terça-feira, 20 de maio de 2014

Dez Perguntas Para: Tonho Crocco


Tonho Crocco não para. Cantor, compositor e músico, estreou em disco como vocalista do De Falla (no álbum Top Hits, de 1996), participou de álbuns e DVDs de Nando Reis, Papas da Língua e Marcelinho da Lua (o cover de "Ela Partiu", de Tim Maia, já é um clássico do drum'n'bass nacional). Junto com seu principal projeto, a banda Ultramen, foram cinco discos lançados, vários hits e inúmeros shows Brasil afora. Durante a parada de cinco anos com o grupo, lançou um disco solo em 2010, retornou com uma série de shows ano passado com a Ultramen e já tem álbum novo previsto para o ano que vem. Seguindo à risca a estrofe da faixa "Esse é o Meu Compromisso", Crocco "bebe, fuma, cheira e injeta poesia". Rimar é um vício. A caravana não para. 
1) Tu achas que o pop nacional ainda tem chance de voltar a cair no gosto popular ou a tendência daqui pra frente é uma cena alternativa pulverizada em artistas underground, vendendo uma quantia insignificante de discos e tocando para cada vez menos público?
Uau! Que visão apocalíptica! Bom, acho que o alternativo sempre vai vender menos que o mainstream. É justamente isso que ele representa, como cultura e alternativa à musica de grandes massas. A quantidade de publico é geralmente proporcional a boçalidade de quem paga pra ouvir lixo. E não só no Brasil. Um show de jazz nos EUA ou aqui vai ter menos ouvintes/pagantes que o show da cantora da Disney. Sempre foi assim. Acho que o público alternativo está melhorando sim. E isso é mais nobre que aumentar. 
2) A facilidade em gravar e distribuir música na Internet gera terabytes de lançamentos diários. Essa superexposição do público à artistas de qualidade duvidosa pode estar criando uma geração para a qual a música não tem mais importância?
Bobagem. Agora qualquer um pode gravar e lançar. A peneira da qualidade é o ouvinte que faz. E além do download, o streaming também é remunerado. Nem comercialmente nem culturalmente a musica vai acabar. Repito: a quantidade não tem nada a ver com qualidade. 
3) Quem faz boa música, comercialmente viável, hoje no Brasil?
Nação Zumbi, B Negão, Racionais; pra citar os grandes. Emicida e Criolo, dos novos.




4) Em relação a quando tu começaste, montar uma banda e viver de música em 2014 é mais fácil ou mais difícil?


Mais fácil. A informação e as ferramentas pra materializar a criação nunca antes estiveram tão acessíveis como agora.
5) O teu trabalho com a Ultramen foi fortemente marcado pela fusão de rap e rock com a música regional gaúcha. Esse ainda é um filão a ser explorado?
Talvez. O leque de referências da Ultramen sempre foi grande. O samba, reggae e ragga por exemplo. Estamos compondo novamente e até agora não saiu nenhum rap gaudério. Vamos surpreender as pessoas com esse novo trabalho, tenho certeza. (Nota: previsão de lançamento para 2015).

6) Qual é o status atual da Ultramen? A reunião que aconteceu ano passado foi parcial (a banda fez dois shows no Opinião, em Porto Alegre) ou há planos para um novo álbum?
Temos feito show desde a volta em março de 2013. Compondo um novo disco de inéditas e finalizando o DVD gravado em 2008.
7) Como lidar com as diferenças dentro de uma banda com tantas influências e gostos diferentes na hora de compor e gravar? Como acontece o processo de escolha do que vai pro disco?
Usamos a democracia pra decidir tudo. 
8) O teu álbum solo (O Lado Brilhante da Lua, lançado em 2010) tem predominância de funk e samba-rock, gêneros sempre presentes no trabalho da Ultramen. O que tu sentiste que deveria ser diferente musicalmente nesse projeto?
Pow, tem afrobeat também. Coisa que a Ultramen nunca fez. Ao mesmo tempo o rap, reggae e rock não fizeram parte do meu primeiro registro. Quem sabe no próximo... Acho que fiz um disco bacana e verdadeiro. Não me arrependo de nada. 

9) Certa vez num programa de uma rádio local (Atlântida FM, de Porto Alegre), tu disseste que costumava chamar a faixa "A Estrada Perdida" de "reggaezinho trouxa". Porquê? Tu te arrependes de alguma música que tenhas escrito ou gravado?

A banda toda falava isso.
É uma brincadeira; beirando uma piada interna. Sempre tiramos onda da nossa própria cara. Talvez a parte "o coração do planeta ainda chora" motivou isso. Hehehe. No mais, não mudaria uma vírgula.


10) Quais os discos/artistas que mais te influenciaram?

Tim Maia, Stevie Wonder, Luis Vagner, Beastie Boys, Pau Brasil, Cartola, Defalla... vixi, a lista é grande.

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