Este vai ser o verão do reggae. Você sabe. Calor, cerveja, praia, as gurias de biquíni. Que trilha melhor do que as boas vibrações, os ritmos tranqüilos, os vocais sossegados e as levadas preguiçosas do reggae?
OK, infelizmente é mentira. A cada fim de ano que se aproxima eu começo a pensar que esse gênero podia impregnar os três meses escaldantes que se aproximam. Mas não. Fora Kingston e São Luís, este não vai ser o verão do reggae. Pro resto de nós, vai ser o verão de alguma coreografia ridícula e digna de riso, criada por algum grupo de axé, ou pior, de funk carioca. Vai ser uma dança certamente erotizada que vai sugerir que você sente ali, desça aqui, vire do avesso lá, e se der tempo, dê uma chupadinha em alguma coisa, lamba outra, enfim. Tudo com letras explícitas cheirando a pornografia barata. Aqui no Brasil é assim, fazer o quê? Bom, você pode pelo menos não ser cúmplice dessa chinelagem toda. Sugiro o novo álbum de Beres Hammond como primeira medida. Este respeitável senhor de 57 anos - 40 deles dedicados ao gênero - acaba de lançar seu décimo nono disco de inéditas. São 20 canções que emanam os aromas suaves da fatia romântica do reggae, o lovers rock (sua especialidade), impulsionadas pelo voz de Hammond, puro soul. São levadas irrestíveis ("In My Arms"), refrãos ganchudos ("Lonely Fellow"), convites à dança ("Keep Me Warm"), ska em slow motion ("Don't You Feel Like Dancing"); pra ficar só em 20% do álbum. O resto você vai ter que descobrir. E vale muito a pena.
"In My Arms": Beres canta macio.
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