quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Melhores de 2016 - Discos (#07: Anohni)


A última coisa de Antony Hegarty que eu prestei atenção foi "Blind" (2008), fantástica canção disco/house do projeto dance do DJ americano Andy Butler, Hercules and Love Affair - a quem Hegarty emprestou sua voz. Nesse meio tempo, passei batido por dois álbuns do Antony and the Johnsons, banda titular do cantor, que nunca me chamou muito a atenção (a despeito de eu reconhecer seu excelente trabalho vocal). Em 2015, Antony anunciou seu novo alter ego artístico Anohni, já com álbum programado para o ano seguinte. Hopelessness foi lançado em Maio do ano passado, com produção do próprio Anohni, mais o prodígio escocês Hudson Mohawke e o produtor americano Daniel Lopatin a.k.a. Oneohtrix Point Never. Hopelessness não é um disco fácil. Eletrônico e experimental, o disco é composto por canções de andamento lento com letras amarguradas, carregadas de frustração e dor ("Fui dormir, na esperança de poder enganar a minha própria vida, me retirar deste mundo solitário, pudera eu girar e girar no teu amor", diz "I Don't Love You Anymore"). Em Hopelessness, Hegarty parece ter encontrado seus parceiros ideais: as construções de Lopatin e Mohawke por vezes soam grandiosas, mas não grandiloquentes ("Watch Me"), por vezes adequadamente enxutas e minimalistas ("Violent Men"). Excepcionalmente bem produzido e com aproximações à uma distância segura do pop ("Drone Bomb Me", "Crisis"), Hopelessness é dolorosamente bonito, com um cantor de voz ímpar, emparelhado ao que de melhor a eletrônica pode oferecer atualmente, no sentido de ser musicalmente ousado, mas longe, porém, da arte abstrata estabelecida em terreno árido de nomes incompreensivelmente incensados no universo dos techno autores.

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