segunda-feira, 30 de junho de 2014

Acid Feelings


B.G. Baarregaard, o produtor islandês que apareceu ano passado aqui no blog com a boa "Give Your Heart To Me", continua na linha de produção. Desta vez, ele atualiza o R&B clássico de Cherrelle e Alexander O'Neal, "Saturday Love", original de 1985 (Junior Jack já havia usado a fonte no seu hit "My Feeling", de 1999). Sampleando parte dos teclados, os vocais de O'Neal e adicionando o baixo transistorizado da TB-303, Baarregaard deu vida nova à faixa numa house com sabor retrô mas frescor atual.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sexta Feira Bagaceira: Anita Ward


"Ring My Bell" foi o single de estreia da one hit wonder Anita Ward. Lançado em 1979, vendeu pra cacete e até hoje garante a presença de Ward nas pistas do planeta. Pudera, a música é boa demais. A riqueza instrumental inclui uma linha de baixo habilidosa, cowbell, glockenspiel, barulhinhos percussivos aleatórios e o gancho clássico de bateria eletrônica que percorre toda música - uma das primeiras faixas da já moribunda disco a usar uma bateria sintetizada. Tantas ideias boas pra jogar numa música resultou na necessidade de três estúdios e quatro engenheiros de som para garantir a fidelidade do registro. "Ring My Bell" já foi regravada por gente como DJ Jazzy Jeff & The Fresh Prince, Tori Amos e também ganhou uma desnecessária versão do Pato Fu. Ainda bem que clássicos como esse são indestrutíveis.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Reaparecendo


 O britânico Jon Hopkins lançou um dos melhores álbuns de eletrônica do ano passado (Immunity) e dia desses resolveu retrabalhar uma das faixas do disco. "We Disappear" aparece originalmente sem vocais, mas Hopkins convidou a soul woman inglesa Lulu James para cantar lindamente na nova versão. O resultado é, com o perdão do clichê, celestial.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Yo! Deutsch Rap!


Não se assuste com a cruz invertida tatuada nessa máscara-panda. O alemão Carlo Waibel é inofensivo. Tanto quanto o rap que ele grava sob o apelido Cro. Discursando sobre trivialidades numa embalagem bem pop, Cro consegue ser divertido e dançante, com um punhado de refrões bem grudentos na manga.


Seu novo álbum Melodie, saiu no começo de Junho e o fato de Cro mandar suas rimas na língua materna soa curioso por si só, mas não faz a menor diferença. O que vale é a capacidade do artista de encaixar na métrica apertada do rap suas historietas juvenis, e fazer isso soar bem no ouvido. A bola da vez no disco é "Traum", mas "Erinnerung", "Bad Chick" e "Hey Girl" agradam do mesmo jeito. Desde o Falco que rap em alemão não dava tão certo.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

The Roof Isn't On Fire


Nada demais, mas nada mesmo, esse single novo do cultuado, idolatrado e adorado Jamie xx. Devo, certamente, fazer parte de uma minoria que não vê motivo pra tanta pagação de pau pra esse rapaz, membro do também incensado the xx. Mas, como o que importa é a música, “All Under One Roof Raving” é um encaixotamento de samples com batidas bem ralinhas, que, segundo Jamie, são uma homenagem à cultura rave do Reino Unido. Achei tão empolgante quanto o futebol apresentado pela seleção inglesa na Copa.

“All Under One Roof Raving”: sem graça.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Wild Beasts


A melhor música do quarto álbum do quarteto inglês Wild Beasts (o bom e bastante elogiado Present Tense, que saiu em Fevereiro) acaba de ganhar vídeo. "Mecca" está programada pra sair como single oficialmente em 04 de Agosto e é uma bela amostra do indie rock/synthpop habilmente urdido pela banda. Atenção ao ótimo falsete do vocalista e multi instrumentista Hayden Thorpe. Qualquer semelhança com o Coldplay não é bem vinda. 

"Mecca": pode chamar de indietrônica? 

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Dez Perguntas Para... Regis Tadeu


Regis Tadeu é crítico musical, produtor, apresentador de programas de rádio, jurado do Programa Raul Gil (também já atuou como crítico no programa Superpop), mantém um blog no site Yahoo! e ainda tem uma vasta coleção de LPs (aproximadamente 14.000) e CDs (cerca de 23.000). Regis entrou para o jornalismo musical a convite da revista Cover Guitarra, em 1994 e já foi diretor de redação das revistas Cover Baixo, Batera, Teclado & Áudio e Mosh. Um currículo pra lá de respeitável e um crítico que não pensa duas vezes antes de soltar o verbo. Seja pra quem for.

