segunda-feira, 7 de abril de 2014

Segunda Class: Squarepusher


A ideia é fascinante: ano passado um grupo de especialistas em robótica japonês criou uma máquina chamada Z-Machines, para que ela executasse música em instrumentos convencionais em níveis sobre-humanos. Um dos convidados pela equipe a desenvolver música para o projeto, Tom Jenkinson compôs cinco faixas que saem agora pela Warp no EP Music For Robots, inaugurando a colaboração entre Squarepusher e o robô Z-Machines.  

Imagina a treta: o tal autômato é um guitarrista com 78 dedos e um baterista de 22 braços. Squarepusher levou quatro semanas pra compor o material e mais dois meses pra transpor as composições em algo executável pela máquina.

O resultado é curioso. A superposição de notas de "Sad Robot Goes Funny" causa perplexidade e soa como free jazz de estrutura absurdamente complexa e realização realmente impossível por mãos humanas. Imagine um Yngwie Malmsteen solando sua guitarra com o triplo da velocidade, ou Art Blakey num fast forward com áudio. A onda é essa. 

Há momentos em que tenho a impressão que a coisa vai sair dos trilhos (a metade final de "Dissolver" dá um nó no cérebro), mas elas são compensadas por faixas mais pé no chão, como a frieza da abertura "Remote Amber", a enigmática "World Three" e o encerramento com a bela melodia de "You Endless".

O mais interessante nisso tudo foi Squarepusher conseguir imprimir sua marca no trabalho, diante da dificuldade do desafio, já que Music For Robots não ficou tão distante assim das intrincadas programações do artista em sua própria discografia.

"Sad Robot Goes Funny": jazz abstrato.

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