quinta-feira, 31 de maio de 2018

Reativados


Deixando de lado a aposentadoria do Orbital divulgada em 2014, os irmãos Phil e Paul Hartnoll tomaram fôlego para anunciar um novo álbum programado para Setembro (Monsters Exist, o primeiro de inéditas desde a trilha para o filme Pusher, de 2012), lançar há poucos dias o single “Tiny Foldable Cities” e ainda começar uma turnê agora em Maio, com datas para Inglaterra, Irlanda, Rússia, Espanha e Holanda. Nada mau pra quem aparentemente estava de saco cheio de carregar seus teclados obsoletos pra cima e pra baixo. “Tiny Foldable Cities” encaixa-se no perigoso guarda-chuva IDM - eletrônica até a medula - mas dispensa formalmente a pista de dança. A faixa tem um arranjo intrincado de sintetizadores e ao mesmo tempo uma melodia quase assobiável, que se afasta de experimentações estéreis facilmente encontráveis no gênero. Muito apreciável.


“Tiny Foldable Cities”: Orbital fofinho.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Back To Orbit


Alex Paterson e seu fiel escudeiro, o suíço Thomas Fehlmann, preparam-se para jogar mais um álbum no mercado (o décimo quinto): No Sounds Are Out of Bounds está programado pro dia 22 de Junho, disco que marca a volta da parceria com a gravadora independente inglesa Cooking Vinyl (sai a alemã Kompakt, que lançou Moonbuilding 2703 AD, de 2015 e COW / Chill Out, World!, de 2016). Nomes de peso participaram das gravações, como o frequente colaborador (e exímio baixista) Youth (Killing Joke) e Roger Eno (irmão de Brian Eno). Saíram duas faixas como aperitivo, "Doughnuts Forever", mês passado e "Rush Hill Road", agora em Maio.

"Doughnuts Forever" é uma música que tem mais a ver - embora o instrumental soe mais "orgânico" - com o inacreditável álbum de estreia The Orb's Adventures Beyond the Ultraworld, de 1991, com samples de orquestra, uma belíssima levada de baixo, corinho angelical e trechos de vozes extraídas sabe-se lá de onde.  




Já na houseada "Rush Hill Road", a linha de baixo passa por cima de tudo como um trator, mas deixa espaço pros excelentes vocais de Hollie Cook (cantora e tecladista, filha do ex-baterista do Sex Pistols, Paul Cook) e misteriosos sons orientalizantes. Totalmente acessível mas não pasteurizada, "Rush Hill Road" está na mesma vibe de pista de "Toxygene" (1997, 4º lugar no paradão inglês de singles).



domingo, 20 de maio de 2018

Discloppointing


Fiquei deveras decepcionado com o novo single do Disclosure. Conforme a própria dupla inglesa relatou, há alguns meses eles descobriram a cantora e atriz da Costa do Marfim Fatoumata Diawara e, fuçando em sua discografia, encontraram um trecho que chamou atenção e tiveram a ideia para "Ultimatum", a faixa em questão. Bom, é assim que a canção soa: um sample vocal encaixado numa house que - usando o próprio Disclosure como parâmetro - soa um tanto preguiçosa, com um riff circular de piano elétrico e umas TB303 espalhadas. Seria um bom lado B pra qualquer um dos singles de Settle, o fantástico debut do duo, de 2013. Mas pra um single padrão Disclosure, achei mais parado que saci de patinete.

"Ultimatum": devagar, devagarinho.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Sexta Feira Bagaceira: Michael Sembello


As cenas são, vá lá, clássicas: Jennifer Beals voando de um lado pro outro em piruetas improváveis, Jennifer Beals suarenta acelerando estática no chão da sala, Jennifer Beals dançando pra geral num inferninho. Ficou pra sempre na minha retina e é a única coisa que lembro com clareza do blockbuster Flashdance (1983), um filme que deve ter passado dezoito vezes na Sessão da Tarde. O som que movimenta a ofegante atriz durante a performance é "Maniac", single de estreia de Michael Sembello, um ex-músico de estúdio que emprestou seus dotes com as seis cordas pra gente como Michael Jackson, Diana Ross, Chaka Khan, George Benson e Donna Summer, até apostar na carreira solo e emplacar um número 1 no Hot 100 da Billboard, logo de cara. Estrutura de synthpop com pegada de Hi-NRG, "Maniac" é uma boa canção pop que acabou alavancada por um filme despretensioso mas que comercialmente, deu muito certo e levou Sembello pra galeria dos one hit wonders oitentistas.



Também vale o confere na atualizada que os italianos do Bloody Beetroots deram na faixa, em 2007:

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Tio Aldo


O nome Aldo, The Band já tinha aparecido em algum momento na tela do meu note, mas se eu ouvi o grupo paulistano de 2013 (quando lançaram o primeiro disco, Is Love) pra cá, devo ter escolhido a(s) faixa(s) errada(s), porque passou batido. Pensei que deveria ter, entretanto, um bom motivo pro Radiohead em pessoa (haha) escolher o Aldo pra abrir seus shows recentemente aqui no Brasil (junto com Junun e Flying Lotus) e isso acabou reativando meu interesse/curiosidade. Pesquisa aqui, baixa ali e o saldo é positivo. As faixas detestáveis ("Hold Me Back, Insane") estão em número menor, comparando com as adoráveis, como "Unbreakable", "Liquid Metal" e essa "Trembling Eyelids" - single lançado dia 20 de Abril que fará parte do terceiro álbum do grupo. Com slapadas de baixo, synths trôpegos, vocais sonolentos (no bom sentido) e batida hipnótica, "Trembling Eyelids" é uma ótima canção. E o Aldo, pode ficar tranquilamente na mesma prateleira de CDs (ou na mesma pasta de arquivos) de Holy Ghost!, The Rapture e Jagwar Ma, sem nenhum complexo de inferioridade. Muito pelo contrário.

"Trembling Eyelids": consolidação ou promessa?