Zomby, Flying Lotus, Jay-Z, DJ Koze, Four Tet, Jai Paul, Araabmuzik, Trentemøller, Röyksopp, John Talabot, The KLF, Pantha du Prince, Art of Noise... Em suas 15 faixas, ambient convive em paz com techno, hip-hop funde-se à house, IDM e downtempo são uma coisa só. São samples de vozes indecifráveis (só na sexta faixa, "Woke Up Feeling Disconnected", é que reconheci uma amostra de alguém que lembra Roland Orzabal, do Tears For Fears) e uma fluidez notável: as músicas vem unidas umas às outras e mesmo tratando-se de composições totalmente independentes, Fennec desenvolveu e distribuiu tão bem seu conceito de eletrônica emocional a partir de trechos previamente gravados unidos à timbres e texturas originais, que garantiu uma homogeneidade raríssima pra um disco que oferece tantos aspectos e ideias diferentes.

"Hemlock Groove" é um bom exemplo da técnica criativa de sampleamento e edição de Fennec. A tentativa aparentemente improvável é de encaixar um discurso raivoso e ininteligível de rap numa base house dançante pontuada por um loop bizarro. E o produtor acertou.

 


A brilhante "Polygonal Range" expõe um riff techno como chamariz enquanto várias camadas de sintetizadores se sobrepõe no segundo plano: 

"Blurred Lights" transforma um sample vocal num mantra, com teclados noturnos e alta dançabilidade:


Com Let Your Heart Break, coloco Fennec tranquilamente ao lado da maioria dos artistas que ele citou em sua lista. Samplear com criatividade e usar esses trechos nos lugares certos, com bases instrumentais sólidas e bem pensadas, nos dias de hoje, é um dom cada vez mais raro. Fennec apareceu do nada e de cara, debuta com um trabalho excelente, em total conexão com uma linha nobre de álbuns como Since I Left You (The Avalanches) e Entroducing (DJ Shadow). Descubra já.

Let Your Heart Break: um dos melhores discos de eletrônica do ano. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Sexta Feira Bagaceira: Xpansions


A ordem era dada de cara: "I've said it before and I'll say it again, dance whilst the record spins!" E em questão de segundos, estávamos todos entregues. Bom, posso falar por mim. Eu dançava essa até o limite da cãibra. O Xpansions foi inventado pelo produtor Richie Malone, que assinou contrato com a Arista-BMG em 1990 e debutou com esse single, hit no mundo inteiro (o rosto do projeto era a cantora e atriz Sally Ann Marsh, mas não tenho certeza se o refrão-título foi cantado por ela). É um blend com elementos que se completam: o refrão "Move your body, hiiiigher, hiiiigher, hi-hi-hiiigher!" com o mesmo sample de sintetizador que o S-Express usou em "Theme From S-Express" (a espetacular "Is It Love You're After", de Rose Royce), o baixo monocórdico com o bumbo demolidor, o riff de teclado grudando nos strings sintéticos de violino... deu certo demais. A faixa foi tão imensamente popular nas raves e danceterias, que beliscou o sétimo lugar do paradão inglês de singles (e o quinto na parada dance da Billboard), quase um ano depois do lançamento, em 1990, além de ter sido licenciada pra figurar em mais de 100 coletâneas mundo afora e somar vendas em torno de 10 milhões de cópias.

Olha o frenesi da molecada que frequentava o clube Quadrant Park, em Liverpool, no começo dos 90, com as primeiras notas do teclado de "Elevation":



"Elevation" (Club Mix):

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Fake French


Mesmo com essa pinta de soldado do Exército Imperial Francês, Louis La Roche é o nome artístico do britânico Brett Ewels. Seu recente EP Dusty Cassette homenageia os 80 em seis faixas que limam os graves e privilegiam timbres de bateria à la Jimmy Jam & Terry Lewis, em três R&Bs de respeito: "Wondering", "I Wanna Be Your Man" e "The Way She Makes Me Feel". Só não sei onde ele arrumou esses vocais que são puro soul, mas desconfio fortemente que foram chupados via sampler. São bons demais pra serem 2014. Pra dar aquela maltratada no assoalho, duas faixas ("Ghost" e "Take Control") com cheiro de funk eletrônico pós-disco, mas produzidas com os loops e recortes típicos do french house praticado por La Roche. Bem bom, hein.

