Quando eu conheci as primeiras faixas de drum'n'bass - lá por 93/94 - ele ainda se chamava jungle, e eu ficava me perguntando "_ Como é que se dança isso?", acostumado que estava com a linearidade 4x4 da house music. A desconstrução rítmica das baterias fazia com que eu ficasse procurando algum ponto de marcação que induzisse a um movimento contínuo, mas era impossível. Os rufos de caixa e os bumbos sem uma sequência identificável eram algo que meu cérebro não conseguia decodificar pra mandar a mensagem pras minhas pernas. As coisas ficaram mais fáceis algum tempo depois quando o drum'n'bass se subdividiu em outros gêneros (jazzy, liquid funk) e o beat um tanto mais reto aliado às frequências baixíssimas de grave eram garantia de pés se mexendo na pista.
Hoje o dubstep é a bola da vez. Cresceu assustadoramente nos últimos anos saindo dos guetos londrinos pra se instalar nas raves ianques pelas mãos de Skrillex ("acusado" de diluir o estilo), teve o britânico Rusko produzindo figuras como Britney Spears, Rihanna e T.I. e já rolou até Grammy para o próprio Skrillex. A pergunta é: o dubstep vai procurar se adequar às audiências pra atingir um público maior, como fez recentemente o trio Magnetic Man (que tem Benga como um dos integrantes), injetando vocais, refrãos e um formato um pouco mais pop ao gênero? Ainda não tenho a resposta, mas enquanto isso Adegbenga Adejumo segue fazendo ótima música. "I Will Never Change" é o single mais recente de Benga e talvez o título seja um recado à pessoas que tem essa pulga atrás da orelha, como eu. Tem aquele beat musculoso recortado por synths que parecem fatiar a melodia em centenas de pedaços. Qual a relação com o drum'n'bass do texto acima? Eu também fiquei em dúvida sobre a dançabilidade do dubstep um tempo atrás, mas esse é um som que não funciona nessas caixinhas mixurucas de computador. Se você tiver algo que reproduza metade da intensidade dessas batidas e desses baixos, dançar torna-se compulsivo. Quanto à "I Will Never Change", viciei de cara.
"I Will Never Change": nem precisa, Benga.
PS.: conheci a música no blog do Camilo Rocha, o Bate Estaca. Vale uma passada lá.
sofri do mesmo mal quando surgiu o "Jungle". E hoje eu também morro de raiva de não conseguir concatenar a batida do dubstep.
ResponderExcluirTambém deve ser este o motivo de eu não ter gostado do álbum da Bjork com compassos 17/8 (!!!!) Meu cérebro não consegue se antecipar e prever uma marcação para a música. Acho que só a neuro-músico-linguística consegue decifrar isto (inventei esta área de estudo, hahahaha).