terça-feira, 28 de setembro de 2010

Cores Idênticas


O americano Brian Hazard é um bom pianista e tecladista. No seu recente álbum The Sound, encarnando a banda-de-um-homem-só Color Theory, Hazard mostra alguns caminhos inovadores para os sintetizadores percorrerem - se estivéssemos em 1984. Tudo aqui soa como o que de pior o Depeche Mode produziu nesse período, ou seja, a ba(ba)lada "Somebody". E não é que Brian Hazard canta igualzinho ao Martin Gore? Nem sei o que é mais constrangedor: a clonagem descarada do principal compositor do Depeche ou a versão risível para "Living a Boy's Adventure Tale" do A-ha. Mantenha distância.


   

O Inferno é Aqui


How To Destroy Angels é um projeto de Trent Reznor paralelo ao Nine Inch Nails e dividido com a (bela) companheira de cama e mesa Mariqueen Maandig, mais o produtor inglês Atticus Ross. O trio lançou no meio do ano um irregular e epônimo EP de seis faixas. Os melhores resultados são quando a banda sobrevoa o pantanoso terreno do trip-hop, com a cadência marcial e os vocais sussurrados de Mariqueen em "The Space In Between", e no ritmo lento e engrenado da sombria "A Drowning". O resto peca nos excessos de distorção e timbres mucho locos do chamado pós-industrial

Tensão pura no vídeo da ótima "The Space In Between":

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Eletrobatucada Sincopada


Amon Tobin, aquele cara que deixou todo mundo com a mão no queixo com seus dois primeiros discos de jazz eletrônico torto (Bricolage de 1997 e Permutation de 1998); especialista em desconstrução rítmica e em criar batidas tão abrasivas quanto originais, e considerado uma das figuras mais inventivas da música eletrônica atual, está com disco novo. Monthly Joints Series perde em frescor porque aqueles ruídos de furadeira ordenados ritmicamente ("Trickstep") já não impressionam tanto quanto lá no meio dos 90. Mas com um pouco de paciência, dá pra curtir as experimentações de Tobin (carioca de nascimento, radicado em Londres e atualmente no Canadá) com instrumentos de percussão inidentificáveis ("Delpher") ou com o que seria o funk em Saturno, na visão distorcida do artista ("Dualistic"). É bem verdade que ás vezes as coisas saem do controle ("Shut Down") e dá a impressão que o termo "laptop music" foi cunhado pra explicar bobagens como essa.


"Delpher" e sua curiosa percussão:



 

Hurts


Atrás dessas caras austeras também bate um coração. Sintético, mas bate. O Hurts acaba de lançar seu debut, Happiness: onze canções com uma carga emocional forte e dosada, e movida a sintetizadores. Parece exageradamente melancólico. Mas não é. É a felicidade, do jeito deles. Cometeu um dos discos do ano. Leia resenha completa aqui no rraurl.

domingo, 26 de setembro de 2010

Música do Mês: "I Die For You Today", Alphaville


Pare de esfregar os olhos que é isso mesmo. Nem o mais otimista dos fãs de synthpop poderia esperar que desse mato ainda saísse coelho, mas aos 56 anos o alemão Marian Gold (nome verdadeiro: Hartwig Schierbaumm) carrega sozinho o nome da banda responsável por hits como "Big In Japan" e "Forever Young". Pois o Alphaville volta depois de sete anos sem material inédito com uma música que eu achei sensacional: "I Die For You Today". O single sai oficialmente dia 08 de Outubro, mas cópias de um promo com remixes de Blank & JonesDJ Tocadisco já circulam pela rede - sem a versão original da música, no entanto. O vocal de Marian continua inacreditavelmente intacto, a voz é limpa e potente. De batida forte, ótima linha de synths e letra fácil, "I Die For You Today" é disparada a canção mais cafona, mais legal e a que mais ouvi em Setembro.

"I Die For You Today":

domingo, 19 de setembro de 2010

A Arte do Ruído


Boa oportunidade de conhecer o trabalho do Art Of Noise com o recém-lançado Influence: Hits, Singles, Moments, Treasures..., mais um "Best Of" na carreira da banda. Com nomes famosos na linha de frente (Anne Dudley, Trevor Horn e J. J. Jeczalik entre eles) e sempre desprezando o uso da imagem em favor da música, o projeto foi formado em 1983 na Inglaterra e foi um dos pioneiros na utilização do sampler na música pop. O som pode até soar terrivelmente ultrapassado hoje em dia, mas lembre-se que no começo dos 80 não existiam as facilidades do control C + control V disponíveis no seu computador atualmente. Na época eles se viravam com o então novíssimo Fairlight CMI, o primeiro sampler digital da história. Obrigatório.