1) Com o pop nacional dominado por artistas dignos de vergonha alheia, podemos jogar a toalha ou há esperança de dias melhores?
Sempre há a esperança de melhoras, mas antes é preciso mudar a mentalidade do público. Aí é que a coisa se torna bem difícil...

2) O Regis Tadeu de programas de auditório como o de Raul Gil é o mesmo que apresenta o Rock Brazuca (pela Rádio USP FM), ou na TV é preciso exagerar em alguns aspectos pra criar o estereótipo do crítico ranzinza, odiado pela plateia?

Sim. É o mesmo. Não faço “personagens”. Sou o que sou.

3) A crítica musical de hoje no Brasil é confiável, ou a prática da brodagem e f
avoritismo ainda é comum?

Infelizmente, ainda há muita “brodagem” e interesses excusos por trás de certas críticas.

4) Quais novos artistas, artística e comercialmente, estão prontos pra estourar atualmente no Brasil?
Para “estourar”? Ninguém.

5) Como foi tua experiência editorial com a extinta revista Mosh?
Foi maravilhosa. A revista era como uma filha para mim. Durou pouco por conta de exigências do mercado publicitário, que exigia que triplicássemos a tiragem para conseguir manter os anunciantes de marcas famosas das primeiras edições. A editora não tinha cacife financeiro para isto e a publicação morreu.

6) Porque revistas de música no Brasil não costumam ter vida longa?
Porque elas são dependentes das vontades do mercado publicitário. Nenhuma revista se sustenta apenas com as vendas em bancas.

7) Quando tu escreves uma crítica, o que tu levas mais em consideração: gosto pessoal ou conhecimento da obra do artista?
Ambos.

8) Tu chegaste a repensar tua maneira de escrever ou se comportar depois do episódio Manowar (vídeo abaixo)?



Claro que não! Pelo contrário! Mostrou que eu estou no caminho certo.

9) Qual foi tua reação quando a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou ano passado (por unanimidade), o parecer do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) pela aprovação do Projeto de Lei de autoria do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que reconhece o funk carioca como manifestação cultural e determina que o poder público garanta as condições para a democratização da sua produção e veiculação musical?

Que mais uma vez os nossos políticos se preocupam mais em “jogar para a galera” em busca de votos e não dão a menor bola para os reais problemas deste País.

10) O que é mais difícil: fazer um tratamento de canal (Regis é formado em Odontologia) ou escutar o Top 10 da Billboard Brasil?


É infinitamente mais difícil ouvir o Top 10 de qualquer “parada de sucessos” no Brasil.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Participações

"Se não pode vence-los, junte-se à eles." Essa frase não tem nada ver com "Lost You", novo single parido pela parceria entre os canadenses do Zeds Dead mais o dominicano George Lewis Jr. (Twin Shadow) mais o promissor D'Angelo Lacy. Lembrei dela por acaso nesse 2014 cheio de featuring nos créditos dos lançamentos de eletrônica de pista. Mas a música é legal, hein. Aliás, se tem Twin Shadow no meio, sempre vale um confere. "Lost You" vai estar no próximo EP do Zeds Dead, Somewhere Else (sai em Julho), e vai rolar até Perry Farrell (Jane's Addiction) numa faixa.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Patrícios


Os portugueses Best Youth e Moullinex unem forças e soltam uma das faixas mais agradáveis do período. "In The Shade" tem os vocais juvenis de Catarina Salinas (que forma o Best Youth junto com Ed Rocha Gonçalves) e uma linha de baixo violenta de Luís Clara Gomes (Moullinex). E que baixo, amigo.

domingo, 15 de junho de 2014

A Volta do Inner City

Paris Grey, Ann e Kevin Saunderson.
Kevin Saunderson resolveu quebrar uma das hibernações do seu Inner City. O novo single do (agora) trio é "Bad Girl", homenagem à Rainha da Disco, Donna Summer. O cruzamento disco/house da música (abertamente baseada em "Bad Girls", de Summer) não impressiona, mas os vocais intactos da eternamente sorridente Paris Grey, sim. O grupo, com Ann Saunderson (esposa de Kevin) na formação, está em estúdio trabalhando em material novo e sai em turnê ainda esse ano.

