segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Mais e Melhores Synths


Os islandeses do GusGus começaram como um octeto, que reduziu-se a um trio, depois uma dupla. Era de se esperar que a banda perdesse em diversidade (como a encontrável no impressionante Polydistortion, um dos melhores álbuns de eletrônica dos anos 90) ou que caísse na mesmice sintética por conta da falta de gente como as talentosas cantoras Emilíana Torrini ou Hafdís Huld, não? Não. A cada ano, o duo remanescente, Daniel Ágúst Haraldsson (produção e vocais) e Birgir Þórarinsson (a.k.a. Biggi Veira, sintetizadores, produção) volta melhor e cheio de novidades, oferecendo uma coleção de canções que ainda justifica plenamente o lançamento de um álbum, como esse incrível Lies Are More Flexible, o décimo da banda, lançado dia 23 de Fevereiro pelo selo do grupo, Oroom.

Com os vocais cristalinos de Ágúst desfilando elegantemente em meio a timbres de teclado grandiosos, algo celestiais; brigando por espaço com os ruídos cirurgicamente incorporados a estrutura da lindíssima progressive "Fireworks" ou duelando com os basslines violentos que ditam o ritmo em quase todo o disco, o GusGus continua muito acima da média no quesito manipulação de sons, vide a sugestão de climas e imagens cinematográficas com os sintetizadores que planam ameaçadoramente sobre as paisagens gélidas da Islândia em faixas instrumentais como a downtempo "No Manual" e a ambient techno épica "Fuel".

A fantástica progressão de acordes e arpejos na disco sintética "Lies Are More Flexible" (Giorgio Moroder certamente vai se orgulhar quando e se ouvir), os geniais movimentos repentinos de cordas combinados com arranhões de som cortados e ritmados com o BPM baixo de "Don't Know How to Love", a puramente dançante "Lifetime" (com todas as variações possíveis em cima do mesmo riff de teclado) e a arrepiante abertura "Featherlight" completam um disco em que nada está fora do lugar, inclusive o breve interlúdio de 48 segundos "Towards a Storm", que faz a passagem entre "No Manual" e "Fuel", já no final do álbum. Oito faixas em quarenta minutos absolutamente indispensáveis.

Em tempos de emburrecimento, apatia e redundância na cena dance/eletrônica, o GusGus é um milagre da tecnologia. 

"Featherlight": um dos oito acertos do GusGus no novo álbum.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Piano in the Dark


Não é nada de extraordinário, mas a nova dos belgas do Piano Club, "Think For Yourself", é uma linda viagem nostálgica eletro-orgânica que condensa funk, disco e pop com vocais oníricos, um climinha meio tristonho e o canto falado incidental da rapper Salomé Dos Santos Ataíde Magalhães, a.k.a. Blu Samu, confortavelmente inserido à melodia. Pra ouvir numa relax ou garantir um bom número de quadris em movimento na pista. O single, lançado no final de Janeiro, ainda tem a boa "The Wake Up Call", disponível para audição na página da banda no Bandcamp.

Créditos a quem merece: vi lá no Electro Boogie Encounter, fonte inesgotável de música boa gerada pelo incansável Caio Zini. Vale a visita.

"Think For Yourself": mantendo a tradição belga de fornecedora de boa música.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Caras Novas: Mattis


O dinamarquês Mattis Jakobsen, cantor e multi-instrumentista, emprestou seus vocais para projetos pop e bandas de rock antes de debutar solo ano passado com o sofisticado single mezzo eletrônico mezzo pop "Loverboy". No começo deste ano, saiu "The Chain", uma espécie de boogie sintético em que Mattis explora com mais desenvoltura o que tem de melhor: sua voz. Seu timbre lembra a elegância de um Chris Isaak, de tons aveludados e macios, em todas as suas variações. Bom nome pra prestar atenção.

"Loverboy":



"The Chain":

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Quarta do Sofá: Phil Collins


Os donos de motel serão eternamente gratos à Philip David Charles Collins. Músico, produtor, compositor e, hmmm... ator, Phil Collins é um dos maiores fornecedores de trilhas pro ritual de acasalamento de todos os tempos - solo, ou com o Genesis pós-Peter Gabriel.


 Faixas como o single "I Wish It Would Rain Down", de 1990, tem presença garantida no playlist adulto-contemporâneo das FMs mela-cueca por gerações. Melosa, exagerada, grandiosa - com coro gospel e tudo - a canção chegou ao sétimo lugar no paradão inglês, cimentando uma carreira que cravou 25 hits no Top 40, só na Inglaterra. Hitmaker nato. A guitarra é de um tal Eric Clapton.

