O prolífico Dominick Martin (a.k.a. Calibre) começou a produzir em
1995 e grava desde 2001. De lá pra cá, Martin mantém a média de quase um
álbum por ano e os singles e EPs eu já desisti de tentar contar.
Diluição do seu drum'n'bass sombrio com tantos lançamentos? Nem perto
disso. Cada disco novo desse produtor irlandês vem recheado de ótimo
material, a despeito dele não economizar no número de faixas: em The Deep, recém lançado, são doze músicas e mais de uma hora de (boa) música.
O liquid funk (meu subgênero preferido do drum'n'bass) de Calibre é primoroso: na abertura "No One Gets You" e em "Complain" ele encharca os vocais de éter e joga os subgraves para o térreo, em "Enter" teclados ameaçadores medem forças com as baixas frequências e em "Up In Smoke", um naipe de metais jazzísticos casa formidavelmente com o beat acelerado. Pausas estratégicas para o ouvinte tomar fôlego e Martin tira o pé do acelerador nas atmosféricas "Footloose", "Blind For Bang" e "Round Box" ou mesmo na placidez da arritmia semi abstrata de "Better Than Me". A quase deep house "Lit" não soa deslocada num álbum com boas doses de soul e jazz injetadas nas canções e em "Give It Up", Calibre parece suprimir propositalmente justo a caixa da bateria para fazer com que a faixa soe como uma das mais hipnóticas de The Deep. Seja para os apreciadores de eletrônica sem distinção de gêneros ("Mr Natural"), seja para os clubbers ávidos por movimentos de Tai Chi Chuan em fast forward ("Echoes"), The Deep cumpre com louvor as expectativas. Se depender de gente do primeiro escalão como Calibre, o drum'n'bass vai bem, obrigado.
"No One Gets You":
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