Dois caras que se conhecem, descobrem afinidades musicais, gravam uma série de músicas, até que uma delas ganha execução considerável para atrair uma grande gravadora, que assina um contrato com a recém-criada banda e joga a dupla rumo ao estrelato. É parecida, mas essa não é exatamente a história do Tender e sim a do Lighthouse Family. E as semelhanças entre os dois não vão muito além do fato de ambos virem da Inglaterra e terem o R&B como leitmotiv. Só que enquanto as melodias ensolaradas do Lighthouse Family emolduram canções que versam sobre amor, esperança e boas vibrações, o terreno explorado pela dupla do Tender, James Cullen (vocais) e Dan Cobb (teclados), é o oposto muito mais sombrio; um mergulho nas águas turvas do desamor, desapontamento e perda.
Com nove (de um total de doze) músicas inéditas, o debut do Tender, Modern Addiction (Partisan Records), traduz sentimentos tão comuns aos ouvintes que tornam as canções familiares instantaneamente, apesar (ou por causa) das letras aguçadas e diretas, de um romantismo em estado febril, mas não piegas. O instrumental de Cobb é simples mas incrivelmente eficiente, converte as letras num certo tipo de paisagismo sonoro, com uma paleta de sons distribuídos precisamente em cada faixa - ora lúgubre e ritualístico ("Hypnotised", "Vow", "Trouble"), ora desenvolvido em células suaves, quase dançantes ("Machine", "Powder"). A diversidade dos arranjos, predominantemente sintéticos e percussivos (nunca grandiloquentes), são o contraponto perfeito para os vocais murmurantes de Cullen desfilarem suas letras quase como confidências de seus amores perdidos em climas enfumaçados pelos teclados. A música do Tender atualiza o R&B britânico com o uso contido da tecnologia, há vários hits em potencial em Modern Addiction (o desempenho desse álbum pode - e deve - dar uma segunda chance para os singles "Erode" e "Machine" irem ao encontro do mainstream), para que, finalmente, as comparações com o Lighthouse Family encontrem mais uma similaridade: a dos números acima dos seis dígitos. Faz por merecer.
"Nadir": será o Tender 'The Next Big Thing'?
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