Mesmo cambaleante e repetitivo nos últimos tempos, o synthpop sempre vai ter cadeira cativa aqui no blog. Comecei a me interessar por música ouvindo passivamente o A-ha no meio dos 80, que me levou a conhecer Orchestral Manoeuvres in the Dark, depois Erasure, Pet Shop Boys, New Order e Depeche Mode.
Foram poucos álbuns bacanas do gênero em 2013, praticamente nada de bandas novas com discos relevantes. Os melhores lançamentos foram dos medalhões acima. O blues sintético do Depeche Mode em Delta Machine, a agradável visita do OMD ao seu próprio catálogo em English Electric e o retorno dos Pet Shop Boys à música de pista em Electric.
E teve o Mesh.
Foram poucos álbuns bacanas do gênero em 2013, praticamente nada de bandas novas com discos relevantes. Os melhores lançamentos foram dos medalhões acima. O blues sintético do Depeche Mode em Delta Machine, a agradável visita do OMD ao seu próprio catálogo em English Electric e o retorno dos Pet Shop Boys à música de pista em Electric.
E teve o Mesh.
O Mesh parece ter nascido pra ser coadjuvante. Desde sua fundação (1991, em Bristol, Inglaterra), nunca teve um hit memorável ou um disco inesquecível. Mas tem dois bons motivos pra merecer sua atenção: primeiro, eles não imitam o Depeche Mode - coisa que 90% dos grupos emergentes da cena alemã, por exemplo, fazem. Segundo, o Mesh não é retrô. Não soa como um cópia caricata de artistas new romantic do começo dos 80 (penso em La Roux enquanto escrevo isso).
Automation Baby é o sétimo álbum do Mesh. Saiu no começo do ano, e é mais uma coleção de faixas a ser ignorada pelas paradas (exceto na Alemanha, onde concentra-se o maior público do grupo). Afora o sucesso comercial (de importância questionável), o disco firma-se como o melhor e mais equilibrado de sua carreira; é a consolidação da fórmula technopop em 14 faixas, desde a inflexibilidade da dupla no uso do sintetizador como instrumento principal até as composições que resumem o estilo: tudo aqui é pop e eletrônico.
Mark Hockings (vocais, guitarras, teclados e programações) e Richard Silverthorn (teclados e programações) são muito bons de melodia. Não há uma faixa que não tenha um bom gancho, seja um refrão, seja um riff. O single mais recente, "Adjust Your Set", é uma boa amostra. Sustentando as estrofes com uma batida robusta, ela vai crescendo devagar com timbres sombrios, até culminar no ótimo refrão de tons mais otimistas:
Automation Baby é o sétimo álbum do Mesh. Saiu no começo do ano, e é mais uma coleção de faixas a ser ignorada pelas paradas (exceto na Alemanha, onde concentra-se o maior público do grupo). Afora o sucesso comercial (de importância questionável), o disco firma-se como o melhor e mais equilibrado de sua carreira; é a consolidação da fórmula technopop em 14 faixas, desde a inflexibilidade da dupla no uso do sintetizador como instrumento principal até as composições que resumem o estilo: tudo aqui é pop e eletrônico.
Mark Hockings (vocais, guitarras, teclados e programações) e Richard Silverthorn (teclados e programações) são muito bons de melodia. Não há uma faixa que não tenha um bom gancho, seja um refrão, seja um riff. O single mais recente, "Adjust Your Set", é uma boa amostra. Sustentando as estrofes com uma batida robusta, ela vai crescendo devagar com timbres sombrios, até culminar no ótimo refrão de tons mais otimistas:
Faixas cativantes e dançáveis como a abertura "Just Leave Us Alone" (esta com guitarras quase escondidas no arranjo) passam longe de meros arremedos saudosistas. Aqui o Mesh celebra o presente (note como casou bem com a faixa a inserção de um bass drop típico de dubstep, há exatos 03:18 da canção), sem deixar de lado a raiz electropop e sem se deixar seduzir de forma gratuita por sons que estão pegando atualmente, a dupla não perde o foco no futurismo da sua música:
Em andamentos mais lentos e pesados, o Mesh também se sai bem, especialmente valorizados pelos vocais enérgicos de Mark Hockings e pelas construções eletrônicas épicas - mas não pomposas ou grandiosas - da dupla. Mesmo em composições de estrutura mais complexa como "This Is The Time" (com toques de industrial), a base é contida, os elementos combinam-se entre si sem os exageros que sintetizadores mal pilotados poderiam causar:
"Flawless" é outra composição dedicada exclusivamente aos sintetizadores e à batida pesada e dançante - synthpop clássico - que explode num excelente refrão pop (e ele é exatamente como o nome da faixa: sem defeito):
"The Way I Feel" é a única música em que um instrumento acústico (o violão, no caso) se sobressai, rivalizando com uma bela sessão sintética de cordas e dramáticos coros celestiais, numa balada honesta e harmoniosa:
Automation Baby ainda tem outras boas faixas ("Taken For Granted", "Born To Lie", "You Want What's Owed To You"), que, sem cabecices, politizações vazias ou pretensão, suprem perfeitamente o fã carente de pop eletrônico redondinho, bem produzido e com vários refrões bons na manga, como esse oferecido pelo Mesh.
Synthpop puro, cabeça erguida e olhando pra frente, nesse ano ninguém fez melhor.
Não conhecia, achei viciante. Otimo blog cara, continue postando uns sons legais que nem esse.
ResponderExcluir"Viciante". Taí uma palavra que faltou nessa resenha do Mesh, Brenno. Achei, entre coisas, que esse álbum é realmente viciante - não só para um devoto do synthpop como eu - mas também para admiradores de música eletrônica, em geral. Espero melhor sorte (ou seja, reconhecimento) para o Mesh em seus próximos lançamentos, a ser mantido esse nível, claro.
ExcluirMuito obrigado pela visita, e pelas palavras, apareça sempre!