House Music é uma arte destinada ao single.
Sim? Frankie Knuckles, Marshall Jefferson, Larry Heard, Ten City: singles espetaculares, nenhum álbum inesquecível.
Não? Leftfield (Leftism), Daft Punk (Homework), Basement Jaxx (Remedy), Black Box (Dreamland)... há vários exemplos de gente que dedicou o mesmo cuidado ao álbum que dispensou aos 12 polegadas.
Empate técnico.
Sim? Frankie Knuckles, Marshall Jefferson, Larry Heard, Ten City: singles espetaculares, nenhum álbum inesquecível.
Não? Leftfield (Leftism), Daft Punk (Homework), Basement Jaxx (Remedy), Black Box (Dreamland)... há vários exemplos de gente que dedicou o mesmo cuidado ao álbum que dispensou aos 12 polegadas.
Empate técnico.
DJ e produtor de Chicago (espécie de Jardim do Éden da coisa toda), Lee Foss já tem no portfólio uma bela coleção de singles autorais - que ele lança desde 2010. E chega a 2017 disposto a aumentar a porcentagem dos Discos de House Que Valem a Pena Ouvir.
Seu recém lançado álbum de estreia Alchemy (Emerald City Music, 2017) é, numa palavra, primoroso. Parta do princípio que um bom álbum - independente do gênero - é aquele que funciona, também, em casa. No caso de um disco de dance music, que a aplicação não se restrinja somente às pistas de dança. Ponto para Foss. Alchemy rola inteirinho sem ter nada que te faça procurar o botão skip. São 12 canções absolutamente bem feitas, house em essência, mas perfeitamente digeríveis para qualquer apreciador de boa música pop. Mesmo nas faixas que parecem exclusivamente direcionadas para execução entre luzes ofuscantes e volume médio de 110 decibéis (uma boate, por exemplo), há elementos na música que amenizam a experiência para o ouvinte médio. "Deep Congo", a faixa de abertura, é um caso assim. Com uma linha de baixo sintética de fazer tremer a cristaleira e vocais picotados no refrão, há várias camadas de teclados trabalhando no segundo plano que fazem com que as amostras mais ásperas de som acabem harmonizando perfeitamente em conjunto. O mesmo princípio aplica-se às instrumentais "Transit Of Venus" (absolutamente criativa em suas variações de baixo), "Laserdance" (com suas baterias eletrônicas paleolíticas) e ao encerramento "Lake Shore Drive" (camadas sobre camadas de teclados engrenados num estilo mais próximo à Detroit do que Chicago).
O mesmo apuro dedicado em cada hi-hat, em cada timbre de teclado de Alchemy, também é conferido aos vocais e na escolha de quem canta no álbum. De uma nova safra apadrinhada por Foss viceja a impressionante Alex Mills, que participa brilhantemente de "Haunted"; o sempre presente Ali Love (que já gravou várias faixas com Foss, incluindo o projeto Hot Natured, com o outro chefão do selo Hot Creations, Jamie Jones); a doce Camille Safiya (que participa em "The Gift" e na faixa título); Anjulie (na refrescante pop song "Green Light") e Josh Taylor na funky house "Play With Fire".
Alchemy (como tudo que Lee Foss já pôs as mãos) dispensa formalmente truques e clichês encontráveis facilmente na cena dance mainstream atual - ambiciosa, cheia de vaidade e arrogante como nunca. É um álbum sólido de House Music (merece as maiúsculas) que não despreza o pop, sem pasteurização. Positivamente detalhista, altamente dançável e de uma audição prazerosa do início ao fim.
Enquanto o sofrível Chainsmokers vai pra primeiro na Billboard, Lee Foss, em seu debut, provavelmente cravou o que deve ser o disco de house do ano. Não perca.
"Haunted": só uma das muitas faixas excelentes de Alchemy.
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