sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Melhores do Ano - Álbuns (Parte 1)


Negócio é que em 2015 eu ouvi uma batelada de discos; mas nenhum que fosse irrepreensível, bom de ponta à ponta, que ficasse no meu player por dias a fio. Separei, claro, os que mais me chamaram atenção, mas desta vez vai sem ordem de preferência. São 15 álbuns, divididos em três posts. As escolhas - como sempre - ficam restritas ao meu campinho: dance/eletrônica/groove.

Beborn Beton > A Worthy Compensation


Benny Sings - Studio


Disclosure - Caracal



DJ Krush - Butterfly Effect


Esbe - Bloomsday

domingo, 13 de dezembro de 2015

Discos do Ano: LA Priest


Ex-guitarrista e vocalista da finada banda britânica de dance-punk Late Of The Pier, Samuel Eastgate assumiu seu alter ego LA Priest, abraçou suas influências de David Byrne, Prince e Arthur Russell e lançou (no meio do ano) um dos melhores discos de 2015. Com doses muito bem calibradas de experimentalismo e pop, Inji (Domino) encaixa-se em várias categorias, mas não pertence a nenhuma, especificamente. A primeira metade do álbum é arrebatadora. O funk em câmera lenta da abertura "Occasion", com seus solos lânguidos de guitarra, órgãos sacros e vocais lascivos soam mais Prince do que qualquer coisa do último álbum (HITnRUN phase one, lançado em Setembro) do geniozinho de Minneapolis. "Lady's In Trouble With The Law" é como se Terence Trent D'Arby tivesse ressuscitado da morte artística e lançado um dos singles mais bacanas de soul/pop dos últimos tempos. A desolação instrumental de "Gene Washes With New Arm" parece um pequeno e sintomático reflexo sonoro do atual isolamento de Eastgate num pequeno vilarejo do País de Gales: timbres irregulares de instrumentos indefiníveis que há alguns anos seriam incluídos facilmente sob o guarda-chuva da world music, mas que hoje pedem um novo nome (Ambient, Downtempo, você escolhe). Ainda sem pular nenhuma faixa, talvez a grande canção do disco, "Oino" ("Oh I Know", sacou?) continua com a desafiadora tarefa de tentar descrever que música é essa. Na minha cabeça, parece um reggae muito distante de Kingston, tocado por argelinos. "Party Zute / Learning To Love" é disco torta, com uma linha de baixo brilhante, mudanças de andamento e oito minutos de euforia prontos pra serem consumidos nas pistas menos cafonas. Pra completar, Inji ainda tem a sonhadora "Fabby", a house comportada "Night Train" em BPM baixo e teclados escolhidos, literalmente, a dedo e a progressiva que não dá sono "A Good Sign". O pop atual precisa de mais gente como Samuel Eastgate: ousado, talentoso e com um senso melódico apuradíssimo. Não à toa, cravou um dos álbuns do ano.

"Oino": inclassificável, mas de fácil digestão.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Ritmo da Chuva



Tinha tudo pra ser só mais um remix bagaceira, mas a versão reggae de Junior Blender pro hit "It Will Rain", de Bruno Mars, ficou demais. Metais reluzentes e uma melodia que parece ter nascido pra casar com o ritmo caribenho. Blender, aliás, tem uma batelada de boas versões enfumaçadas pra hits fáceis de gente como Adele ("Rolling In The Deep"), Cee Lo Green ("Fuck You") e até Commodores ("Sail On"). Vale o confere na página do cara.

"It Will Rain": ritmo da chuva.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Disco Vegana


"My Mind's Made Up", nova do trio holandês Kraak & Smaak, é puro boogie pós-disco, algo 1982. Guitarra funky escovada convive em harmonia com bassline sintético e slaps reais; timbres de teclados com console de madeira emolduram os bons vocais de Berenice (quem?). Quanta gente tem a manha de produzir um negócio assim, tão bom e atemporal, que passa à léguas do pastiche? Bem pouca.

"My Mind's Made Up": disco orgânica.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Lo-Fi Dub


Chiptune é um negócio meio limitado musicalmente e enche a paciência rapidinho. A minha, ao menos. Dei uma segunda chance pro gênero (?) depois de ouvir No Broken Hearts On This Factory Floor, debut do DJ britânico Jackson James Bailey. O fato de Bailey discotecar com fitas cassete já é esquisito por si só, imagina gravar um álbum inteiro de dub reggae em versão 8 bit. É algo como se Lee "Scratch" Perry tivesse comprado um Nintendo do começo dos 80 e resolvesse tirar um som com o bichinho. A faixa de abertura "Helix Dub", com ruídos e ecos tipicamente Perry, deixa isso bem claro:



Basicamente instrumental, No Broken Hearts traz 16 faixas - seis inéditas e dez lançadas anteriormente em singles (Bailey está nessa desde 2009), remasterizadas especialmente para o disco. Única com vocais (de Vernon Maytone), "Old Pan Sound" não fica nada a dever à matriz jamaicana:


A ideia me parece muito original (nunca ouvi falar em chiptune dub, pelo menos) e o melhor, funciona muito bem. Tem melodias lindas e baixos rechonchudos providenciados por tecnologia fora de linha ou, vá lá, por softwares que recriam com precisão esses timbres datados. No Broken Hearts On This Factory Floor é divertido e altamente apreciável, um disco com faixas que raramente chegam aos três minutos - tempo mais do que suficiente pra Bailey abusar da criatividade com os parcos recursos que dispõe. Por enquanto, é meu disco preferido de reggae de 2015.