sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Sexta Feira Bagaceira: Jive Bunny and The Mastermixers


A ideia do grupo de produtores ingleses que se autointitulou The Mastermixers não era nova. Mixar hits numa mesma batida em medleys caça-níqueis foi a sacada do Ritchie Family em 1976 e mais especificamente dos holandeses do Stars On 45, no começo dos 80. A diferença é que os 45 usavam cantores pra recriar em estúdio canções do principal alvo do projeto: os Beatles. Já o Jive Bunny sampleava na cara dura, mesmo. De Glenn Miller à Bill Haley, do tema de Hawaii 5-O aos Everly Brothers. Como eles fizeram pra licenciar os samples? Ótima pergunta. Mas os autores estão nos créditos da contra-capa do disco e é um bocado de gente (e sei que em alguns lugares, os samples não foram autorizados). O álbum foi, obviamente, execrado pelos puristas (esses chatos) e pela crítica. A saudosa revista Bizz chegou a chamar de "a mais repugnante armação dançável dos últimos tempos". Exagero. Claro que o objetivo era entupir os cofres do pequeno selo Telstar Records - e eles conseguiram: foram três singles em primeiro lugar e o álbum em segundo, na Inglaterra - mas o lance é que era divertidíssimo. Quem imaginaria na virada dos 80 pros 90, com todo aquele papo de verão do amor, nova década e boas vibrações, esse proto-Gorillaz conceitual virar febre de pista com pot-pourris de sucessos de décadas passadas?

"Swing the Mood", o single de estreia de 1989, já foi um estouro de cara: oito samples engavetados num beat contínuo ("In the Mood", de Glenn Miller e "Rock Around the Clock", de Bill Haley, entre eles) fazendo o coelho doidão pular pro primeiro lugar nas charts de onze países e contabilizar vendas com número de cópias acima dos seis dígitos.



Minha preferida é "Rock and Roll Party Mix", uma alucinante colagem de Little Richard, Chuck Berry, Chubby Checker e Ernie Maresca ("Shout! Shout! [Knock Yourself Out])". É um coringa ordinário: não tem festa retrô que eu não toque isso aí. E sempre funciona.