domingo, 9 de outubro de 2011

Com o Taco na Mão


Se nos anos 80 o uso do sampler aumentava na mesma velocidade que sua tecnologia de armazenagem, processamento e edição de sons crescia, nos 90 o instrumento transformou-se numa arma letal na mão de músicos e produtores. De repente, qualquer um podia ter um grito do James Brown, um baixo do Bootsy Collins ou uma bateria do Led Zepellin na sua música. Discos sensacionais surgiram a partir desses brinquedinhos: de DJ Shadow à Daft Punk, os exemplos são muitos. 



O grande barato da música feita pela dupla Tiger & Woods (ou Larry e David) é o uso absolutamente inventivo do sampler dentro de um gênero em que essa ferramenta foi transformada numa saída fácil para gente sem talento. Em outras palavras, quero dizer que não tenho a mínima idéia de onde esses caras tiraram os vocais e trechos instrumentais transformados em loops infinitos nas dez faixas do álbum Through The Green, lançado no meio do ano. Coisas como aquela voz que parece dizer "ring my bell" com o pitch acelerado em "Don't Hesitate", os violinos com efeito bumerangue de "Time" ou o som doce da flauta de bambú em "Love In Cambodgia". Acredito que fuçando com tenacidade, pode até ser possível saber de onde eles emprestaram essas amostras, mas aí talvez a sensação fosse a de um Mister M revelando como o David Copperfield conseguia se desvencilhar daquelas camisas de força, ou seja, ia perder a graça. Melhor é aproveitar o talento desse duo de origem desconhecida em montar grooves macios e ao mesmo tempo robustos e em picotar e reagrupar sons pra fazer sua música soar como um elo perdido entre a Hi-NRG e a house music neanderthalóide do meio dos 80, como em "Curb My Heart" (essa com vocais de uma tal de 'Em) ou na sexy "Gin Nation", que dá uma bela chupada em "Music & Lights" do Imagination - atitude mais Tiger Woods, impossível - e os únicos samples de baixo e voz que reconheci no disco. Se o nome disso tudo é edit, remix ou sampling, pra mim não faz a menor diferença e a certeza é só uma: essa é a mais divertida armação dançável de 2011.

"Gin Nation": chupando Imagination.



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