"Moments In Love":



Novos Latidos


Um Underworld pop como talvez nunca tenha se ouvido é o que se percebe em Barking, novo e excelente álbum da dupla Karl Hyde e Rick Smith. Resenha completa no rraurl.

"Always Loved A Film", candidata a dance track do ano:





Trance Irrelevante


Munido de uma paciência Jóniana, resolvi encarar as quase duas horas do novo álbum do top-top DJ holandês Armin van Buuren. Vai que o cara grava o disco do ano e eu - por preconceito ou burrice - não ouço? Bom, não foi fácil. Mirage traz 21 variações do mesmo tema: trance festeiro de temática invariavelmente romântica. São 16 faixas mais 5 de bônus pra quem comprar no iTunes. Todas são iguaizinhas: sintetizadores crescendo devagar, vocais sofridos, bumbo reto, pouca variação melódica, ecos aqui e ali, pausas... e mais synths progressivos. É um disco no piloto automático. O van Buuren conseguiu fazer até com que a muito interessante Sophie Ellis-Bextor (vocais em "Not Giving Up On Love") passasse completamente despercebida no meio de tantas faixas idênticas. E ainda teve a manha de convidar o mala do Adam Young (Owl City) pra bocejar em "Youtopia". Juro que simpatizei com "Going Wrong" do disco anterior dele, o não menos cafona Imagine, de 2008. Mas esse Mirage não dá. Aliás, ninguém tasca: é o pior disco de dance music do ano.

"Full Focus", primeiro single extraído do novo álbum:

domingo, 12 de setembro de 2010

Novo Romântico


Vale a pena ouvir Love Harder, novo álbum do promissor Ali Love (nome verdadeiro: Alistair McLovan). Londrino de 28 anos, Ali lançou seus dois primeiros singles de forma independente em 2006, até ser convidado pelo Chemical Brothers no ano seguinte para cantar em "Do It Again" (do álbum We Are The Night) e ganhar a projeção que precisava. Love Harder saiu mês passado e mostra o cantor como mais um entusiasta da época em que o techno era pop, ou seja, a década de 80. Ali tem um timbre que lembra Prince em alguns momentos; não é lá muito versátil, mas cumpre com eficiência o papel de crooner electro-sentimental. Sintetizadores em primeiro plano e batidas comportadas, o disco alterna ítalo-disco de BPM baixo ("Dark Star"), Hi-NRG ("Love In Darkness") electro funkeado ("Done The Dirty", com backing vocais de Lou Hayter do New Young Pony Club) e pop com ótimo acabamento (os singles "Love Harder", "Diminishing Returns" e "Smoke & Mirrors"). No final das contas, Love Harder é bastante homogêneo e fácil de ouvir - exatamente como os bons discos pop devem ser. 

"Diminishing Returns":  

sábado, 11 de setembro de 2010

Blue-Eyed Funk



Se alguém me convidasse para ouvir o novo single do Whispers e me dissesse que este single é "Don't Turn The Lights On", eu acreditaria. Só que esse ótimo pedaço de funk eletrônico faz parte de Business Casual, novo álbum do Chromeo que sai oficialmente em 14 de Setembro. O Chromeo é a dupla P-Thugg (Patrick Gemayel) e Dave 1 (David Macklovitch): nerds, branquelos, canadenses e bem intencionados.  E em "Don't Turn The Lights On", mostram que também são alunos aplicados do electro-funk de boa cepa.

Chromeo: "Don't Turn The Lights On", 2010



The Whispers: "And The Beat Goes On", 1979

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Embuste Electro


Quero ver quem é que vai sobrar quando essa onda revivalista dos 80 acabar. Se é que vai acabar. Porque por enquanto é muito fácil enfeitar o som com sintetizadores vagabundos, fazer pose de indie largadão e chamar isso de "moderno". Querer ser moderno não é ser moderno - que o digam os neozelandeses do Kids Of 88. Meros aproveitadores. Aposto que eles gastaram mais tempo pensando no nome da banda do que compondo as músicas desse fraquíssimo Sugarpills, lançado mês passado. A única faixa desse disco que ameaça funcionar é o rockzinho de prato sibilante "My House", mas os vocais insuportáveis põe tudo a perder. Mesmo assim, esse single lançado em Abril do ano passado foi suficiente para render à dupla Jordan Arts (teclados) e Sam McCarthy (vocais) um contrato com a Sony Music. O diretor de A&R da Sony deve ser um cara muito otimista. Ou surdo.  