"Bad Girl":

terça-feira, 10 de junho de 2014

Provável Hit Do Verão


Apesar do instrumental montado pelo DJ e produtor alemão Alle Farben não ser lá grande coisa, os vocais de Graham Candy conferem à "She Moves (Far Away)" algo além da dance ordinária pra pular na praia. Candy já apareceu esse ano na ótima "The Sun" de Parov Stelar e é um sopro de originalidade num mundinho house onde cantar bem é exceção à regra.

  "She Moves (Far Away)": provável hit do verão (deles).

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Nova de Gui Boratto


Vocais entorpecidos de Mariana Perrelli (do duo brasiliense Come and Hell), guitarrinhas New Order e arpejos que evaporam, "Take Control" saiu no finalzinho de Maio pela Kompakt e é techno praieiro que segue aproximando-se do pop, na mesma levada de "Too Late", single de Boratto do ano passado. Eficiente.

domingo, 8 de junho de 2014

Caras Novas: Azekel


A auto definição tá lá no site dele: artista, músico, produtor, filósofo. Uau. Azekel Adesuyi é mais um nome promissor no recente R&B britânico. Debutou no fim do ano passado com o bom EP Circa e retorna agora com uma faixa novinha - e melhor do que qualquer uma das cinco canções de Circa. Bom sinal. 

É em coisas como "New Romance" que eu penso quando alguém fala em "R&B moderno". Recomendo deixar o botão do grave em FLAT.

"New Romance": baixíssimas frequências.

sábado, 7 de junho de 2014

Nova do SBTRKT


O produtor britânico Aaron Jerome continua trabalhando no novo álbum do seu SBTRKT (ainda sem nome e sem data de lançamento), sucessor da boa estreia de 2011. Enquanto isso, soltou um aperitivo no Soundcloud: “Temporary View” tem vocais do cantor Sampha, colaborador frequente de Jerome. A faixa cruza o soul emotivo de Sampha com o dubstep seco em slow motion de SBTRKT. Interessante.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Música Sem Rosto


Forever Closer é apenas o terceiro lançamento da gravadora Pole Jam Vinyl, união dos selos digitais de deep house/nu disco Pole Position Recordings (País de Gales) e Glam Jam Artists (Alemanha). O lançamento oficial é 16 de Junho e o EP traz quatro faixas de ilustres desconhecidos que merecem ser ouvidas com atenção: os movimentos circulares do italiano Cris Cassara na boa "La Vela", a elegância house do Deep Sound Express e sua "Forever", os sintetizadores italo-disco do Eclectic Sound na instrumental "Forever Young" e a melhor da leva, o soul-funk "You", do Monsoon Season.

O problema (OK, pode não ser um problema, se você levar em consideração só o que sai das caixas de som) de uma canção fantástica como "You", é que isso pode não passar de um edit de um funk eletrônico anônimo do começo dos 80, com o tal Monsoon dando uma lapidada nas batidas e adicionando uns tecladinhos aqui e ali pra depois chamar o trampo de "sua música". Salvo o acaso de topar com a fonte em alguma esquina do Youtube, eu nunca vou saber. E, claro, posso estar cometendo uma tremenda injustiça. Isso pode ser material absolutamente original, influenciado pela pós-disco, com vocais atuais, brilhantemente interpretados por Evelyn Joyce. Por via das dúvidas, já coloquei "You" na minha lista de Melhores de 2014.

Forever Closer EP, ao alcance do seu mouse:

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Nova do Caribou


O canadense Daniel Snaith deu as caras. "Can't Do Without You" é a primeira faixa disponibilizada sob a alcunha Caribou desde o sensacional Swim, de 2010 (vai estar em Our Love, o próximo disco, que sai em seguida). Em 2012 ele lançou o álbum Jiaolong creditado ao projeto Daphni, sua faceta techno/progressive.

Com a assinatura do Caribou, Snaith explora um terreno mais colorido e ensolarado, como prova essa "Can't Do Without You". Pode apostar que vem mais coisa boa.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Hors Concours


Alguém realmente esperava que essa parceria não funcionasse? Era batata: a união dos escandinavos Röyksopp e Robyn renderia algumas das gravações mais legais do ano. Foi o que aconteceu. Pelo menos três, das cinco faixas do EP Do It Again (lançado dia 23 de Maio), são irrepreensíveis.

