The Orange Collection é mais uma coletânea que dá uma geral no cast da Eskimo Recordings, o quarto volume da série cromática da gravadora belga (já saíram Pink, Blue e Green). É um bom panorama a respeito do que está se produzindo de electropop atualmente, trazendo fusões interessantes com house, disco e synthpop. O álbum tem, obviamente, altos e baixos. É o que normalmente se espera e é o que acontece aqui.
As cinco primeiras músicas (de um total de 12) são ótimas. A faixa de abertura "Odds Are Good", do projeto solo do produtor francês Frédéric Rivière, Anoraak, é technopop em slow motion, com uma bela sequência de arpejos e vocais entorpecidos.
"Higher" (Ary) e "Renegades" (Majestique) que vem em seguida, parecem canções de uma mesma banda: ambas tem vocais femininos delicados (com um pezinho no indie rock) e timbres de sintetizadores analógicos escolhidos a dedo. Dançável, mas não exatamente dance music. Ligeira vantagem pro Ary e o admirável trabalho vocal da norueguesa Ariadne Loinsworth Jenssen.
"Animals", do Du Tonc - dupla formada pelo vocalista e baixista do Van She, Matt Van Schie e o produtor Mighty Mouse - é um primor. Disco music sintética, com aquele baixo dugu-dugu-dugu infalível. Pra mim, a melhor do álbum.
"Riptide", de George Bakalakos e seu NTEIBINT, encerra a melhor parte desta Orange Collection. Mais influências disco filtradas pela sensibilidade e precisão eletrônica do produtor grego.
A curva descendente começa com "On & On", do australiano This Soft Machine. A ideia de continuidade e movimentos ininterruptos sugeridos pelo título esbarram na falta de criatividade e repetição sonolenta do tema. A viagem space disco de Tarjei Nygard & Are Foss ("Flog") dura quase seis minutos e não vai a lugar nenhum. A inacreditável "Fernandez", do israelense Moscoman, também patina: um mix de gosto duvidoso entre Country & Western e eletrônica retrô, com uma linha de baixo monocórdica. Pode pular essa. Uma animadinha com o simpático dance pop (no sentido Olivia Newton-John do termo) da dupla Horixon e sua "Hold It Like I Own It".
"Find My Love", do misterioso Trulz, tem um baixo de dar vertigem, a despeito dos vocais não serem lá grande coisa. A italo disco instrumental de Marvin & Guy ("Unfailing Fall") é totalmente dispensável. Pomposa e chata em seus longos oito minutos e meio de duração. The Orange Collection encerra com "Wear Out", do duo Hydrogen Sea. Linda trama de sintetizadores apoiada por strings emotivos e os vocais etéreos da cantora Birsen Uçar, tudo coberto com um verniz dark que deixa a faixa com aquela carga dramática contida e de beleza indiscutível. Vale dizer, no entanto, que o climão desta versão é culpa do remix do DJ e produtor holandês Mees Dierdorp (a original é muito diferente, mas igualmente boa).
O saldo de The Orange Collection, no final, é altamente positivo. Fica fácil constatar que a Eskimo continua lançando bom material (desde sua fundação, em 2000) e não precisa apelar para alguns nomes de peso em seu elenco (Prins Thomas, Lindstrøm, Kris Menace, Chromeo, Aeroplane) pra tornar uma compilação atraente.
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