A ideia era boa. Não propriamente nova, mas boa.
A sacada do novo queridinho das pistas, o sueco Avicii, no seu debut True, era fundir uma sonoridade country/folk com beats e texturas eletrônicas. Vejo duas boas razões pra isso: ou é uma tentativa de fugir da vala comum que se tornou a dance super exposta de hoje em dia, ou é uma maneira de aumentar sensivelmente o nível de popularidade baseado numa fusão populista de dois gêneros desgastados, fazendo-os soar como uma coisa nova, fresquinha. E olha, teria funcionado melhor, se Avicii não usasse sua habilidade na produção pra criar bases manjadas, distorções sintéticas típicas do trance mais rasteiro, progressões de acorde primárias, fogos de artifício sonoros. São pilhas e mais pilhas de clichês amontoados, desperdiçando o que poderia, talvez, ter soado digno musicalmente (difícil), se a busca frenética pelo próximo hit (fácil) que vai deixar o povo suarento da Tomorrowland de mãos pra cima, não tivesse posto tudo a perder.
Não precisa ouvir mais do que a faixa de abertura, "Wake Me Up", pra entender. Uma espécie de Billy Ray Cyrus da EDM canta sobre a levadinha simpática de violão tocada por Mike Einziger, do Incubus (sério!), e a coisa parece que vai dar liga... mas Avicii não se contém. Atropela a canção com um riff de sintetizador que parece tema de festa junina eletrônica. A mesmíssima coisa em "You Make Me": marcação forte de piano destruída por um riff de teclado de uma nota só, repetida até passar do limite do suportável. "Hope There's Someone", "Dear Boy", "Edom"... todas tem mais desses synths sem imaginação, essa euforia ensaiada, essa produção que emparelha tudo num nível David Guetta: sem personalidade, sem um pingo de criatividade, uma papagaiada que só repete fórmulas que chegaram alto nas charts (taí o Swedish House Mafia que não me deixa mentir).
Tem que comer muito feijão, Avicii.
"Wake Me Up": "_ Agora, mãos pra cima, pessoal!"
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