segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Mo ' Better Maceo


Moeda valorizada na house music atual, Maceo Plex não decepciona no seu EP mais recente, Sweating Tears. Saiu em Setembro do ano passado, mas continua fresquinho. "Can't Leave You" traz uma base bem cimentada, groove macio, samples vocais esquisitos. É house com blips techno, é techno com levada house. O B-Side "Stop Your Hate" segue na mesma linha, só que mais engrenado, hipnótico. De lambuja, um remix com um véu dark cobrindo "Can't Leave You", feito pelo duo italiano Tale Of Us

"Can't Leave You": Maceo Plex subindo de cotação.

Se liga, David


Se eu fosse o David Guetta, começaria a ficar preocupado. Dica do Cris Antunes.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Caindo Na House


Coisa linda esse single. Falling tem duas faixas totalmente instrumentais com arranjos tão competentes que realmente dispensam vocais. Saiu no finalzinho de Dezembro, e é mais um disco bacana lançado pelo promissor produtor inglês Edwin van Cleef. A faixa-título é ouro puro, com timbres de teclados cuidadosamente bem colocados, amparados por uma base disco encorpada. O lado B ("Nala") traz sintetizadores saltitantes mirando o infinito, quase como um trance de rotação mais baixa. Vale ouvir.


"Falling": melodia sonhadora.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ultrasonoplastia


Tech house ou progressive trance? Sei lá. O que importa é que o novíssimo single "Costa Rica" do duo sueco Ticon é tão empolgante que parece ser daqueles hits de pista que já nascem prontos pra manter um alto número de pés em movimento sob luzes frenéticas numa pista de dança. Dance track da semana.

"Costa Rica": a procura do riff perfeito.

Docemente Irreverente


Levou só vinte anos pra eu conhecer o álbum de estréia do Candy Flip, Madstock . . . The Continuing Adventures of Bubble Car Fish, de 1991. A banda de Manchester havia voado alto no paradão inglês (#3) um ano antes com um cover pra lá de viajandão de "Strawberry Fields Forever", daquela bandinha de Liverpool. O trio Danny Spencer, Kelvin Andrews e Ric Peet jogou a batida de "Funky Drumer" de James Brown - amplamente usada por bandas indie dance da época - no clássico de 1967 dos Fab Four e o resultado foi que sua visão de "Strawberry..." virou hino dos incansáveis ravers ingleses do começo dos 90.

   
Os singles seguintes ("Space" e "This Can Be Real") não tiveram a mesma força, mas o álbum é muito bom. A pegada do Candy Flip era nitidamente sessentista, mas curiosamente a banda quase dispensava formalmente o uso de guitarras em seus trabalhos, optando por sintetizadores e baterias digitais. O disco tem lindas passagens com ritmos dance de batidas quebradas e pedais wah-wah ("See The Lights", "Space"), pianinhos e vocais sussurrados ("Theme"), house espacial ("Love Is Life") e tiquezinhos de Kraftwerk (os efeitos dos teclados em "Redhills Road"). Algo como se os Beatles encontrassem o 808 State no Haçienda e ambos tomassem umas pílulas antes de fazer uma jam. Como Madstock... está fora de catálogo há muito tempo, toda pirataria será perdoada. Tem aqui.

"Strawberry Fields Foverer": Madchester Rave On.


domingo, 22 de janeiro de 2012

Complextrøm

O sapo não lava o pé, não lava porque não quer. Putz...
Eu não tenho dúvida nenhuma que o norueguês Hans-Peter Lindstrøm é um sujeito talentoso. Já viu a cacetada de remixes que ele tem na pasta? LCD Soundsystem, Franz Ferdinand, Roxy Music... o cara tem jeito pra coisa. 


Seu recente Six Cups Of Rebel extrapola os limites da chamada space disco: é um álbum de eletrônica meticuloso, bem pensado, complexo e muito bem executado instrumentalmente. Dificilmente você vai encontrar opiniões contrárias por aí, e eu seria esmagado por um caminhão de argumentos se ousasse discordar. Só bato o pé num ponto: Six Cups Of Rebel não pode receber a tag Dance Music. Ninguém precisa abdicar de conceitos como criatividade e inventividade, mas música pra dançar já foi bem menos complicada do que isso um dia.

"De Javu": Houston, we have a problem.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

The Best Of The Rest


O trocadilho infame "Pet Shop Sirs" não tem mais graça, né? OK. Viu que eles vão lançar em Fevereiro mais uma compilação de B-Sides e raridades? Format vem na mesma onda de Alternative, coletânea de 1995 que juntava trinta lados B dispostos cronologicamente em dois CDs. Já Format cobre o período restante, até a atualidade. 