Collins andou sofrendo com problemas de saúde por volta de 2010, o que o impedia de cantar e tocar bateria - tanto que anunciou seu afastamento da música no ano seguinte. Esperava-se que não voltasse mais, mas... em Outubro de 2016, ele anunciou a Not Dead Yet Tour, de título hilário e que chega ao Brasil esta semana para três shows (Rio, São Paulo e Porto Alegre), com a luxuosa abertura do Pretenders. Eu iria fácil, se minha vida não fosse um desastre financeiro.

"I Wish It Would Rain Down": hitaço.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Retrovisor


Vira e mexe, leio sobre o Meat Beat Manifesto, ouço alguma coisa ou um vídeo vai parar aleatoriamente em algum playlist do Youtube. Ativo desde 1987 e apesar da banda ser considerada uma relevante influência para a cena eletrônica britânica (especialmente o drum'n'bass) do começo dos 90, o som nunca me chamou atenção - ao contrário de pares como Squarepusher, Aphex Twin e μ-Ziq. Com todo respeito, provavelmente porque não mereceu.

Aparentemente, Jack Dangers (cofundador e único membro original remanescente) é quem está tocando sozinho o projeto e em Janeiro, teve disco novo. Impossible Star (capa acima) é o primeiro álbum do MBM em oito anos (saiu pela Flexidisc, uma subdivisão do selo Tino Corp., do próprio Jack) e, estranhamente, parece um passo atrás para uma banda eletrônica que, teoricamente, deveria estar olhando pra frente. São treze faixas que passeiam pelo jungle torto ("Bass Playa"), big beat caótico ("Unique Boutique"), techno sombrio ("The Darkness", "Lurkers", "Synthesizer Teste") e experimentalismo árido ("Liquidators", "Rejector"). Tinha tudo pra ser um trabalho interessantíssimo - se tivesse sido lançado em 1992.

Impossible Star: nenhuma novidade no front.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Jah É


Eis que reapareceu em Janeiro o álbum Mek It Bun, do rasta jamaicano Horace Andy, lançado originalmente em 2002 pela BMG francesa. O relançamento inclui 14 faixas a mais, todas versões dub do original, com 13 canções. Andy - colaborador frequente do Massive Attack - traz em Mek It Bun alguns covers de praxe: uma fraca revisão de "Horse With No Name" (original do America, 1971), uma versão um tanto sem fôlego do clássico "Night Nurse" (Gregory Isaacs, 1982) e outra que perde feio pra matriz ("Satta Massagana", roots reggae de belíssimas harmonias vocais do Abyssinians, 1976). Horace, no entanto, mantém o disco aceso com seu timbre particularíssimo e colaborações que incluem os onipresentes (e geniais) Sly & Robbie e o guitarrista Earl "Chinna" Smith. Com baixos de tirar pica-pau do oco, lindas melodias ("Johnny Awful", "Empress Lady"), metaleira soprando firme ("Babylon You Lose", "We Nah Run") e total equilíbrio entre o roots tradicional e o dancehall bom de pista, Mek It Bun é daqueles discos atemporais em que a data da gravação não faz diferença nenhuma. E ficou ainda melhor com os extra dubs. Não perca.


"Mek It Bun": Jah é.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Sexta Feira Bagaceira: Double You


Em 1992, o projeto dos italianos Franco Amato e Andrea de Antoni mais o vocalista britânico William Naraine finalmente sentiu o gosto do sucesso. Formado em 1985, o Double You conheceu em 1991 o produtor Roberto Zanetti (hitmaker experiente, com hits do Savage nos anos 80 e Pianonegro nos 90). Gravaram então, no final desse ano, uma versão dance de "Please Don't Go" - clássico mela-cueca de 1979 do KC and The Sunshine Band. O resultado: hit mundial, uma enxurrada de covers dançáveis para coisas não-dançáveis que começaram a pipocar a partir de então e mais de três milhões de cópias vendidas até o final do ano seguinte. 



Já "Run To Me" é um single de 1994, inclusa no segundo disco, Blue Album. O sample de "Don't Go" do Yazoo, o rap na velocidade da luz de ICE MC, o refrão extremamente ganchudo e a performance vocal convincente de Naraine fizeram o Double You estender as tours às Americas do Norte e do Sul, com a força desse hit. "Run To Me" foi mais uma dance track do trio à fazer o crossover rádios/pistas, num tempo em que não havia essa segmentação absurda da dance music de hoje e as rádios ainda apresentavam as novidades em primeira mão aos ouvintes.

