O duo francês Miss Kittin & The Hacker, formado no final dos 90 por Caroline Hervé e Michel Amato, já acumula dois álbuns e uma batelada de singles com respeitáveis doses de electro e synthpop envolvidos. Seu lançamento mais recente é o EP Lost Tracks Vol. 1, de 2015, com quatro demos inéditas gravadas entre 1997 e 1999. Para 2017, a dupla volta a trabalhar em conjunto na faixa "The X" (Dark Entries), um techno subterrâneo sem espaço para melodia ou refrão. A música não se mostra muito amigável numa primeira audição, mas os vocais sexy e sussurrados de Miss Kittin e o instrumental pesado de Amato - com bleeps e efeitos nos lugares certos - vão seduzindo aos poucos. Remixes de gente como Jeff Mills seriam bem-vindos. "The X" é a única faixa com vocais de Le Théâtre des Opérations (disponível para audição no Spotify), novo álbum de Michel - desta vez solo.
"The X":
O disco traz nove faixas de techno com vasta influência de EBM e uma curiosidade: na contramão da tecnologia e seus softwares milagrosos, foi todo gerado por equipamentos analógicos. É isso que dá um sabor quente e especial à dance tracks como a kraftwerkiana "Dark Neon" (lembra vagamente as explosões eletrônicas de "It's More Fun To Compute") e a totalmente Nitzer Ebb "Body Diktat", com seu baixo cambaleante e baterias eletrônicas paleolíticas. Ainda como destaques fortes do álbum, a abertura "Underwater Sequence" e seus sintetizadores borbulhantes e o encerramento "Camisole Chimique", de ritmo engrenado e bateria em primeiro plano. Le Théâtre des Opérations é um disco robusto, homogêneo e que se posiciona facilmente entre os melhores da cena techno lançados neste 2017 carente de bons álbuns do gênero. Vale - muito - um confere.
"Underwater Sequence":
"Camisole Chimique":
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Spam, get outta here!