A foto acima diz muito sobre o meu disco preferido de drum'n'bass em 2013. Tem um pouco de cada gênero dessas prateleiras reviradas em algum sebo pelo quarteto inglês Rudimental em seu debut Home, que saiu em Abril.
E que estreia. Seis singles foram extraídos do disco - que também chegou ao número um na parada inglesa, números que endossam a aceitação do som criado pelo grupo. A mágica aqui consiste na fusão de ritmos e texturas eletrônicas não pasteurizadas com uma vibração de forte apelo emocional - providenciada pelos órgãos Hammond, metais, cordas e, principalmente, por um senhor time de vocalistas convidados. É soul music moderna, embasada no difícil equilíbrio entre instrumentos acústicos (e não em samplers) e programações.
O drum'n'bass aparece em suas várias ramificações, do jungle enlouquecido de "Give You Up" até os beats atmosféricos de "Powerless" (esta com uma magistral sessão de cordas e vocais impressionantes da britânica Becky Hill):
Liquid funk acessível e radiofônico, "Waiting All Night" foi um dos singles número um de Home, no Reino Unido. Mais uma grata surpresa ao microfone, a cantora e compositora Ella Eyre tem apenas 19 anos, mas cantou com o desembaraço de uma Adele num hit com alto potencial de pista e um explosivo arranjo de metais:
A ótima Emeli Sandé canta em duas faixas, no soul pop "Free" e na dramática "More Than Anything", com backing vocals de elevação quase espiritual:
Outro single número um na Inglaterra, a popíssima "Feel The Love" aparece em duas versões na Deluxe Edition de Home: o bom soulful house do mix "Rudimental VIP" e o liquid funk original - que quase se perde entre um riff ordinário de sintetizador e uma batida que lembra um Pendulum genérico. Felizmente, a boa linha de baixo (de quatro cordas, mesmo) e o solo de trompete aliviam um pouco o apelo excessivo da faixa:
Pra quebrar o ritmo incessante das baterias, o Rudimental ainda investe em outras frentes, com resultados convincentes: downtempo regueiro que se transforma em house caribenha na deliciosa "Hide", soul encharcado de órgão Hammond em "Home", o R&B de "Hell Could Freeze", o dub de baixíssimas frequências de "Solo" e a house music elegante de "Baby" e "Spoons".
O Rudimental consegue com seu álbum de estreia um feito perseguido à exaustão: ser muito bem sucedido artística e comercialmente, focado num gênero que não é pop por excelência, como o drum'n'bass.
Com uma produção esmerada, arranjos brilhantes e vocais de tirar o fôlego, Home não é só o melhor disco de drum'n'bass de 2013, é um dos melhores discos lançados nesse ano.
Carlinhos a primeira vez que ouvi Rudimental foi pela Feel The Love, e inexplicavelmente eu nem consegui conter as lagrimas no inicio dela, apesar de ser uma musica bem dubstep depois. É daquelas música que fazem vc renascer. Daí pra frente fui bisbilhotar e só coisa genial vem do quarteto. E magnífica sua resenha! Concordo em genero, numero e grau sobre ser um dos melhores albuns de 2013! :)
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