A magnífica abertura, apropriadamente chamada "Monument", ganha contornos celestiais com seu coro ininterrupto fundindo-se aos sintetizadores e sua base engrenada com baixo de tom constante e hipnótico. Só lá pelos seis minutos (a faixa tem quase dez) uma percussão tribal preenche o ambiente e prepara o terreno para que um sax soprado com languidez encerre a canção de maneira brilhante.

"Do It Again" é uma obra-prima de inspiração pop e dance, mas absurda em cada detalhe da produção: das navalhadas de teclados entrecortando a música até os vocais de Robyn - do tipo que deixam até uma leitura de "O Capital" emocionante.

O synthpop "Every Little Thing" mais uma vez acentua o trabalho primoroso de Svein Berge e Torbjørn Brundtland à frente do aparato eletrônico. Saltam aos ouvidos a riqueza e a variedade de timbres alcançados e como os sintetizadores soam poderosos manipulados pela dupla, a sacada genial do pequeno enxerto de cordas especialmente bem encaixados no meio da canção e mais um trabalho exemplar da talentosa Robyn no microfone.

"Sayit" é uma faixa techno que traz Robyn duelando com um vocoder (idêntico ao que o Kraftwerk usou em "Numbers"), enquanto "Inside The Idle Hour Club" é um encerramento instrumental e melancólico, bastante distante da euforia da faixa-título. São duas músicas que baixam a média geral do mini-álbum, que mesmo assim, bate fácil nos 7.5.

"Every Little Thing": perfeição.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Segunda Class: William Orbit


A ambient music tornou-se um terreno perigoso, pra não dizer improdutivo. Até o renomado William Orbit escorrega algumas vezes em seu novo álbum Strange Cargo, o quinto da série iniciada em 1987.

O perigo aqui mora na abertura meio Neverending Story de "On Wings" e em composições que são puro pop de churrascaria, como as melosas "Big Country" e "Willow" - faixas que para um desavisado identificariam Orbit como um Richard Claydermann do techno, se ele não fosse inteligente o bastante pra compensar essas pisadas em falso com a sessentista "Just a Night Or Two" (lembrando sua produção com pinceladas psicodélicas para "Beautiful Stranger", de Madonna), a sufocante e autoexplicativa "I Paint What I See" (com vocais sussurrados por Beth Orton), a timbragem anos 90 de "Lode Star", o clima desolador das guitarras de "Recall" e o dub techno de "Parade of Future Stars". Ainda rola uma citação de "Trans-Europe Express" do Kraftwerk (na percussão inicial de "Poppies") e um encerramento bem otimista com o belo arranjo de "The Changeling", tudo disponível para audição na página do produtor no Soundcloud. Orbit conhece o campinho.

"I Paint What I See": sublime.

One More Time


Até quando vai o gás dos incansáveis irmãos Lawrence?



O single "The Mechanism" saiu em Abril, o vídeo, dia 30 de Maio. Com colaboração do produtor britânico Friend Within, é house com aquelas frequências sub graves de future garage. Impressionante, eles não erram uma.

domingo, 1 de junho de 2014

Coverfold


Num passado distante - bem distante, tipo século passado - o DJ e produtor inglês Paul Oakenfold foi um cara legal. Ganhou fama com seus remixes para o EP Madchester Rave On do Happy Mondays (junto com Terry Farley, Andrew Weatherall e Steve Osborne), acabou produzindo (com Osborne) o clássico Pills 'n' Thrills and Bellyaches dos Mondays, excursionou com o Stone Roses, remixou "Even Better Than The Real Thing" do U2 (o single de sua versão vendeu mais que o original) e ainda trabalhou com Massive Attack, The Cure, Radiohead, Smashing Pumpkins, Madonna e mais um monte de gente bacana.



Pois os planos do superstar das picapes para 2014 são bem mais modestos. Oakenfold planeja para este mês o lançamento do álbum Trance Mission, composto de covers para, cof cof, "clássicos" do trance, como "Cafe Del Mar" do Energy 52, "Madagascar" do Art Of Trance e "Adagio For Strings", já gravada por William Orbit e Tiësto. O segundo single do projeto é "Toca Me", e vem com remixes de três nomes que eu nunca ouvi falar (Eshericks, East Freaks e Benjani), mas que não fazem a menor diferença, musicalmente. Bom, Oakenfold nivela-se por baixo e tem tudo pra dividir os CDJs com gente como Ferry Corsten e Armin van Buuren em festivais mundo afora. Tem quem goste.

"Toca Me": Oakenfold rende-se à EDM fuleira.