Dusty Cassette EP: pra sentir o gostinho.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Lá Onde o Sol Não Bate


O sintomático refrão da música que abre o novo EP do chileno Matias Aguayo, "Run Away From The Sun", esclarece o tom sombrio de seu mais recente lançamento. Legende (saiu no começo do mês, pela Kompakt) adentra titubeante numa neblina techno experimental, sem rastro de luz, mesmo. "Run Away From The Sun" tem vocais melancólicos a despeito do ritmo dançante. Descendo a régua do pitch, a faixa título - pesada e instrumental - é a que mais se aproxima de algo que funcionaria numa pista de dança, mas acho que Aguayo não tá nem aí. "Lola In The City" é um passeio minimal em andamento lento por bleeps techno, que só não soa mais sinistra que o rolê do produtor pelos quatro misteriosos minutos de "Walty". Legende tocaria inteiro no Crepúsculo de Cubatão.


"Run Away From The Sun": nada animador.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Pratos Sibilantes


Tô dizendo que tem que ter fôlego de maratonista queniano pra acompanhar os lançamentos hoje em dia. Como é que eu passei batido por essas duas estilingadas de um dos leviatãs da house, Todd Terry? O single Tonite / Rock That saiu em Abril, ou seja, ainda tá valendo muito. Ambas vem com o hi-hat desempenhando um papel tão importante quanto o bumbo. "Tonite" é movida por um baixo sintético e tem vocais referentes ao título da faixa repetidos à exaustão, enquanto "Rock That" é recheada com samples de flautas e metais altamente funkeados. Quem sabe, sabe.

"Tonite": 



"Rock That":

domingo, 12 de outubro de 2014

House Funcional


Com um início de carreira apoiado por Eric Pridz, o produtor norueguês Jonas Fehr (Fehrplay) se sai melhor que os últimos singles do tutor. OK que seu single "Everywhere You Go" não é nada demais em termos criativos, mas tem um baixo a base de elastômero muito funcional e pianos galopantes no melhor estilo ítalo da virada 80/90.

"Everywhere You Go": pianinhos familiares.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Sexta Feira Bagaceira: Sound Factory


Como nossos extenuados sampleadores atuais, os suecos do Sound Factory só tiveram a manha de juntar trechos ganchudos de outras canções e encaixá-los nos lugares certos na picaretagem euro house "Understand This Groove" (1992). Foi só adicionar um som de bumbo um pouco mais potente, repiques de caixa e um baixo que corre juntinho com o riff de sintetizador. Foda foi a dupla de produtores James Gicho e Emil Hellman chamar isso de sua música e o que parecia ser só mais uma trombada de samples prensada em vinil pra enlouquecer os clubs, acabou frequentando até a parada da Billboard. O trampo, digamos, não muito honesto, usa um sample de "Understand This Groove (I Really Love You)", gravado por U.F.I. & Frankie Pharoah (1990), que não apareceu nos créditos do single. Tsc tsc. Afora razões legais, a música continua um balaço.

Vocais de Franke Pharoah, em "Understand This Groove", do projeto U.F.I. (de Phil Mills):



Riff de sintetizador do clássico "I Like It", dos canadenses do Landlord (1989):


Mais alguns teclados extraídos de "Samba" (1992), do House Of Gypsies (de Todd Terry):



E como ficou, com o Sound Factory:

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Kamp Nou


Bom saber que os poloneses do Kamp! melhoraram bastante desde a última vez que os ouvi, em 2012. Seu EP mais recente, Baltimore (saiu no final de Agosto), privilegia os quadris com um synthpop baleárico de vocais sonolentos e levadas disco. A faixa título exemplifica a descrição, embora a ótima "Parallels" (com sua bateria pesada e baixo irresistível), seja a melhor faixa do disquinho. Evolução a olhos vistos.

Uma geral em Baltimore EP: futuro promissor.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Corners of My Mind


Ouvindo um set de new wave no último fim de semana, me deparei com uma faixa que estava numa gaveta não muito acessada do meu cérebro. Trata-se da musculosa "Glittering Prize", single de 1982 dos escoceses do Simple Minds. A canção faz parte do melhor disco da banda, New Gold Dream (81–82–83–84), num momento especialmente criativo que antecede a fase dos empolados hinos de estádio "Don't You (Forget About Me)" e "Alive And Kicking". A banda, afiadíssima, funcionava como um relógio suíço ao vivo, é só dar um confere no vídeo abaixo (diz aí, que baixo é esse?):



Em tempo: os Minds estarão com disco novo (Big Music) no mercado dia 03 de Novembro, seguido de uma tour europeia com datas que vão de Fevereiro até, por enquanto, Maio de 2015. Abaixo, "Honest Town", primeiro vídeo extraído de Big Music.

domingo, 5 de outubro de 2014

Synthpoppers 2014 - Part 2

Veteranos. Três bandas vindas dos 80, três projetos que não envelheceram muito bem. Erasure, Information Society e And One seguem na ativa, mas com álbuns um tanto decepcionantes. 

