quinta-feira, 14 de maio de 2015

The Best Of The Rest


Com duas vocalistas mais lindas que a realidade e vestidos nesses Versace impecáveis da cabeça aos pés, o Ace Of Base teve seu momento. O debut do quarteto sueco, Happy Nation (1993, relançado pro mercado americano como The Sign, com tracklist diferente) é uma das estreias mais bem sucedidas comercialmente de todos os tempos, com mais de 25 milhões de cópias vendidas. Bom, hein? E o que dizer sobre o álbum seguinte, The Bridge, de 1995? Mais maduro e introspectivo (clichês inevitáveis, me perdoe) e com participação efetiva dos quatro membros no processo de gravação e produção, amargou menos de um terço das vendas de seu antecessor. Mas peraí, quem é que vende 7 milhões de cópias hoje em dia? Pra você ver como o mercado mudou.

Bom, a carreira do Ace Of Base vem ladeira abaixo desde então, com hits esporádicos, covers duvidosos e a debandada de Linn e Jenny Berggren (irmãs do chefão Jonas "Joker" Berggren, o da esquerda na foto acima). Aí, calhou do que restou do grupo catar 15 faixas não lançados oficialmente mais alguns lados B da fase boa do projeto (1991/2005) - não por coincidência, o período que tem as irmãs Berggren nos microfones - e chamar isso pretensiosamente de Hidden Gems. O disco tem faixas onde a química do dancehall asséptico de megahits como "All That She Wants" e "The Sign" funciona muito bem, é só ouvir "No Good Lover" (B-side do single "Life is a Flower" e tão boa quanto) ou "Giving It Up" (sobra de gravação inédita de The Sign). Porque era isso que todo mundo esperava: uma nova "Happy Nation", uma outra "Wheel of Fortune" saindo da cartola e, bom, não foi exatamente isso que aconteceu. Claro que Hidden Gems tem músicas que realmente nem deveriam ter visto a luz do dia, caso das pavorosas "Make My Day" (que de tão ruim, ganha um constrangedor fade out antes dos três minutos) e "Come to Me" (uma pálida imitação de, nossa, Vengaboys). Mesmo assim, dá pra pescar coisas bacanas aqui, como aquele riff esquisito de teclado característico do grupo (em "Prime Time") ou as lindas harmonias vocais das gurias na bela pop song "Into the Night of Blue" e em "Mercy Mercy".

Uma ouvida em Hidden Gems e dá pra desenvolver a inovadora tese de que uma coletânea de sobras do Ace Of Base é melhor que 90% dos discos pop lançados hoje em dia.

"No Good Lover": como nos velhos tempos.

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