Visitando o Wikipedia de Gretchen, me espantei com um dado: ela vendeu mais de 12 milhões de discos. É mais que o Kid Abelha e Lulu Santos, o dobro de Skank e Titãs. Há de considerar a relevância da informação para a, hummm, "cena pop" brasileira. Ainda mais para uma artista que nem vivia exclusivamente da música. Além de cantora, a carteira de trabalho de Maria Odete Brito de Miranda Marques pode tranquilamente estampar as profissões de atriz, dançarina, youtuber e personalidade da televisão - regulamentadas ou não (Rainha do Bumbum é título, não conta para aposentadoria).
Fato é que Gretchen iniciou, mesmo, como cantora, no grupo vocal feminino As Melindrosas, fazendo versões de cantigas de roda sob bases de disco music. A despeito da ideia insólita, os quatro primeiros álbuns do grupo venderam mais de quatro milhões de cópias, o que chamou a atenção do DJ e produtor argentino radicado no Brasil Mister Sam, que a lançou em carreira solo. O debut da cantora (então com tenros 19 aninhos) foi My Name Is Gretchen (capa acima), de 1978, pop com toques de disco e mambo. No geral é fraquinho, Gretchen mais sussurra do que canta (arrisca uns trinados na tentativa meio glam de "Rock'N Roller"), mas imagino que coisas como "I Love You, Je T'Àime" e "My Name Is Gretchen" devem ter deixado a turma de Ernesto Geisel meio sem saber o que fazer quando ouviu. Canções de gosto duvidoso à parte, "Freak Le Boom Boom" é o grande hit aqui. Levadas de violão e piano irresistíveis, palmas por cima da caixa da bateria, trompete chicano e Gretchen gemendo a letra com trechos em inglês, espanhol e francês. Resultado: o single vendeu mais de cem mil cópias, o álbum My Name Is Gretchen foi parar em 5 milhões e nascia um clássico das pistas (o single saiu em vários países da Europa, inclusive). Fora o que ela deixava a galera da mão direita suando frio cada vez que aparecia na Discoteca do Chacrinha.
"Freak Le Boom Boom":
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Spam, get outta here!