terça-feira, 22 de abril de 2014

10 Perguntas Para... Fabrício Peçanha


O clichê "dispensa apresentações" bem que poderia ser aplicado à Fabrício Peçanha. DJ e produtor, Fabrício toca profissionalmente desde o começo dos 90, já discotecou em vários países, apresentou-se em todas as edições do maior festival de música eletrônica que o Brasil já viu (Skol Beats), foi eleito melhor DJ do Brasil por publicações como Cool Magazine e House Mag e também já figurou na lista dos melhores DJs do mundo da revista inglesa DJ Mag.

Com uma faixa recém lançada ("I Want You"), Fabrício inaugura a mais nova seção do And Now Blog: "10 Perguntas Para...". Sem periodicidade regular, "10 Perguntas" deve repetir questões direcionadas à artistas diferentes, esperando, claro, que as respostas não venham em uníssono. Eis:

1) Porque o Brasil ainda não emplacou um artista de dance/eletrônica em um nível Chemical Brothers da cena?

Embora alguns artistas brasileiros tenham flertado no exterior e apesar da cena brasileira estar em ascensão, ainda não se compara com a realidade européia ou até americana. A música eletrônica por lá ainda é muito mais forte, por vários fatores: os gringos tem uma cena muito mais antiga e bem mais madura que aqui e além disso, os DJs e produtores ainda pagam o pato por estarem em um país de terceiro mundo, equipamentos são caríssimos por aqui e quando encontramos, há impostos, falta de apoio e patrocínios, falta de cursos especializados e por aí vai. Apesar de termos alguns desses itens, ainda falta muito para nos compararmos com os países de primeiro mundo.

2) Lançamentos de dance enchem uma lista telefônica diariamente. Como esses artistas podem tornar a atividade rentável sem fazer shows e com o download ilegal irrefreável?

Estamos passando por uma fase de transição, onde um CD custava R$ 40,00 e agora custa metade do preço. O mercado mudou e hoje, muitas vezes, é mais fácil comprar uma música que piratear. As gravadores e lojas entenderam que precisamos baixar os preços dos produtos para que o povo compre. Mesmo assim, viver da venda de músicas é para poucos, a maioria dos artistas acabam ganhando com as apresentações ao vivo em festas e shows.

3) Fora da pista, o que tu ouves em casa?

Ouço de tudo, depende do ambiente que estou. Em casa escuto lounge, chill out, etc... No carro, escuto bastante rock e por aí, é claro, existem estilos que não passam perto de mim. Sertanejo, pagode, axé, funk, babas comerciais e estilos bizarros desse tipo não fazem parte da minha vida.

4) Tua faixa mais recente, "I Want You", tem um sample vocal de Pharrell Williams. Qual a dificuldade em liberar o trecho? 

Existe uma burocracia para que sejam liberados samples, mas vejo que cada vez mais os direitos autorais vem perdendo espaço. A partir do momento que algo cai na net, provavelmente ela vai ser usada por alguém. Vejo todos os dias milhares de remixes de clássicos e sons antigos usados nas tracks de hoje.

5) O funk carioca ajuda ou atrapalha a cena eletrônica no Brasil?

O movimento social do funk é interessante, afinal, são pessoas com poucas chances na sociedade despontando como artistas e criando seu espaço, talvez sem a música eles não teriam a chance. Mas o funk está tão distante do eletrônico que não tenho muito entendimento do assunto. O pouco que ouvi me pareceu de uma musicalidade horrível, com letras piores ainda.

6) Quem faz boa música de pista no Brasil hoje?

Existem tantos artistas bons no Brasil, que tenho medo de esquecer alguém. O Brasil nunca produziu tanta música eletrônica boa como hoje em dia.

7) Independente do gênero, qual é o disco mais bem produzido da história?

Existem vários excelentes, mas o último disco do Daft Punk está perto da perfeição.

8) Há planos para um novo álbum (o debut, Silver Lining, é do ano passado) ou tu vais te concentrar em singles e EPs?

Por enquanto estou me dedicando mais a EPs e singles, mas quem sabe venha mais um álbum pela frente.

9) Há um tempo atrás, vi uma entrevista tua em que tu dizias que não curtia tocar com notebook porque a impressão que passava era de que o DJ estava lendo e-mail no meio da festa. Hoje é inevitável tocar sem notebooks? Em que momento da tua carreira aconteceu essa mudança?

Eu comecei com vinil, depois CD, flertei no laptop, com o Traktor... porque muitos clubs que eu ia, não tinham o equipamento 100% como eu precisava, mas não curtia muito ficar olhando pra tela, realmente parece que o DJ tá vendo e-mails. Agora tenho tocado com pendrive, pela facilidade. Sempre fui muito amigo da tecnologia e não tenho medo de mudanças, o que vale mesmo é o som que o DJ toca.

10) Top 5: um eterno e um atual.

Eterno:

1. Depeche Mode - "Enjoy The Silence"

2. Kraftwerk - "The Robots"

3. Alter Ego - "Rocker"

4. Jay Dee - "Plastic Dreams"

5. Donna Summer - "I Feel Love"


Atual:
1. Tim Paris feat. Forrest - "Backseat Reflexion" (Original Mix)


2. Tom Flynn - "Hoochie" (Original Mix)


3. Croatia Squad - "Pop Your Pu**y" (Original Mix)


4. StarRockers - "Back To Cali" (Original Mix)


5. Fabricio Peçanha - "Jack is Back"

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