É assim: uma voz sedutora geralmente acompanhada por violões algo country introduz dramaticamente a canção, versando sobre a noite que vai bombar, sobre o amor de verão, sobre qualquer cazzo que o valha. Não importa. Pula direto pra primeira estrofe e vai crescendo até uma pausa que traz um silêncio nada misterioso: todo mundo sabe que o que vem a seguir é um rufo de caixa que acelera até explodir num riff de sintetizadores paraguaios com, no máximo, três notas. Esse é o refrão. Essa é a fórmula EDM de David Guetta (e de toda cambada genérica que nem preciso citar aqui). Fim.
Foi exatamente por isso que ao ouvir a primeira faixa ("Dangerous") do novo álbum de Pierre Guetta (Listen, jogado oficialmente hoje no mercado), fiquei (um pouco) surpreso. Vocais com uma carga contida de emoção (de um tal Sam Martin - não faço ideia de quem seja), arpejo de synths, batida funkeada, boa linha de baixo de quatro cordas, final camerístico.
Será que...? Será nada. Daí pra frente, entra a fórmula descrita acima, com um parênteses pro Guetta que perdeu a chance de produzir uma boa faixa gospel-house com a ótima Emeli Sandé ("What I Did For Love"), que jogou John Legend na lama em "Listen" (prova de que o mar não tá pra peixe, mesmo) e que criou ao menos um refrão engolível (o pastiche reggae "No Money No Love", com a rapper Ms. Dynamite). O resto, é o lixo habitual, com as participações costumeiras de figurinhas repetidas, como a bunduda Nicki Minaj, Afrojack e Avicii (que deu uma mãozinha na produção).
Mas veja, eu não odeio totalmente esse francês farofento. Em 2004 ele produziu a única faixa que tem minha simpatia: "The World Is Mine". Gosto, particularmente, por causa dos vocais classudos do belga JD Davis e pelo sample muito bem aproveitado de "Someone Somewhere in Summertime", do Simple Minds. É só isso.
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