Finalmente caiu a ficha. O Rapture nunca passou de uma bandinha mediana
- alguém resolveu carimbar disco-punk na testa deles - e vá lá que eles
tenham no portfólio faixas interessantes como "House Of Jealous Lovers"
(2002), mas levanta a mão quem acha que Luke Jenner canta bem. Com seu
timbre anasalado - algo entre Pato Donald/Bart
Simpson - Jenner era a pedra no sapato, a batata quente na boca, a...
bom, você entendeu. Com ele, curtir o Rapture era tarefa ingrata. Pois
bem, no seu novo álbum, 2000Hz, alguém teve a abençoada ideia de sugerir
que ele se afastasse do microfone. Foi o que aconteceu. E uma nova
banda surgiu. Mais eletrônica, diversificada, suingada, viajandona, e muito, mas muito
mais dançante.
Bom, isso seria bom demais pra ser verdade. O Rapture, aquela banda nova-iorquina, não mudou nada, não que eu saiba. Luke Jenner deve estar armando outro álbum, sucessor do tenebroso In the Grace of Your Love, de 2011.
O The Rapture em questão é o inglês Stuart Lynch. Seu quarto álbum, 2000Hz, saiu no meio do ano e é o resultado da dedicação solitária deste tecladista, engenheiro de gravação e produtor, no estúdio. E apesar de trabalhar sozinho, o disco soa como uma coleção de faixas de quem anda interagindo muito com pessoas de gostos bem diferentes. É um grande barato que andava meio esquecido: gravar faixas de gêneros que são como óleo e água, mas fazem todo sentido num mesmo disco de eletrônica.
Nessa babel estilística, há desde o trance nível Tiësto - você decide se isso é bom ou ruim - em "Feel What You Feel" e "The Never Man", até o jungle mais casca-grossa (na definitivamente enlouquecida "2000hz"). No meio disso, bleeps de techno retrô ("Cobwebs & Clowns"), texturas ambient ("Listen", "Smoke & Mirrors") e breakbeat/industrial sujinho ("Theme From Silicon Dust"). Ocasionais guitarras, percussão ("The Maybe Man") e baixo ("In My Sight") temperam o molho sintético de Lynch.
2000Hz não é nada original, mas diz aí, qual foi o último disco de eletrônica realmente inovador que você ouviu? Sem forçar muito a barra, é um rolê interessante por ritmos e timbres desiguais, mas que aparecem bem amarrados nas onze faixas. O mais curioso dessa história é que Stuart Lynch cometeu um álbum de eletrônica em 2013 que não soa atual, e a dúvida que fica é se isso foi intencional ou não. Pode ser um atrativo a mais pra ouvir o disco.
2000Hz, o álbum: só o gostinho.
2000Hz, o álbum: só o gostinho.
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