Brandon Flowers é um cara do bem.
Demais. Família. Polido, educado, certinho. Seu bom mocismo chega a ser
irritante. Até aí, nada demais. Mas, cacete, se o cara é um junkie suicida e
esquisitão, incomoda. Se é um indivíduo de boa, normal e tranquilão (nem sei definir
isso de ser normal exatamente, mas digamos que é um cidadão que não rasga nota de
100 dólares), incomoda também? Ah, dá um tempo. Deixa o Flores. Certo, e o que isso
tem a ver com a música? Eis o ponto: tudo. As chances de suas composições refletirem essa falta
de atitude toda (ia escrever bundamolice, mas achei meio pesado) são altas. Não para minha surpresa, é
exatamente isso que acontece em The Desired Effect, seu recém
lançado segundo álbum. Insosso, piegas e, pra ficar numa expressão
super na moda (não vai faltar gente pra dizer), é "muito amor"
(argh).
Ah, OK. Ele é um artista pop. Não precisa expressar sua indignação com a crise migratória do Mediterrâneo e o consequente êxodo africano em direção à Europa em condições sub-humanas, que tem tomado os noticiários recentemente. Até porque, poderia soar falso e oportunista, hm? Quem precisa de outro Bono Vox? Então, a temática do Flores é mais leve, positiva, sonhadora e, verdade seja dita, utópica. Artisticamente, ele rivaliza hoje com o picolé de chuchu em que se transformou Chris Martin, do Coldplay. Assim como Martin, Flowers reveste sua música com pinceladas de rock alternativo, synthpop e new wave, o que deixa tudo com uma cara moderna e certa aura de credibilidade. Conversa. Brandon teve a manha de surrupiar o clássico technopop "Smalltown Boy" do Bronski Beat pra servir de base pra sua "I Can Change" (a alardeada participação de Neil Tennant nessa faixa restringiu-se a uma frase) e mesmo com gente como Bruce Hornsby e Carlos Alomar nos créditos, o máximo da ousadia limitou-se à levada electro-caribenha do single "Still Want You". De resto, auto tune emotivo tipo Owl City na cafona "Lonely Town", rockabilly eletrônico com cheiro de picaretagem à Jeff Lynne em "Diggin' Up The Heart", instrumentais inofensivos, coros fofinhos, metais suntuosos, arranjos melosos...
Ah, OK. Ele é um artista pop. Não precisa expressar sua indignação com a crise migratória do Mediterrâneo e o consequente êxodo africano em direção à Europa em condições sub-humanas, que tem tomado os noticiários recentemente. Até porque, poderia soar falso e oportunista, hm? Quem precisa de outro Bono Vox? Então, a temática do Flores é mais leve, positiva, sonhadora e, verdade seja dita, utópica. Artisticamente, ele rivaliza hoje com o picolé de chuchu em que se transformou Chris Martin, do Coldplay. Assim como Martin, Flowers reveste sua música com pinceladas de rock alternativo, synthpop e new wave, o que deixa tudo com uma cara moderna e certa aura de credibilidade. Conversa. Brandon teve a manha de surrupiar o clássico technopop "Smalltown Boy" do Bronski Beat pra servir de base pra sua "I Can Change" (a alardeada participação de Neil Tennant nessa faixa restringiu-se a uma frase) e mesmo com gente como Bruce Hornsby e Carlos Alomar nos créditos, o máximo da ousadia limitou-se à levada electro-caribenha do single "Still Want You". De resto, auto tune emotivo tipo Owl City na cafona "Lonely Town", rockabilly eletrônico com cheiro de picaretagem à Jeff Lynne em "Diggin' Up The Heart", instrumentais inofensivos, coros fofinhos, metais suntuosos, arranjos melosos...
A impressão que tenho é que Flowers gravou esse disco no meio de uma plantação de girassóis, sempre ao nascer do
sol, olhando pro horizonte e estufando o peito enquanto despejava as palavras de
ordem que formam este pequeno manual de autoajuda de 40 minutos: "follow your dreams", "it's gonna be alright", "dreams come true", etc... É só um disco pop, eu sei, mas tem aquele sorrisinho desconectado do mundo real que insiste em aparecer nas dez faixas. Não tem audácia, é musicalmente datado e as letras - entre banais e indiferentes - não ajudam em nada. Lair Ribeiro deve estar orgulhoso.
"I Can Change": roubar não é pecado.
"I Can Change": roubar não é pecado.
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