sábado, 10 de setembro de 2011

New-Post-Grunge


Lembra do Bush? OK, você mal lembra o que comeu no almoço, não teria porquê recordar desses caras. Eu lembro que estava em algum lugar em frente à uma TV no final de 1996 e fiquei muito curioso pra ouvir o disco dessa banda segundos depois de assistir o vídeo de "Swallowed", uma música que grudou instantâneamente na minha memória e praticamente me obrigou a comprar o segundo álbum dos ingleses, Razorblade Suitcase (sim, naquela época ainda se compravam CDs). Com a força desse single, o Bush - assim como aqueles outros dois Bush - mandou nos Estados Unidos por um breve período: a faixa ficou sete semanas consecutivas em primeiro lugar na Modern Rock Tracks da Billboard e impulsionou o disco para o número 1 da revista. Embora tenha lá seus momentos, Razorblade nem é um grande disco. Com guitarras barulhentas, sujeira, um vocalista (Gavin Rossdale) com um timbre parecidíssimo com o de Eddie Vedder e produção de Steve Albini, o Bush foi rapidamente taxado pejorativamente de post-grunge. O que também não deixa de ser uma tremenda besteira.


Exatamente 10 anos depois do último registro (Golden State) e com baixista e guitarrista novos, o Bush lança em Setembro The Sea Of Memories, seu quinto de material inédito. E pra minha absoluta surpresa, o disco é muito legal. Intencionalmente ou não, a banda abraça o pós-grunge com vontade: guitarras distorcidas? Em "The Mirror Of The Signs" tem. Refrãos pop? Sim, em "Afterlife". Temática romântica? Claro, ouça "Baby Come Home". Potencial radifônico? Aham, encontrável em quase todas as 12 faixas. Gavin Rossdale canta muito bem, há belos riffs de guitarra (especialmente em "All My Life") e o barbudo Chris Traynor mostra-se craque em criar ganchos grudentos com as seis cordas. Além disso, The Sea foi produzido pelo Midas Bob Rock, que deixou tudo redondinho e palatável sem chegar num nível absurdo de pasteurização. Se você gosta de hard rock cantarolável e não está nem aí pra rótulos depreciativos, The Sea Of Memories é um produto de primeira.

"The Sound Of Winter": peso calculado, satisfação garantida.

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