terça-feira, 18 de maio de 2010

Fora da Nova Ordem

O Thieves Like Us é uma banda formada pelo americano Andy Grier (vocais, guitarra) e os suecos Björn Berglund (sintetizadores) e Pontus Berghe (percussão). Eles se conheceram em Berlim em 2002, onde começaram a discotecar juntos. Logo após o trio adotar Nova Iorque como base, as primeiras produções apareceram, até que a gravadora francesa Kitsuné os descobriu em 2007 e lançou o single "Drugs In My Body" (faixa também incluída na coletânea "Kitsuné Maison Compilation 4"). Ainda em 2007 o Thieves Like Us editou um CD instrumental por conta própria ("Berlin, Alex") até chegar ao álbum "Play Music" em 2008, lançado pela gravadora austríaca Seayou Records na Europa e pela americana Shelflife na América do Norte. Gravado ano passado em Paris, "Again and Again" - o novo álbum - está programado para 06 de Julho, segundo o site da Shelflife e conforme o texto de apresentação "as músicas refletem o humor da banda, e concentram-se especialmente sobre relacionamentos fracassados, alcoolismo e o anseio por aquela perfeita alma gêmea imaginária". Com o nome tirado do clássico single do New Order de 1984, o Thieves Like Us pouco tem a ver com a ex-banda de Barney Sumner, a não ser pelos timbres vintage dos teclados e uma certa melancolia que ás vezes cai bem na pista de dança, caso de "One Night With You" e "The Walk". Os vocais despretensiosos de Andy Grier não chegam a emocionar, mas fazem sentido misturados ao instrumental da maioria das dez faixas do álbum, muito mais focado no pós-festa do que na empolgação de uma danceteria.

Nota: 6.5
Pra quem gosta de: Phoenix, Cut Copy, The Whitest Boy AliveSection 25.
Links: MySpace, Facebook, Youtube, Last.FM.

"Never Known Love":

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Três é Demais?

Três baixistas numa banda parece coisa de conversa de boteco depois de tomar todas, certo? Certo. O Freebass surgiu exatamente assim, segundo Peter Hook (Joy Division, New Order). O projeto tem ainda Andy Rourke (Smiths) e Mani (Stone Roses, Primal Scream). "A razão pela qual decidimos fazer foi porque todos riram da nossa cara quando surgiu a idéia. Então pensei, 'Que se danem! Nós vamos mostrar-lhes'", justifica Hook. Após lançar em Março o EP "Two Worlds Collide" que contava com três vocalistas convidados (Tim Burgess do Charlatans entre eles), o Freebass colocou à venda dia 24 de Abril o álbum "It's A Beautiful Life", no site FAC51 The Haçienda, todo com vocais do semi-desconhecido Gary Briggs. E, por mais estranho que possa parecer a idéia de três baixos, o disco presta. E melhor ainda: não lembra nenhuma ex-banda de algum integrante. Com teclados e programações bem discretinhas e sem virtuosismo exibicionista nenhum nas quatro cordas, "It's A Beautiful Life" pega leve num britpop inofensivo, bom de ouvir com seus refrãos pop, e que só arrisca algo pra mostrar o poder de fogo dos contra-baixos no dub "Stalingrad", com solos de escaleta e tudo. O baixo palhetado inconfundível de Peter Hook e o belo falsete de Briggs no refrão aparecem na ótima "The God Machine", talvez a melhor canção do disco. E "Secrets And Lies" condensa perfeitamente a idéia de Hook sobre três baixos na mesma música: "Mani faz a parte mais grave, Andy no meio e eu toco um pouco mais agudo... funciona muito bem!"

Nota: 6.5
Pra quem gosta de: Stereophonics, britpop, bandas com formações não convencionais.
Links: MySpace, Site, Facebook, Twitter.  