Os fãs de Andy Bell e Vince Clarke não podem acusar a dupla de improdutividade. De 1986 pra cá, são 16 álbuns, fora projetos paralelos, EPs e singles. O disco mais recente é The Violet Flame, lançado mês passado e produzido em parceria com Richard "X" Philips. É ouvir uma vez e sacar que o Erasure continua com o mesmo problema que vem desde I Say I Say I Say (1994): irregularidade. O duo simplesmente não consegue mais produzir um álbum em que ao menos metade dele seja realmente de boas canções. Em The Violet Flame, as faixas mais legais foram estrategicamente colocadas no começo e são só duas: "Dead of Night" (que aparenta ter bom potencial pra pista de dança) e o single "Elevation", em que nota-se um cuidado maior com a melodia e o refrão. "Reason" e "Paradise" são duas amostras de como o Erasure conseguiu trazer o synthpop pra 2014 sem muitas rugas: com o bom direcionamento proporcionado pelo esperto Richard X, elas soam musicalmente robustas sem perder o charme particular dos sintetizadores de Vince Clarke. Negócio é que eu imagino a briga no estúdio pra conter o ímpeto de Andy Bell em baladas cabaré totalmente insossas como "Be the One" e "Smoke & Mirrors".

"Dead Of Night":





O conceito de uma sociedade informatizada ficou nos 80, hoje ele é realidade. Já o Information Society nessa época jurou que não carregaria seus teclados antiquados pra cima dos palcos num futuro não muito distante. Em 1997, eles pareceram cumprir a promessa e a banda suspendeu atividades - até reunir-se novamente em 2006. Com repercussão discretíssima, Synthesizer foi lançado em 2007 e também sem muito alarde, James Cassidy, Paul Robb e Kurt Harland editaram em Setembro o novo _Hello World, pelo selo de Robb, HAKATAK International. O primeiro single (saiu em Março) "Land Of The Blind", tenta juntar os dois mundos relativamente bem sucedidos do grupo: o freestyle de "What's On Your Mind" e o techno de "Peace & Love, Inc.", mas a fusão não passa de autoparódia. Os fãs xiitas (brasileiros, especialmente) vão encontrar motivos pra comemorar o retorno do trio na bem feitinha "Get Back" e no pop sintético de "Above and Below", mas a patética "Beautiful World" e a balada com sessão de cordas transistorizadas "Tomorrow the World" já seriam suficientes para que o álbum se chamasse _Goodbye World.

"Land Of The Blind":      




O And One não é propriamente uma "banda dos 80", embora tenha sido fundada nesta década. O som do grupo incorpora elementos de EBM, synthpop e industrial, algo que fica evidente em Magnet, o lançamento mais recente (Agosto) do quarteto e que estou tentando até agora entender. Trata-se de um Box Set com três CDs, nomeados como Magnet, Propeller e Achtung 80!. Fora isso, há ainda a Premium Edition, com três CDs extras que são, como indica o nome, Live On Stage 1, 2 e 3. Magnet é o darkwave do pacote, tem sintetizadores mais sombrios e clima nubladão, comuns ao gênero. As faixas cantadas em alemão, curiosamente, são as que soam melhor - talvez por serem totalmente incompreensíveis pra mim - e acabam combinando com a desolação de músicas como a misteriosa "Zeit Ohne Zeit". Propeller tem uma pegada EBM de inferninho gótico, dançante ("Synchronizing Bodies") e ameaçador ("An Alle Krieger!"). Aqueles baixos impulsivos de Oberheim Xpander do começo da carreira do Nitzer EBB, estão na maior parte desse disco ("Zwei Tote", "Before I Go" e claramente em "U-Boot-Krieg In Ost-Berlin"). Achtung 80! dá uma desopilada no som e pega leve em canções technopop inofensivas, com melodias ingênuas e instrumental primário, como na constrangedora "Girls On Girls". Não consideraria esse lançamento uma espécie de suicídio comercial, já que edições como essa hoje (amparadas pelo selo do grupo, Deutschmaschine Schallplatten) são quase que puramente artesanais, mesmo... Os problemas com o And One são outros: não trazem nada de novo, chupinham o que já foi feito e ainda são incapazes de produzir canções realmente relevantes, do ponto de vista literário ou musical. Mesmo assim, dá pra pescar faixas interessantes nesse lançamento triplo dos alemães.

Uma geral em Magnet, um dos volumes da trilogia:

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Sexta Feira Bagaceira: Lasgo

Sem essa de guilty pleasure. Não tenho o menor pudor em admitir que curto o single debut dos belgas do Lasgo, "Something". Ah sim, a letra tem rimas tipo poeminha da quarta série ("Hold me in your arms / And never let me go / Hold me in your arms / Cause I need you so"), é um trance pop ordinário, uma armação programada pra estourar... mas e daí? Foi bem feitinho e funcionou. Lançado na terra natal do grupo no começo de 2001, a faixa foi subindo nas paradas europeias até cair a ficha da Positiva e o selo (subsidiário da EMI) jogar no mercado inglês quase um ano depois (chegou ao quarto lugar na ilha). Outros singles - obviamente com a mesma fórmula - vieram ("Surrender", "Alone"), mas a popularidade do projeto foi diminuindo gradativamente. Em "Something", me agradam os timbres dos sintetizadores, gosto do fato de uma faixa dance absolutamente descompromissada como essa ter sido tão popular e gosto, especialmente, da vocalista Evi Goffin. Nem tanto pela sua voz.

