Para Karl Bartos, o mundo parou em 1980.
É assim que soa seu recente Off The Record, assumidamente retrô até na capa que retrata um Bartos ciborgue, com visual de 30 anos atrás. Primeiro álbum do ex-percussionista do Kraftwerk em dez anos, o que temos aqui é um technopop desprovido de experimentalismos: vocoders quase onipresentes, beats geométricos e sintetizadores que parecem emprestados do Kling Klang de 1981. Impossível desvencilhar Off The Record da obra de sua ex-banda. Ouça "Rhythmus" com batida à "Numbers" e melodia quase igual à de "Computer World" ou perceba que os temas escolhidos vão, obviamente, pelo mesmo caminho: "Atomium" lembra que Ralf Hütter já explorou o assunto em "Radio-Activity", "Vox Humana" tentando pegar o bastão onde a onomatopéica "Boing Boom Tschak" largou e referências que dizem respeito à cinemática pura - uma das obsessões do Kraftwerk - como "Nachtfahrt" ("Passeio Noturno"). Pena que os bons momentos (coisas como os ritmos engrenados e quase dançantes de "Without a Trace of Emotion" e "Hausmusik") quase sejam soterrados por ingenuidades dignas de um Owl City, como na pavorosa "The Tuning of the World".
"Without a Trace of Emotion": KraftBartos
Percebo que, em cada disco de um Kraftwerkiano (eles são de outra espécie, mesmo), há uma mostra daquilo que cada um queria ter feito naquela época. Há diferenças na métrica, no roteiro e na fórmula das músicas, mas não há nada diferente nos timbres, batidas, etc. Parece que querem dizer: olhem o que eu teria feito com aquela tecnologia!
ResponderExcluir"_ Não temos escutado muita coisa ultimamente, tentamos reduzir os estímulos externos para evitar um excesso de esposição."
Excluir(Ralf Hütter, 1991)
Pelo jeito, Karl Bartos seguiu a lógica do chefe.