"My House":

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Aiô Silver


Se existe algum lugar no pop para algo chamado folkdisco, é lá que está o Mustang. Lançado pelo selo alemão Gomma Records em Fevereiro desse ano, Chameleon Circus EP traz quatro faixas onde baixos adiposos convivem em harmonia com violões de cordas de aço ("Chameleon Circus"), teclados neandertais engatam a marcha ítalo-disco em longas viagens instrumentais ("The Cockatoos" e "On Mercury") e guitarras à la Nile Rodgers se enroscam com house jurássica ("Try To Dance"). O Mustang é a dupla belga Renaud Deru e Andy Faisca, ambos DJs e na casa dos vinte e poucos anos.

 "Chameleon Circus":

domingo, 5 de setembro de 2010

Drum'n'Pop


Conheci o som dessa dupla sueca lá no INMWT do Denis Pedroso. A capa acima é o EP de estréia dos caras, Modual Promo EP, por enquanto disponível para venda somente no formato digital no Soundcloud. Depois que algumas audições minhas foram registradas pelo LastFM, Mike - metade do Modual - me enviou um e-mail dizendo que havia percebido que eu havia gostado do som, e resolveu escrever para explicar um pouco sobre a música desse duo de Estocolmo. Segundo ele, o Modual "mistura dubstep com drum'n'bass somado à vocais pop e arranjos de cordas, para criar sua própria versão de música de pista". A descrição de Mike cabe nas três faixas do EP: "Waltz" tem batida forte cadenciando o ritmo drum'n'bass e um sax jazzy bem relaxado atravessando toda música. "Deeper Than This" é a parcela dubstep do EP, com subgraves forrando o arranjo. "Shadows Play" foi a que me viciou de cara. Originalmente seria chamada de drum'n'bass, mas os pianos, as cordas e os vocais macios pedem outro nome. "Chill'n'Bass"? "Drum'n'Ambient"? Ouça as faixas no MySpace da banda e defina você onde a música do Modual se encaixa melhor.    

Ou Est Le Swimming Pool



Um futuro promissor era o que se previa para a banda londrina Ou Est Le Swimming Pool. Com boas doses de humor e um synthpop pegajoso, eles tinham tudo pra se tornar o A Flock Of Seagulls de sua geração - não fosse o suicídio do vocalista Charles Haddon num festival de música na Bélgica, dia 20 de Agosto.
Os membros remanescentes mantiveram o lançamento do bom álbum The Golden Years para Outubro, e as datas de shows agendadas para Setembro e Outubro ainda constam no MySpace da banda.

O single de estréia "Dance The Way I Feel" saiu em Setembro do ano passado (com remix de Armand Van Helden) e é um ótimo exemplo dessa saudável anarquia que estava fazendo falta num gênero lotado de figurinhas blasé e afetadas:

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Midnight Magic

Single de estréia desse povo do Brooklyn. Parte dos integrantes do Midnight Magic já tocou com o Hercules and Love Affair, parte perambulou pela DFA Records e no palco são nove indivíduos (!). "Beam Me Up" saiu num 12" em Junho desse ano pelo selo alemão Permanent Vacation com essa simpática capa do fantasminha camarada. Piano ensandecido, baixo no esquema "dugu-dugu-dugu-dugu" e vocais extasiados na disco mais 1976 de 2010. Sensacional.


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Miami Australiano






















Discaço. Um dos melhores que ouvi em 2010. Resenhei o álbum do Sr. Benjamin Plant aqui no rraurl.

"Moon Theory", uma das faixas de Illumination:

Aviso aos Navegantes

Negócio é o seguinte: a partir de agora este que vos tecla irá deixar este espaço com cara de blog mesmo. A saber: textos mais enxutos, menos preocupação gramatical, menos importância à diagramação, atualizações com menor intervalo de tempo possível - peridiocidade diária seria o ideal, mas acho difícil eu me policiar pra cumprir essa tarefa. Textos mais elaborados que mereçam maior atenção estarão no rraurl


That's all, folks!