"Something": first train to Trancentral.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Réquiem


"We feel like this is a goodbye to the traditional album format…"
Conforme comunicado do Röyksopp em seu site oficial, o próximo álbum da dupla, sintomaticamente chamado The Inevitable End, vai ser o último. A má notícia vem seguida da alentadora frase postada no perfil do Facebook do duo norueguês: "We're not going to stop making music, but the album format as such, this is the last thing from us…" Então tá tudo certo. Aproveitando a deixa, o Röyksopp postou um trecho do novo single "Skulls", com um vocoder sinistro e manipulação espantosa da tranqueira cibernética.  

"Skulls": despedida sombria.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Idiossincrasia Coletiva


A mais recente compilação da série Late Night Tales saiu no meio de Setembro e traz a curadoria dos escoceses do Franz Ferdinand. O ecletismo da seleção era esperado - já que inclui faixas sugeridas pelos quatro membros da banda - mas o negócio ficou tão diversificado que tem indie, funk, krautrock, northern soul, reggae, ambient e outros rótulos que só dificultam a nossa vida. A despeito da disparidade, o disco é sensacional.

Vários nomes que gostei, mas nunca tinha ouvido falar: o folk lindo de R. Stevie Moore ("I'm Only Sleeping"), a psicodelia easy listening do The West Coast Pop Art Experimental Band ("Eighteen Is Over The Hill"), o indie de vocais falados da obscuridade Life Without Buildings ("New Town") e a melhor do pacote: o impressionante soul de Carrie Cleveland, "Love Will Set You Free".



Aí, dos medalhões temos o kraut do Can, estranhamente digerível em "Connection", o groove cabeçudo de Ian Dury ("Reasons To Be Cheerful Part 3"), o funk eletrônico do Zapp ("More Bounce To The Ounce"), o reggae envenenado "Disco Devil" (do bruxo Lee "Scratch" Perry), o manifesto anti-drogas (brilhantemente musicado) "King Heroin", de James Brown e a desolação futurista do Boards Of Canada, na gélida "Reach For The Dead". Rola até Paul McCartney e Serge Gainsbourg. Não dá pra se queixar de falta de diversidade. As escolhas do Franz Ferdinand formam o melhor volume do Late Night Tales, de todos que ouvi até agora: abrangente, de bom gosto e altamente didático.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Caleidoscópio Sonoro


Dando uma olhada no cast do novo selo de dance da praça, Kaleidosphere, simpatizei com a dupla escocesa Sharfla. Seu Bitter Pill EP acabou de sair: são quatro faixas divididas entre drum'n'bass, deep house e pitadas de electro, com um verniz pop cobrindo as composições. A faixa título e "Hold This" não são lá muito animadoras - house music um tiquinho melancólicas - mas a outra metade, conduzida por beats mais versáteis ("Curious Me" e "It's The Weekend"), me faz crer que a dupla Roncey Horton (vocais) e Paul Worth pode ser um dos nomes do Kaleidosphere a emergir do oceano genérico da EDM. Dá pra dar uma geral no Beatport, vale o confere.


domingo, 28 de setembro de 2014

Read and Translate


Sem as facilidades de uma então inimaginável internet, nos 80 era complicado descobrir quem eram os alvos do discurso revoltadinho dos Sex Pistols ou se "Lucy In The Sky With Diamonds" fazia, realmente, alguma menção ao LSD. A não ser que você tivesse tido a manha de ter feito intercâmbio ou, sabe-se lá como, sacasse o suficiente de inglês pra entender o que seu artista favorito esbravejava. Pois aproveitando o momento econômico favorável (Plano Cruzado, 1986), a editora Abril achou um nicho no mercado pra uma revista com fotos e... Letras Traduzidas. Não sei exatamente até que ano ela durou - provavelmente, início dos 90 - mas tive várias edições. Curiosamente, artistas nacionais que cantavam em inglês também apareceram em suas páginas. Foi o caso da dupla technopop Tek Noir, com duas faixas de seu debut, Alternative (lançado em 1990): "Beat The Rhythm" e "Drawings Of Sorrow". Sobre as letras, nada de mais. Mas as músicas me fazem reiterar o que penso desde que ouvi o Tek Noir pela primeira vez: é, disparado, o melhor projeto synthpop que este país já viu.