"Run To Me": Yazoo revisitado.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Who Almost There


Bem consistente esse Through The Walls, novo disco do trio dinamarquês WhoMadeWho (2018, saiu pela prestigiada gravadora alemã Gomma Records). Já ouvi outros álbuns da confusa discografia da banda (iniciada em 2005), mas nada que merecesse ficar armazenado em alguma gaveta menos acessada do meu cérebro.


Mesmo com alguns (poucos) momentos de experimentalismo estéril como a chatíssima "I Don't Know" ou a indecisa "Surfing on a Stone" (uma pretensiosamente delicada balada bem ao gosto dos fãs do - argh - Coldplay), Through The Walls está quase lá (mesmo que eu nem saiba exatamente onde é "lá"). Músicas totalmente dançáveis como "Dynasty" e "Funeral Show" (a despeito do título) e seus basslines à Peter Hook, puxam a média pra cima. Há ainda incursões pelo synthpop (na belíssima "Goodbye to All I Know" e sua variada paleta de timbres), farta distribuição de criatividade nos sintetizadores ("Keep On", "If This Is Your Love") e transito livre entre o indie rock e a eletrônica. Vale conhecer.


"Dynasty": um dos (muitos) bons momentos de Through The Walls.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Para Baixo e Avante


Totalmente desnecessário esse Common Ground, álbum mais recente dos britânicos Above & Beyond (saiu no final de Janeiro, pela gravadora inglesa Anjunabeats).

Trance pop para as massas de ouvidos nada exigentes, o disco mostra que o processo de edeêmezação que sua música vem sofrendo de forma mais acentuada desde o penúltimo We Are All We Need, de 2015, só deixou a dance do trio com uma cara mais ordinária, um cheiro forte de picaretagem e um gosto indelével de coisa requentada na boca. Esqueça.


"Alright Now": nada bem.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Caras Novas: Bobby Nourmand


Nascido em Los Angeles, o multi-instrumentista e DJ Bobby Nourmand viveu por dez anos em Nova Iorque, onde decidiu que deveria produzir sua própria música. Citando o White Album dos Beatles, Sasha e John Digweed como influências, a house promissora de Nourmand (já) é reconhecível a distância: seus mastodônticos basslines vem em primeiro plano, acompanhados de vocais que transitam entre rap, soul e rock, com teclados e efeitos econômicos e um verniz deep dando o acabamento no trabalho. Dance enxuta, eficiente e linda de se ouvir.

"Mind":



O lançamento mais recente de Nourmand é o single "Prisoner" (saiu no final de Janeiro), com vocais arrepiantes do cantor de Antígua e Barbuda (agora baseado em Londres), Laurent John. Olho nele.

Soundcloud: https://soundcloud.com/bobbynourmand
"Prisoner":





domingo, 11 de fevereiro de 2018

Arrebatamento


Single novo de James Blake que apareceu no final de Janeiro no Youtube, "If The Car Beside You Moves Ahead" continua a saga do cantor inglês que escreve soul torto sob batidas certas para a geração pós-dubstep. Na faixa, Blake explora sua voz das maneiras mais variadas possíveis: repetindo, alterando a velocidade, aproveitando os ruídos da respiração e até cantando, do jeito mais lúgubre que ele pode conceber. Com um vídeo tão instigante e sombrio quanto a música, "If The Car Beside You Moves Ahead" tem uma letra enigmática e de difícil compreensão, potencializada pelos recortes e colagens a que é submetida. O resultado é arrebatador.

"If The Car Beside You Moves Ahead": James Blake em plena forma.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Sexta Feira Bagaceira: Banda Beijo


Longe de mim querer te convencer que isso é legal. Nem quero mostrar que sou eclético bragarái, que numa mesma semana cito Chromeo e... Banda Beijo. É só porquê algumas faixas desse disco estão ligadas a algum tipo de memória afetiva, sei lá. A pista que eu frequentava na época em que o grupo estourou tocava, então esse negócio ficou engavetado em algum canto menos visitado do meu cérebro. Tenho o vinil Axé Music: Aconteceu (1992), ouço de vez em nunca. Me chama atenção o mix dos sintetizadores com os tambores, batucada que seduziu de Paul Simon (The Rhythm Of The Saints, 1990) a Pet Shop Boys (Bilingual, 1996). O álbum tem ainda um cover muito honesto de "Sandra", originalmente de Gilberto Gil (preste atenção nos backing vocals maravilhosos da versão da Banda Beijo), outro sucesso ("A Vida é Festa"), letras politizadas ("Barracos [Escombros]", uma espécie de "Alagados" do axé), direção artística do mesmo cara que produziu seis álbuns do Legião Urbana (Mayrton Bahia) e Netinho, que saiu em carreira solo no ano seguinte, emplacou quatro hits de cara e continuou falando sobre dígitos acima de seis zeros.