"The God Machine", FreeBass:

Os Novos Românticos

Eu avisei aqui que o Hurts era um nome para se prestar atenção. Enquanto vai cumprindo uma agenda de shows que se estende até agosto, nesse meio tempo a dupla tecnopop de Manchester assinou com a Sony e ainda grava o primeiro disco. Pense na situação dramática em que estão as gravadoras e imagine que a Sony não está nada disposta a gastar seu dinheiro com divulgação e distribuição sem perspectiva de retorno, e essa expectativa vai tomando forma à medida que o trabalho de Adam Anderson e Theo Hutchcraft avança aos poucos. A banda agendou "Better Than Love" - o segundo single - para ser lançado em 24 de Maio no Reino Unido. No Youtube, o vídeo está disponível desde 06 de Maio. Aqui, mais uma vez o Hurts impressiona pela qualidade da composição, muito longe de ser um mero pastiche daquele pop de plástico de quase 30 anos atrás.

Nota: 8
Pra quem gosta de: Pet Shop Boys, Ultravox (a partir de 1980), duplas tecnopop.
Links: MySpace, site oficial, Youtube, Facebook.

Tenso, enigmático, "Better Than Love":

 

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Tudo, Menos a Garota

Depois de três anos sem gravar, Tracey Thorn volta com um disco de dez inéditas e dois covers: "Come On Home To Me" e "You Are a Lover" dos obscuros Lee Hazlewood e The Unbending Trees, respectivamente. "Love And Its Opposite" sai dia 17 de Maio, e segundo Tracey é "um registro sobre a pessoa que sou agora e as pessoas ao meu redor, sobre a vida real depois dos quarenta". Casada com Ben Watt - a outra metade do Everything But The Girl - desde 2009, o casal tem três filhos e uma vida mais do que privada ao norte de Londres. O Everything But The Girl existe desde 1982, mas foi só em 1995 que a dupla experimentou o sucesso planetário quando o DJ americano Todd Terry remixou a faixa "Missing", que foi relançada e se tornou o primeiro single a permanecer um ano ininterrupto na parada Hot 100 da Billboard. A música acabou mudando o direcionamento musical da dupla, que passou do pop jazzístico sofisticado dos seus trabalhos anteriores à injeção de fartas doses de eletrônica nos seus trabalhos seguintes, "Walking Wounded" (1996) e "Temperamental" (1999), ambos ótimos. Não espere, entretanto, ouvir qualquer resquício de drum'n'bass ou house em "Love And Its Opposite". Aqui o sentimentalismo bate forte nas interpretações cristalinas de Thorn, uma das vozes mais abençoadas da história.

Nota: 6
Pra quem gosta de: Burt Bacharach, dias chuvosos, Annie Lennox.
Links: site oficial

"Why Does The Wind?", um dos poucos momentos em que o disco de Tracey Thorn vê a luz do sol:

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Music Non Stop, Techno Pop

"Quando prevíamos que nossos aparelhinhos eletrônicos iam acontecer com tudo, ninguém acreditava na gente." A frase é de Ralf Hütter em 1991, e sim, ele estava certo. O que talvez ele não pudesse prever era a extensão da influência da sua banda no pop atual, ou a retomada forte do pop sintético oitentista nos dias de hoje. O Parallels é um trio canadense que aposta justamente nesse Techno Pop, com a balança pendendo mais pro pop no seu recém-lançado "Visionaries". O tecladista, compositor (e também baterista do Crystal Castles) Cameron Findlay é bom de melodia. Suas construções ao sintetizador são muito interessantes, apesar de adocicadas ou óbvias demais em certos momentos ("Reservoir" e "Shadow Hearts", respectivamente). Mas ele tem uma bela coleção de teclados antigos e sabe usá-los muito bem, vide os timbres extraídos ao longo de todo disco. Já a voz da cantora Holly Dodson é que pode ser um problema. Com comparações que vão de Stevie Nicks à Madonna (no começo da carreira), Dodson e seu timbre infantilóide podem enjoar tão rapidamente quanto canções como "Dry Blood" podem grudar no seu cérebro.

Nota: 6.5
Pra quem gosta de: Debbie Gibson, filmes do John Hughes, sintetizadores vintage.
Links: MySpace, Twitterlastfm, site oficial.


Áudio do Youtube para "Find The Fire", uma das boas canções de "Visionaries":