 
A diferença é que dessa vez a dupla incluiu promos tipo "The Truckdriver & His Mate", que saiu em 1996 na versão cassete do single "Before" e também numa edição limitadíssima em vinil com uma capa que trazia a singela imagem de um par de bilaus cabisbaixos. Outro promo sensacional é "The Boy Who Couldn't Keep His Clothes On", um sacolejo house de teclados xinfrin e uma capacidade notável de transformar o título auto-explicativo da canção num refrão ganchudo. Format também revela coisas como o duo se aventurando na selva drum'n'bass, com resultado duvidoso ("Betrayed"), trip-hop (a arrastada "Silver Age"), techno-estéril ("Transparent", "Casting A Shadow") e numa vibe totalmente adolescente (algo me diz que "The Ghost Of Myself" foi escrita pensando em Britney Spears). Tem ainda as provocações e ironias típicas dos Pet Shop Boys, na ótima "How I Learned To Hate Rock And Roll" e em "Searching For The Face Of Jesus"; remixes ruins como "In The Night (1995)" e "Discoteca (New Version)" - muito abaixo das originais - e baladonas corta-pulsos como "No Time For Tears" e "Confidential (1992 Demo For Tina Turner)", que me deixou curiosíssimo a respeito do subtítulo. E os hits em potencial relegados à mero preenchimento de singles? Aqui temos faixas inacreditáveis como a lindíssima "In Private" (com participação de Elton John), popíssima, mas que acabou no outro lado de "Minimal" (2006). Bom, para fãs dos Pet Shop Boys como eu, esse disco é um presente e tanto antes da dupla lançar álbum novo (prometido para esse ano). Para apreciadores de música pop então, nem se fala. Só fica a dúvida: se você acha que Neil Tennant e Chris Lowe estão precisando de grana pra pagar seus respectivos jardineiros, espere o lançamento oficial. Senão, ele já está disponível por aí, você sabe. 

"How I Learned To Hate Rock And Roll": eu também detesto ás vezes, Neil.



quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Escandinávia Disco Club

Terje: influência até...
...dos bigodes de Moroder.

Cada vez que ouço faixas como "Inspector Norse" do norueguês Todd Terje, me impressiono ainda mais com a imensurável influência na música eletrônica exercida por um cidadão italiano chamado Hansjörg Moroder, mais conhecido como Giorgio Moroder. A revitalização da disco praticada por gente como Terje leva a fidelidade às últimas consequências. Seu EP mais recente, Its The Arps, foi todo executado no sintetizador analógico ARP 2600, um equipamento largamente utilizado por Moroder. As outras quatro faixas nem são grande coisa, mas "Inspector Norse" é uma locomotiva sintética de quase sete minutos, que explora muito bem as possibilidades melódicas do ARP. Bem aos moldes do bigodudo Moroder, um dos pais da matéria.

"Inspector Norse": old-new-disco.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sadness Step

Zomby - assim como SBTRKT - também curte uma máscara.
 Tendência: gravadoras de respeito colando no dubstep. Skrillex na Atlantic, Rustie na Warp... e Zomby na 4AD. E sabe que faz todo sentido esse produtor inglês estar associado à 4AD? O selo que ganhou fama por abrigar no seu cast nomes gótico-etéreos tipo Bauhaus e Cocteau Twins mas que só viu seus cofres transbordarem mesmo quando o projeto M|A|R|R|S estourou a muralha de samples "Pump Up The Volume" e começou a avalanche britânica da acid house em 1987, tem tudo a ver com o som de Zomby.


Seu álbum Dedication traz exatos 35 minutos divididos em 16 experimentos de eletrônica sombria, recortados por pianos sinistros ("Basquiat"), cordas amedrontadoras ("Haunted"), vocais assexuados numa vibe Burial ("Natalia's Song") e títulos tão curtos quanto a duração das faixas ("Lucifer", "Salamander" e "Vanquish" nem chegam à um minuto). Por vezes os timbres dos sintetizadores passam raspando em algo que lembra música de video game, mas eles estão estranhamente bem inseridos em canções como "Black Orchid" e "Digital Rain". No geral, são muitas idéias espalhadas em pouco tempo, então vale deixar o disco no repeat pra conseguir digerir tudo.

"Natalia's Song": o dubstep se afasta dos quadris.



   

Rótulos


Minhas tentativas de associar artistas com determinados tipos de som e inserí-los em alguma cena ou movimento ou algo parecido pra facilitar o agrupamento e classificação foram por água abaixo quando alguém cunhou o termo "post-whatever" para designar o som da dupla Travis Stewart e Praveen Sharma, o Sepalcure. Pós-dubstep, pós-techno, UK garage, house... nada mais disso serve. Agora é pós-qualquer coisa. E salve-se quem puder. O Sepalcure é um pouco de tudo isso, um Frankenstein moderno que não cabe mais em rótulos. Tem vocais loopados como vagas lembranças de divas flamejantes em vinis de house music, trazidas à tona via sampler ("Pencil Pimp"), frequências de grave dois palmos abaixos do seu peito e batidas tentando escapar da mesmice ("Eternally Yrs"). O mais irônico de seu epônimo álbum de estréia é que um som tão aparentemente inclassificável assim já soa datado assim que entra no ouvido. Causa provável? A ressaca déja vù que esse coquetel traz embutido na fórmula.  

"Pencil Pimp": classifique você.



2012!


Fim do mini-recesso, retomo o blog. Pé na tábua, 2012.