"Estrela Primeira (Amor Eu Fico)": axé dono do campinho no começo dos 90.   

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

37ºC


Novíssima do duo gente fina Chromeo, "Bedroom Calling" é mais uma faixa que vai estar em Head Over Heels, quinto álbum dos canadenses, que sai ainda este ano. O primeiro single, "Juice", foi lançado em Novembro do ano passado. Achei que tanto "Bedroom Calling" (que tem participação do rapper americano The-Dream) quanto "Juice" não ultrapassaram muito a temperatura do corpo. São boas faixas de funk eletrônico com paletó e gravata, bem comportadinhas, fofinhas ou "muito amor", pra usar uma expressão em voga. Uma dosezinha de ousadia (sexual, instrumental) pode cair bem nesse som, pro Chromeo provar que é muito mais que um par de rostinhos bonitos.


"Bedroom Calling": 37 graus Celsius.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Lola em Disco


Vale a pena dar uma checada no trampo do prolífico porto-alegrense Guilherme Silveira (a.k.a. DJ Feijão e também metade do Paradizzle) e seu projeto Lola Disco. Depois do debut Summer Body (lançado em Abril do ano passado pelo selo americano Sunrise) e vários singles, já saiu Girl Talk em Novembro, com oito faixas - um engavetamento de samples encaixados sob batidas ora french touch ora funk cremoso pós-disco - tão divertidas de ouvir e/ou dançar quanto descobrir de onde vem as amostras usadas por Guilherme, um aplicado caçador de fontes. Evoluindo tecnicamente em pouco tempo, dá pra sacar claramente que Girl Talk vem com um som mais limpo e preciso do que o primeiro disco. Perceba a progressão ouvindo de boa no Bandcamp e de quebra, dando aquela moral comprando o álbum em formato digital (só seis doletas), porque a limitada edição em CD já esgotou.


"Instantly": um dos melhores momentos de Girl Talk.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Sexta Feira Bagaceira: Information Society

Um dia eu ainda vou entender porque o Information Society foi tão imensamente popular no Brasil. Conterrâneos de Prince (a banda vem de Minneapolis, EUA), o trio debutou pra valer em 1988 com um álbum autointitulado - antes disso há o The InSoc EP de 1983 e um lançamento independente de 1984 (Creatures Of Influence). Estourado nos Estados Unidos (mais de um milhão de cópias vendidas), Information Society, o disco, virou por aqui uma espécie de hit singles pack. Nada menos que seis - das dez faixas - tocaram insistentemente nas rádios brasileiras por dois anos a fio, até o lançamento de Hack, em 1990. A chamada "crítica especializada" nunca engoliu o grupo. Chamado erroneamente de "Depeche Mode de segunda", os jornalistas detestavam o Information pelos motivos errados, porque as comparações com o synthpop europeu da época eram, no mínimo, falta de informação (sem trocadilhos). Chegou-se a escrever que "What's On Your Mind (Pure Energy)", era "a melhor música que o Duran Duran não havia gravado". Mas a única coisa que o InSoc tinha em comum com Depeche e Duran eram os sintetizadores. A base da banda americana era outra, muito mais ligada ao electrofunk de Afrika Bambaataa do que à eurodisco européia.   


"Running" é uma das faixas de Information Society. A canção já tinha aparecido em Creatures Of Influence, mas no álbum de 1988, ela ressurge polida por reverbs nos vocais e efeitos de delay. O fato curioso aqui é que a voz ouvida não é a do vocalista Kurt Harland, e sim de Murat Konar, integrante que deixou o grupo em 1985. "Running" é um épico de oito minutos que funde technopop, freestyle e electro, com os vocais dramáticos de Konar. Hit eterno.

"Running": com Kurt, só nos shows.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Cheia de Charme


É aquela história do "gostei mas não amei". "Get Out" foi pro ar ontem e é o mais novo single dos synthpopers escoceses do Chvrches. É também a primeira faixa de trabalho de Love Is Dead, terceiro disco do trio, que sai ainda este ano. É uma canção bem construída, com (obviamente) sintetizadores por todos os lados: do emulador de baixo até o entra-e-sai de efeitos e timbres forrando a estrutura. O problema aqui (pra mim) é que fiquei com a impressão que o refrão é caça-likes, algo que a Kylie Minogue gravaria com um pé nas costas, se é que você me entende. Com uma melodia facinha, mais pop do que synth, "Get Out" deve subir alto no paradão inglês (e acho que só lá), mas nem toda a estranha beleza e o carisma espontâneo da vocalista Lauren Mayberry me tiram da cabeça que de candidatos a Kylie Minogue o pop tá assim ó.

"Get Out": fácil, extremamente fácil.