segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Divisão da Alegria



Mês passado o Editors lançou seu terceiro, e provavelmente, melhor álbum: "In This Light and On This Evening". Nem sei se ainda é necessário citar o Joy Division pra escrever sobre um disco do Editors, do Interpol ou ainda do She Wants Revenge - mas vai que você esteve em coma nos últimos dez anos? Pode ser relevante localizá-lo no tempo e no espaço pop e dizer que o finado vocalista do Joy, Ian Curtis, está assombrosamente presente nos vocais de Tom Smith. Ouça a sexta faixa do disco, "The Boxer", e deixe este seu sábio juiz (o ouvido) decidir: não é espantosa a semelhança?



A voz gutural de Tom Smith também vem das profundezas na faixa-título (que abre o álbum) e aqui dá pra ter uma idéia do que tem 43 minutos à frente: o Editors agora concentra seus riffs mais nos sintetizadores do que propriamente nas guitarras e o resultado é fantástico; os timbres são poderosos, ameaçadores. A melodia de "Papillon", o primeiro single do álbum, também evidencia isso:



"Like Treasure" é outro momento particular. Os vocais estão quase em segundo plano e é a melhor participação do baixista Russell Leetch no disco, numa linha de baixo pulsante e que conduz a faixa com segurança em meio ao redemoinho de teclados:



"In This Light and On This Evening" foi produzido por Flood (Depeche Mode, Smashing Pumpkins, U2, Killers e mais um monte de gente boa no currículo), e estreou direto em primeiro lugar na parada inglesa. Sinal de que a pequena correção de rota no pós-punk do Editors foi muito bem recebida, ao menos pelo público.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Dois corpos iguais ocupam o mesmo lugar no espaço


O Ugress é um projeto norueguês de música eletrônica, invenção de um tal de Gisle Martens Meyer. O cara vem soltando discos desde 2000, até chegar à “Reminiscience”, lançado em Junho desse ano. Como um cientista louco (como sugere a capa), Meyer vai experimentando com gêneros tão díspares quanto dub (“New Shoes Escape Manoeuvre”), soul (o climão blaxploitation de “AMZ 1974”) e synthpop (a linda “Chrome Shuriken Dragonfire”), e sem muito alarde comete um dos discos mais bacaninhas do ano. Dá pra comparar o trabalho de Ugress ao do seu compatriota Röyksopp numa boa (em “It Was A Great Year (Movies With Robots)” fica muito evidente), mas isso não chega a incomodar porque de fato Meyer tempera tudo de maneira a fazer com que o som chegue macio ao seu ouvido e com cheiro de coisa nova ao seu nariz. De hits dance em potencial (“Sordid Pulse”), faixas mais relax (“The Bosporus Incident”) e uma certa obsessão cinematográfica noir (“Apocalypse Please Wait Buffering”), “Reminiscience” garante ecletismo sem exageros com o fio condutor da eletrônica mantendo o equilibrio. Mais um pro meu Top 10 do ano.

Ouça a ótima "Chrome Shuriken Dragonfire" no vídeo abaixo e comprove que a Noruega não merece ser lembrada somente pelo excelente bacalhau que exporta.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Imitar não é pecado

Se Ian McCulloch e Jim Kerr estivessem vivos musicalmente, acho que é isso que eles estariam fazendo. Assista aí abaixo o single "Switch" que faz parte do álbum "The Long And Dangerous Sea" lançado agora em Setembro pelos holandeses: o Moke aprendeu direitinho a lição com o Simple Minds e injeta riffs pegajosos e encorpados de sintetizador e guitarra mais os vocais Ian McCulloch de Felix Maginn pra resultar numa bela coleção de canções disco afora. Do meio pro fim o álbum perde um pouco o fôlego, mas a sequência inicial "The Long & Dangerous Sea"/"Switch"/"Love My Life"/"Black And Blue" é de fazer brilhar o olho. Ótimas melodias, cordas, saxofones e talvez um futuro promissor pra uma banda que faz britpop, mas vem de Amsterdam.