quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Frustrante


Pra você que perdeu o début do Trickfinger (homônimo, 2015), saiba que conhecer o projeto-de-um-homem-só de John Frusciante já por esse segundo álbum, recém lançado pelo selo americano Acid Test, não faz a menor diferença. 

Com duas músicas a menos que o seu predecessor de 2015, Trickfinger II não surpreende o ouvinte quando se descobre que as faixas são todas da mesma época (2007, no caso) e que Frusciante nem pensava em lançá-las "oficialmente". Fato é que o disco de seis temas instrumentais repete a ideia central da faceta eletrônica de Frusciante: acid house experimental com um acabamento propositalmente primário, onde tudo soa como se fosse um live P.A. gravado e mixado sem overdubs ou pós-produção de nenhum tipo (os solos de improviso fundidos às mil e uma variações da TB-303 em "Ruche", deixam isso bem claro).

Os únicos momentos de Trickfinger II que perigam ficar na memória são - para o bem - "Exclam", com seu esqueleto dorsal serpenteante em forma de arpejo de sintetizador que percorre toda faixa e, por cima disso, timbres acid que derretem e voltam a forma original em centésimos de segundo e - para o mal - "Hasan", onde Frusciante nitidamente perde a mão nos botões do equipamento e acavala programações de bateria e sintetizadores numa maçaroca ininteligível. Apenas como curiosidade, "Cuh" é uma tentativa techno-nostálgica que não faria feio no catálogo da Metroplex em 1987.

Lançar um disco desses em pleno 2017 não deixa de ser louvável e corajoso (por tudo que, digamos, Frusciante representa), mas convenhamos, se é pra ouvir uma aparente jam session freestyle assim, em forma de álbum, melhor catar os vídeos que o A Guy Called Gerald posta em seu perfil no Facebook.


"Exclam": um dos raros bons momentos de Trickfinger II.

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