Tarefa ingrata categorizar o som do duo In Flagranti. É um coquetel que mistura disco, electro, funk, rock, mas com um lado obscuro de samples irreconhecíveis, produção sujinha e faixas que soam como demos inacabadas.
O recente Dissimilated by-products (Volume 2) segue a lógica chacriniana de confundir ao invés de explicar, já que é uma continuação sem antecessor. Exibe em suas 12 faixas uma dance music sem texturas eletrônicas exageradas, soando como house music pré-histórica com samples enfiados à força nas composições. É assim na insana abertura "All That and a Bag of Chips" e nas baterias toscas de "Gridlock". Sasha Crnobrnja e Alex Gloor exploram os grooves orgânicos nas levadas de violão de "Humdrum", no funk "Autoscopy" e no electro-blues esquisitão de "Allemande". Aliás, esquisitice aqui é qualidade. Na afro-alucinada "Physical Maturity", a dupla lembra as colagens sem limites do Coldcut no final dos 80. Ainda inutilizam a boa linha de baixo de "Lingual Tibulation" com um loop vocal irritante e constroem uma ponte imaginária entre Nova Iorque e Ibiza nas disco-baleáricas "Cognition" e "Cephalalgia". No final das contas, Dissimilated by-products (Volume 2) causa a estranha sensação de estimular a curiosidade de ver no que vão dar as faixas, mesmo com um certo desconforto auditivo. É um prazer mórbido tão difícil de traduzir quanto a música do In Flagranti.
"Autoscopy": melhor não tentar explicar.
"Autoscopy": melhor não tentar explicar.
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