Voyager, quinto álbum do Vitalic (o produtor francês Pascal Arbez-Nicolas), saiu no começo do ano e parece já ter envelhecido uns dez anos. Na verdade, metade desse tempo se passou desde o último dele, o fraco Rave Age, mas a sensação de déjà-vu é constante durante os 42 minutos do novo disco.
Não que isso seja ruim, afinal não tem nada no techno atual que não soe
como reciclagem. O problema - mais uma vez num disco do Vitalic - é que Voyager
oscila demais. O techno espacial (evidenciado pela arte de capa,
título, temática das canções e timbres usados) perpetrado por Arbez tem
ótimos momentos de inspiração eletrônica e nostálgica, como em "Waiting
For The Stars", com arpejos pesados de baixo sintético (que impulsionam
uma grande canção pop dançante) ou "Levitation", que é mais Chemical
Brothers que o próprio
Chemical Brothers recente, embora a colisão de sintetizadores tenha me
lembrado de cara "It's More Fun To Compute", do Kraftwerk (1981). A tristonha "Hans Is Driving" (com um vocoder lânguido e vocais "reais" de Miss Kittin)
caberia em qualquer álbum do AIR e com um bom fone de ouvido é
possível ainda perceber sutilezas como um lindo coral celestial no segundo
plano. "Use It Or Lose It" também não faz feio, mais enérgica e dançável
que a média do disco. Ainda da metade apreciável de Voyager,
"Don't Leave Me Now" é um belo encerramento; uma delicada e emotiva
faixa (coproduzida por Roger Hodgson, ex-Supertramp), que parece ter sido gravada na solidão-conforto de uma estação
espacial. Os maus momentos passam por "Lightspeed" e seu riff de
sintetizador grosseiramente baseado em "Funkytown" do Lipps, Inc. (1979), pela viagem prog sem sal de "Nozomi", a pretensão barroca de "Eternity" e a trôpega "Sweet Cigarette".
No fim das contas, ignorando algumas faixas (ou tentando ter mais paciência do que eu tive), Voyager é uma boa audição. Seu lado mais experimental soa árido e pedante, não acho que seja a praia de Vitalic. Já quando ele usa o que parece ser uma bela coleção de sintetizadores vintage para compor canções de inegável apelo pop (como "Waiting For The Stars" e "Don't Leave Me Now"), o resultado é altamente positivo. No mínimo, dá pra dizer que Voyager é bem melhor que seu antecessor e, ao menos, não caiu na vala comum EDM.
No fim das contas, ignorando algumas faixas (ou tentando ter mais paciência do que eu tive), Voyager é uma boa audição. Seu lado mais experimental soa árido e pedante, não acho que seja a praia de Vitalic. Já quando ele usa o que parece ser uma bela coleção de sintetizadores vintage para compor canções de inegável apelo pop (como "Waiting For The Stars" e "Don't Leave Me Now"), o resultado é altamente positivo. No mínimo, dá pra dizer que Voyager é bem melhor que seu antecessor e, ao menos, não caiu na vala comum EDM.
"Waiting For The Stars": nostalgia futurista.
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