quinta-feira, 18 de julho de 2013

OoOOoh Não!


Sério que um dia tu acreditou num subgênero de eletrônica chamado witch house? Na real, nem sei se chega a ser um tipo de música, porque é algo que já nasceu meio morto, ou pelo menos com expectativa de vida bem baixa. Me parece mais um rótulo que abriga outras tags, como drone, shoegaze, post-industrial, synthpop, dark wave e afins. De qualquer forma, tem artistas que ainda apostam no formato, prontos pra tentar te pregar uns sustos.


Without Your Love é o debut do projeto-de-um-homem-só oOoOO (meu teclado não travou, o nome é esse mesmo), encabeçado pelo americano Chris Dexter. Ele grava desde 2010, e até agora só havia lançado EPs (foram três).

O disco é obviamente lento, arrastado, com eventuais vocais aparecendo espalhados meio aleatoriamente, tudo sussurrado perversamente pra fazer as 11 faixas soarem com o dobro do veneno. Chega a ser bonitinho na faixa-título, mais próxima do formato canção, assim como "Stay Here" e "On It". Interessante nos beats de hip-hop e nos recortes de samples das vozes em "The South", desengonçado na batida torta de "Misunderstood" e usando insistentemente o efeito de chiado de vinil (herança do trip-hop?), Without Your Love tem sintetizadores lúgubres próprios ao estilo, mas assusta menos que a fatura do seu cartão de crédito.   

Só lamento muito não ter uma cópia em vinil pra girar a faixa "Crossed Wires" ao contrário e sacar se tá rolando uma sessão de blasfêmia gratuita.

"Without Your Love": momento ternura.
 

 Já o I†† (Eye Double Cross, se liga na representação gráfica) é o fim da linha. Anti-música, o som de um túmulo sendo lacrado. Imediatamente menos acessível que o disco do oOoOO, seu recém lançado IAO (é o da capa simpática acima) me impressionou. Sem melodia, sem letra, sem canções - só ruídos desconfortáveis, sintetizadores pantanosos, marteladas em sinos, cânticos abafados. De coisas inaudíveis como a apropriadamente chamada "drønescape" (quase sete minutos de distorção sintética e percussão ritualística que não vão à lugar nenhum) até a realmente incômoda "s†regheria", as nove faixas do álbum são estranhamente sedutoras pela atitude masoquista que causam: ouvir até o fim pra ver no que vai dar esse clima opressivo todo. Não recomendo colocar no carro pra escutar na praia com os amigos. Poucas chances de aprovação da galera.

"høspi†al": nada fácil.

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