Entrar no mundo de Kavinsky é como assistir uma temporada inteira de Miami Vice em VHS: pode distrair por um tempo e soar nostálgico (para o bem e para o mal), mas a falta de variedade vai te fazer olhar com mais carinho para produções atuais que não buscam só no passado sua fonte de inspiração.
Não por acaso, o francês Vincent Belorgey cita a famosa série policial dos 80 como uma das influências presentes em seu debut OutRun (lançado em Fevereiro). Segundo Kavinsky, o disco é baseado na história de um jovem que bate sua Ferrari Testarossa em 1986 e reaparece como um zumbi que produz música eletrônica em 2006 (vai vendo). Daí tantas referências congeladas no tempo: sintetizadores Yamaha DX7, video games, filmes trash de terror (na linha nudez por qualquer motivo, sangue jorrando por todos os lados e humor grosseiro). É só dar uma olhada nos títulos das canções que eles explicam o conceito: "Rampage", "Deadcruiser", "First Blood", "Testarossa Autodrive"... O som é obviamente retrô, com teclados suntuosos (arpejos e timbres de guitarras heavy metal farofa onipresentes) e batidas que buscam a simplificação da forma - no esquema bumbo-caixa, bumbo-caixa, bumbo-caixa. Tem jogadas interessantes, como unir essa noção toda com o hip-hop do rapper Havoc (em "Suburbia"), ou cair em tentação e cometer uma bela canção pop ("Nightcall", com vocais da brasileira Lovefoxxx e produção de Guy-Manuel de Homem-Christo). E para os caçadores de samples, "Grand Canyon" chupa parte dos synths do clássico Italo Disco "Ikeya Seki", do projeto milanês Kano. Pelas idéias que variam minimamente durante os 44 minutos do álbum, OutRun cansa um pouco. Mas não deixa de ser divertido.
"Deadcruiser": é nessa onda aí.
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