terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Artigo 140, Parágrafo 3º



Tá embaçado pro tio do Tricky. Sem conseguir emplacar mais nenhum hit desde sua empolgante estréia (Maverick A Strike, de 1997, teve dois singles no Top 20 inglês e foi disco de platina duplo), o cantor escocês anda metido em treta com os homi. Em 2003, deu uns tabefes numa ex-namorada. Em Outubro do ano passado, depois de biritar e ingerir codeína num bar de Edimburgo, socou e cuspiu no rosto de uma mulher parada num ponto de ônibus. Justificou ter sido abusado racialmente no pub. Sentenciado em Outubro deste ano à 225 horas de trabalhos comunitários pelas atitutes nada gentis, Quaye não compareceu ao tribunal alegando não ter como pagar o advogado. Resultou em mandado de prisão.   
 


Fora isso, tudo bem com ele. Tanto que até disco novo já tem. Só que a maré ruim de Quaye parece ter refletido no som. 28th February Road tem poucos momentos ensolarados. Um só, pra falar a verdade: a faixa de abertura "My Love". Estranhamente, é o único reggae das doze canções do álbum. Pouco pra um artista bastante identificado com o gênero. De qualquer maneira, a música é linda. O melhor reggae que ouvi esse ano, ponto. Finley tem um timbre muito, muito bom. E versatilidade também. Isso garante à ele descer o tom no blues "With Your Love" e subir na jazzística "Troubadour". Sem malabarismos, com naturalidade. Seria uma pena esse 28th February Road passar batido, porque é um bom álbum de um cara inegavelmente talentoso, tentando se reerguer. Momentos de pura introspecção movidos à voz e violão como a emocionante "After the Fall" e a esperança na letra da sensacional "Shine" falam por si só. Força, Finley.

"My Love": só o amor constrói.  

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