Engraçada a música eletrônica. Como é que algo pode soar ultrapassado,
se é o som do futuro? Bom, o Mixhell é assim. A dupla formada por Iggor
Cavalera (ex-batera do Sepultura) e sua esposa Laima Leyton (mais o produtor Max Blum), acabou de lançar seu primeiro álbum, Spaces.
O problema é que o autoproclamado mix "parte animal, parte máquina"
não funcionou em estúdio. Na maior parte do tempo, aproxima-se do big
beat mais visceral dos 90, algo que em 2013 está nitidamente fora de
lugar. Funde instrumentos convencionais (especialmente baixo e bateria)
com efeitos datados, no mau sentido da palavra.
"The Way", por exemplo, é claramente influenciada pela surrada "I Feel Love", de Donna Summer e Giorgio Moroder, dos arpejos de sintetizador à idêntica melodia vocal. "White Ropes" é um som que o Propellerheads fazia em 1998, e a aridez de faixas como "The Shape" e "Antigalactic" não deixa muitas opções pro ouvinte.
Até entendo, porque já vi o live do duo (abriram pro Moby em Abril de
2010, em Porto Alegre) e a energia da performance ao vivo somada à uma
boa escolha de set (quando assisti, até "Rhythm Is A Dancer" do Snap! rolou), é realmente difícil de levar pro disco.
Spaces tem pelo menos duas faixas que podem apontar um caminho pra esse Mixhell que quer lançar discos. Quando o uso da bateria é contido e o foco é mantido no ritmo e no groove, saem coisas como a simpática "Daria" ou o tech house "Come With Me", discreto, mas eficiente. Ou seja, talento, há. Faltou lapidar.
"White Ropes": quinze anos de atraso.
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