Comparações são mesmo necessárias na hora de falar sobre um disco? Depende. O que soava parecido com Kraftwerk, Joy Division, Roxy Music, Pink Floyd, Velvet Underground, Jesus & Mary Chain, Aphex Twin, The Doors? Nada. Artistas absolutamente inovadores como esses cravaram suas bandeiras no Everest musical (essa foi horrível) e mudaram os rumos do pop, influenciando de maneira imensurável o que veio depois deles. Então, o que restou para as gerações subsequentes? Absorver essas influências, fundir, misturar, tentar criar algo novo a partir das sementes lançadas anos atrás.
OK, mas isso você sabe. Então porque essa filosofia de almanaque enquanto divagação de boteco?
OK, mas isso você sabe. Então porque essa filosofia de almanaque enquanto divagação de boteco?
Bom, o Editors está com álbum novo prontinho pra ir pras prateleiras. The Weight Of Your Love sai oficialmente dia 1º de Julho e é o quarto da discografia - o primeiro sem o guitarrista e tecladista Chris Urbanowicz, que saiu alegando estar descontente com os rumos musicais que o grupo estava tomando (a desculpa mais habitual pra esse tipo de situação). Sintomaticamente, The Weight Of Your Love tem muito menos sintetizadores que seus antecessores. Segundo o vocalista e letrista Tom Smith, o Editors tem se aproximado cada vez mais da sonoridade de bandas como R.E.M. e Arcade Fire, mais simples e menos experimental. Na verdade, eles tiram o Joy Division da alça de mira e apontam agora na direção de Ian McCulloch e seus homens-coelho.
The Weight Of Your Love é o Ocean Rain do Editors, levando em consideração a orientação musical: escalas menores, orquestrações de sonoridade oriental, sutil, deprê. O Echo & The Bunnymen começou a usar cordas em suas canções com o single "The Back Of Love" de 1982, mas foi em Ocean Rain que a coisa tomou a proporção de orquestra. E não para por aí. Além da voz de Tom Smith lembrar muito o McCulloch do começo dos 80, ecos dos arabescos sedutores das guitarras de Will Sergeant são fáceis de encontrar dispersos pelas 12 faixas do álbum, especialmente bem colocados entre a ótima linha de baixo e o loop de bateria de "Sugar" e no single "A Ton Of Love". A temática romântica de tons monocromáticos que caracteriza as letras de Tom Smith encaixa-se perfeitamente à doçura dos arranjos ("Honesty"), embora soe exageradamente suntuoso às vezes ("Nothing") e a decisão de gravar ao vivo boa parte do material do disco mostrou-se acertada nos momentos em que o andamento do metrônomo dispara (provavelmente na ótima "Formaldehyde" e nos violões blueseiros de "The Weight").
Agora, esse confronto faz alguma diferença no produto final? Nesse caso não. O Editors tem todo direito de reivindicar para si vestígios de Echo & The Bunnymen, sem que isso signifique um simples pastiche. A banda fez de The Weight Of Your Love um álbum inspirado num darkismo que enxerga o amor de uma forma sinuosa e amargurada, mas com lindas melodias e repleto de boas músicas. Isso é suficiente para livrá-los da pecha de meros copiadores.
"A Ton Of Love": nuvens escuras à vista.
Agora, esse confronto faz alguma diferença no produto final? Nesse caso não. O Editors tem todo direito de reivindicar para si vestígios de Echo & The Bunnymen, sem que isso signifique um simples pastiche. A banda fez de The Weight Of Your Love um álbum inspirado num darkismo que enxerga o amor de uma forma sinuosa e amargurada, mas com lindas melodias e repleto de boas músicas. Isso é suficiente para livrá-los da pecha de meros copiadores.
"A Ton Of Love": nuvens escuras à vista.
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