terça-feira, 29 de setembro de 2015

Sun Is Shining


Lembra do Sunscreem? Ingleses de Essex, o grupo teve em "Love U More" um hit bem expressivo no biênio 1992/1993. A faixa entrou no Top 40 do paradão americano, ganhou alta rotação nas FMs e pistas e foi sucesso também aqui no Brasil. Na colada veio o bom debut O₃, com um mix bem dosado de trance, house e breakbeat. Era uma visão pop do techno e funcionava muito bem tanto nas raves quanto nos fones de ouvido. O₃ envelheceu dignamente, tanto que o novo álbum do quarteto (com sua formação original), Sweet Life, lembra bastante a estreia da banda. A comparação não é depreciativa. Prova que o Sunscreem não perdeu a habilidade de compor belas canções dançáveis utilizando inteligência e criatividade nos arranjos ("What Will The Sun Say" é um ótimo exemplo), que a voz de Lucia Holm continua adorável (ouça a arrepiante faixa título) e que é possível abrir mão das soluções fáceis disponíveis na dance atual e apostar num tipo de som em que o grupo realmente acredita: o que privilegia melodias, beats que fogem do lugar-comum, basslines poderosos e construções eletrônicas especialmente bem feitas. A faixa de abertura, "Here's The Summer", poderia fazer as vezes de uma "Love U More" atual. Mas tenho quase certeza que isso não vai acontecer. A razão é simples: ainda há, sim, gente que se preocupa com noções como talento e inventividade na hora de ouvir ou dançar. Questão é que essa fatia do bolo é tão pequena hoje em dia que é incapaz de fazer com que o Sunscreem sequer tenha Sweet Life clicado de forma relevante num serviço de streaming qualquer. Imagina voltar a ter um desempenho comercial digno de nota. Se você puder, não desperdice.

"Shut Up":


sábado, 26 de setembro de 2015

Back To The Jungle


Está sendo exibido desde 14 de Setembro, pela TV de entretenimento britânica Watch, a ótima série Singing in the Rainforest, que leva artistas ingleses pra uma trip de uma semana por algumas das comunidades mais isoladas do mundo. Dia 21 de Setembro, foi a vez do Happy Mondays. Levados para o Panamá (onde conheceram a tribo Embera Drua), a experiência culminou na apresentação de uma faixa inédita da banda, "Ooo La La To Panama", pra uma plateia que nunca ouviu falar dos Mondays, mas interagiu da forma mais espontânea possível, recheando o rock grooveado do grupo com percussão e vocais de apoio. O resultado é sensacional. A música já está disponível para download no iTunes e parte do lucro com as vendas será revertido para a tribo. Palmas.

"Ooo La La To Panama": mancunianos na floresta.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Sexta Feira Bagaceira: Paula Abdul



Olha, eu era louco por essa mulher. Cantava direitinho, era excepcionalmente bonita, dançava pra cacete e balançando essa franja repicada aí, Paula Abdul atiçava a galera da mão direita na virada dos 80 pros 90. Forever Your Girl - seu arrasador debut de 1988 - vendeu algo em torno de 12 milhões de cópias mundo afora e combinando pop, dance e R&B, gerou sete singles, quatro deles no topo do Hot 100 da Billboard. Nada mau. Minha preferida da moça é "Straight Up", um sacolejo new jack swing pontuado por um trompete sintetizado e um refrão absolutamente certeiro.

"Straight Up": dançava pouco.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Caras Novas: Torul


Torul é uma banda eslovena de electropop liderada pelo compositor, produtor e fundador do projeto, Torul Torulsson (o da esquerda, na foto acima). Na ativa desde 2010, o grupo vem lançando singles e álbuns por micro selos alemães (Low Spirit Recordings, Infacted Recordings), ganhou alguma rotação na MTV alemã com o vídeo stop-motion para a faixa "Try" (2011) e já está no quarto álbum (The Measure, lançado em Março deste ano). Não difere muito do synthpop germânico atual, mas explora bem as influências de tons cinza escuro de Torulsson (The Cure, Siouxie and the Banshees, Dead Can Dance) sem resvalar na caricatura, além de ter uma mão boa pra compor boas canções pop de plástico. Conheci a banda através de uma das faixas de The Measure, a ótima "Difficult To Kill" (também lançada como single). Os vocais de Jan Jenko são meio canastrões, mas a música é bem feitinha, algo entre The Twins e Clan Of Xymox - o que sempre tem boas chances de acertar em cheio os ouvidos de novos e velhos fãs de bandas dark/góticas que não dispensam o uso do sintetizador. Vale o confere.

"Try":



"Difficult To Kill":

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Whole Lot Of Soul


A despeito da predominância chacundum/sintética deste blog, a nova música de Duffy merece o registro. "Whole Lot of Love" é o primeiro single da cantora galesa em cinco anos e a faixa está também no thriller Legend, já em cartaz na Inglaterra e que estreia nos cinemas americanos no começo de Outubro (Duffy também atua no filme). Raízes fincadas no soul, "Whole Lot of Love" tem o lindo timbre de Duffy entre uma linha de baixo demolidora, guitarras sinuosas e metais certeiros no refrão. É uma bela canção de amor que também pode ser um eficiente estimulante pra pista de dança. A ótima baladona "Dear Heart", que está no lado B, não fica muito atrás: Duffy desfila sua voz com a pequena porcentagem de rouquidão necessária pra provocar arrepios sob a flor da pele junto com o vai e vem sedutor do arranjo de cordas e as levadas jazzísticas das guitarras semi-acústicas. A única reclamação sobre "Dear Heart" é o constrangedor fade out em 02:30. Negócio é esperar pra ver o possível desfecho da canção num provável novo álbum. Por enquanto, a sede por Duffy está saciada.

"Whole Lot of Love":



"Dear Heart":