O pássaro do título - que na mitologia grega renasce das próprias cinzas depois de morto - é uma comparação muito adequada para Lenny Kravitz em 2011. Depois de seu multiplatinado 5, de 1998, Lenny amargou três álbuns de material inédito (e irregular) que não devem ter ficado nem na sua própria memória.
Pois pra quem já nem lembrava dele - eu, inclusive - eis que esse nova-iorquino de 47 anos reaparece em Agosto com um disco pra queimar línguas (ou orelhas) alheias: Black and White America. Inspirado num documentário que Lenny assistiu sobre o racismo na América pós-Obama, o álbum destila letras sobre o tema, como no trecho da faixa-título que diz "... Em 1963, meu pai se casou com uma mulher negra, e quando eles andavam na rua estavam em perigo...". O cristão (filho de pai russo-judeu e mãe negra) Leonard Albert Kravitz também fala sobre fé e esperança, e tem os melhores momentos embalados pelo piano e bateria de "The Faith Of A Child" ("...Vamos trabalhar juntos, nós somos uma grande família...") e no falsete de "Liquid Jesus" ("...Tenho rezado, para o dia que você viria para me libertar/Lava-me mais, eu quero ser salvo, Oh Jesus líquido..."). Lenny dita o ritmo com segurança no disco, hora adicionando peso e habilidade nas guitarras ("Come On Get It", "Everything"), hora deixando fluir sua sensibilidade pop que parecia perdida há anos, como no single "Stand" (uma pérola radiofônica de verão) ou no refrão instantâneo de "I Can't Be Without You". Inteiramente produzido e executado entre 2009 e 2011 nas Bahamas por Kravitz (com exceção de algumas faixas divididas com o guitarrista e compositor Craig Ross e participações de Jay-Z e Drake), Black and White America é um disco de rock erguido com cimento funk (o que é aquele baixo da sensacional "Superlove"?), e deve trazer Lenny de volta à tona com doses certas de peso, engajamento, fé e experimentalismo. Surpreendente.
"Superlove": que baixo é esse, Lenny?
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