quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Menino-Prodígio

 
Abusado esse moleque. Além de ter cometido um dos álbuns de house-retrô mais divertidos do ano passado, o francês Surkin leva o R'n'B pra muito mais além do que gemidos de 'ahã-ahã' e pseudo-divas entediadas.
 

Desta vez ele chamou o ótimo vocalista e produtor Todd Edwards (cantou em "Face To Face", do Daft Punk) pros vocais de "I Want You Back", faixa-título de seu mais recente EP. E ainda tem "This Way" e "Mighty Love", duas dance tracks honestíssimas de basslines nervosos e bumbos batendo bem no meio do estômago. Mas é "I Want You Back" que vai pra minha lista de melhores do ano mesmo. Espetacular.

"I Want You Back": se Usher fosse cool, soaria assim.
 

Dubwood


Adrian Sherwood, mais de 30 anos pavimentando a ponte que liga Kingston à Londres através do dub, acaba de lançar disco novo.
 
 
Survival & Resistance é apenas o quarto álbum de Sherwood, incluindo aí uma colaboração com o lendário Lee "Scratch" Perry (Dub Setter, 2009).  Mas isso não significa falta de inspiração ou preguiça, o fato é que esse respeitável britânico de 54 anos também está a frente de um dos selos-chave do gênero (o On-U Sound) além de produzir e remixar gente tão diversa quanto Primal Scream, Depeche Mode, Asian Dub Foundation e Sinéad O'Connor. Survival & Resistance é um sopro de inventividade nessa ramificação do reggae tão maltratada ultimamente como o dub. Tem participações ilustres, como Adamski e o nosso subestimado Guilherme Arantes (na bossa-dub "Starship Bahia"). Bacana alguém de fora e de tamanha relevância como Sherwood gravar com um músico de primeira como Arantes, aqui visto por muita gente como não mais do que um sub-Phil Collins verde-amarelo.
 
"Starship Bahia": bon voyage.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Recover


O norueguês Bernhoft aventura-se no catálogo das Tias Fofinhas e comete uma versão vocoderizada do clássico "Shout". Só não entendi o porquê do topetudo ter chamado isso de remix, se na verdade trata-se de um cover. O óculos e o cabelo são cool. Mensagens mal educadas para http://www.bernhoft.org/. Dica do Cris Antunes.

"Shout": por trás dessa lente tem um cara legal.
 


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Shade Techno

 
Os tech housers do Booka Shade acabam de lançar EP novo.

 
 
Chama Honeyslave EP e saiu pela Dim Mak Records, não pela habitual Get Physical. Não me pergunte porque. Tanto a faixa título quanto "Tomorrow Belongs to Us" estão à léguas de distância da precisão matemática dos beats e dos riffs memoráveis de hits anteriores da dupla alemã ("Body Language", "In White Rooms", "Mandarine Girl"). A curiosidade fica por conta da versão Club Mix de "Tomorrow Belongs to Us", que tem um baixo que me lembrou de cara o clássico "French Kiss" do Lil' Louis.   


"Honeyslave": faltou aquele gancho.

sábado, 25 de agosto de 2012

Being Boring


"... we were never being boring
We were never being bored..."

Até agora, os Pet Shop Boys - mesmo com algumas escorregadas - fizeram valer o trecho de um dos seus hits. Mas "Invisible" e "Winner" (faixas apresentadas antes de Elysium - décimo primeiro álbum da dupla - estar à solta na rede), já eram sinais não muito animadores. Infelizmente, o disco é chato pacas. O que aconteceu com Tennant/Lowe? Falta de inspiração? Preguiça? Acomodação? Acho que um pouco de tudo. Eu esperava, claro, um envelhecimento digno. Queria ver mesmo dois velhinhos sacanas falando da noite, de sexo, de emoções baratas; com aquele mesmo humor ácido, com a habitual ironia sutil mas com a visão de quem agora está na casa do meio século e enxerga tudo com aquele riso de canto de boca. O que vem no pacote de doze faixas é um Pet Shop Boys conformado, quase aposentado, encostado num canto como aquele velho Emulator obsoleto no estúdio. Gravado em Los Angeles no início do ano e co-produzido por Andrew Dawson (que "...ganhou três Grammys por seu trabalho com Kanye West..." conforme release do disco e como se isso fosse atestado de qualidade), Elysium tem os arranjos mais fracos da história da banda. O que é "Hold On"? Parte de algum musical soporífero da Broadway? E as cordas melosas mirando-o-horizonte-infinito de "Winner"? A pose de Chris Lowe sempre foi propositalmente blasé, mas agora é o som que soa terrivelmente entediado. Ouça "Ego Music" e constate que esta é uma das piores contribuições musicais de Lowe para uma canção dos Pet Shop Boys em toda a discografia da banda, simplesmente nada funciona: os efeitos são surrados, a batida é sem graça, essas mudanças de andamento... Nem com a pista de dança a dupla pareceu se importar em Elysium, não há nada de muito empolgante e remixável assim, de cara. Talvez uma figura como Fred Falke possa recauchutar as medianas "Leaving" e "Face Like That", únicas faixas com algum potencial dançável no álbum. Bola pra frente. Espero que daqui uns seis meses (ou antes, se possível), Tennant e Lowe percebam que esse disco foi equivocado. Prefiro vê-los como o Los Del Rio do technopop do que com essa apatia atual.

"Leaving": um dos pouquíssimos momentos de luz em Elysium.

Pet Shop Boys - Leaving from Mario Cebollini on Vimeo.