sábado, 25 de agosto de 2012

Being Boring


"... we were never being boring
We were never being bored..."

Até agora, os Pet Shop Boys - mesmo com algumas escorregadas - fizeram valer o trecho de um dos seus hits. Mas "Invisible" e "Winner" (faixas apresentadas antes de Elysium - décimo primeiro álbum da dupla - estar à solta na rede), já eram sinais não muito animadores. Infelizmente, o disco é chato pacas. O que aconteceu com Tennant/Lowe? Falta de inspiração? Preguiça? Acomodação? Acho que um pouco de tudo. Eu esperava, claro, um envelhecimento digno. Queria ver mesmo dois velhinhos sacanas falando da noite, de sexo, de emoções baratas; com aquele mesmo humor ácido, com a habitual ironia sutil mas com a visão de quem agora está na casa do meio século e enxerga tudo com aquele riso de canto de boca. O que vem no pacote de doze faixas é um Pet Shop Boys conformado, quase aposentado, encostado num canto como aquele velho Emulator obsoleto no estúdio. Gravado em Los Angeles no início do ano e co-produzido por Andrew Dawson (que "...ganhou três Grammys por seu trabalho com Kanye West..." conforme release do disco e como se isso fosse atestado de qualidade), Elysium tem os arranjos mais fracos da história da banda. O que é "Hold On"? Parte de algum musical soporífero da Broadway? E as cordas melosas mirando-o-horizonte-infinito de "Winner"? A pose de Chris Lowe sempre foi propositalmente blasé, mas agora é o som que soa terrivelmente entediado. Ouça "Ego Music" e constate que esta é uma das piores contribuições musicais de Lowe para uma canção dos Pet Shop Boys em toda a discografia da banda, simplesmente nada funciona: os efeitos são surrados, a batida é sem graça, essas mudanças de andamento... Nem com a pista de dança a dupla pareceu se importar em Elysium, não há nada de muito empolgante e remixável assim, de cara. Talvez uma figura como Fred Falke possa recauchutar as medianas "Leaving" e "Face Like That", únicas faixas com algum potencial dançável no álbum. Bola pra frente. Espero que daqui uns seis meses (ou antes, se possível), Tennant e Lowe percebam que esse disco foi equivocado. Prefiro vê-los como o Los Del Rio do technopop do que com essa apatia atual.

"Leaving": um dos pouquíssimos momentos de luz em Elysium.

Pet Shop Boys - Leaving from Mario Cebollini on Vimeo.

7 comentários:

  1. Tal "crítica" veio de uma análise baseada em um rip de streaming medíocre que beira a qualidade de um funk do "pesadão.net"? É sério? Também, o que esperar de alguém que quer músicas falando do "sexo" e da "noite". Ao longo do texto, tenho a impressão de que você quer que dois artistas (coisa rara, hein?) façam um álbum pra "bater cabelo" em boate. Espere o álbum ser lançado, compre uma versão sem compressão, execute o mesmo (espero que não seja em um mini system...) e depois refaça a sua crítica. Entenda que alguns artistas evoluem, não ficam pra sempre lançando músicas pop farofa pra tocar em boatezinhas. Em tempo, Leaving é de longe a faixa eletrônica mais respeitável de 2012 até o exato momento. Da próxima vez, use o mesmo tempo ouvindo um álbum do David Guetta, quem sabe evita pagar mico na web.

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  2. Putz, dá pra perceber que tu és fãzaço dos Pet Shop Boys, hm? Bom, eu também sou, meu velho. Dá uma olhada no meu Last FM: http://www.lastfm.com.br/user/CarlinhosDeejay. Mas eu não sou surdo, rapaz. Este é um álbum muito, mas muito abaixo do que essa dupla pode fazer. Não quero só um disco que fale de sexo e noite, com a conotação vulgar que tu descreveu. Foi só um exemplo de que alguns dos temas preferidos do duo foram postos meio de lado em favor de pseudo-hinos pomposos como "Winner". E nem sei o que é o tal de 'bate cabelo' que tu mencionaste. Mas as pistas de dança sempre foram habitat natural dos Pets. Não fosse por isso, porque eles lançariam seus singles sempre com remixes? E se tu acha que os Pet Shop Boys eram um tipo de banda que "...ficam pra sempre lançando músicas pop farofa pra tocar em boatezinhas...", como tu escreveste, discordamos nesse ponto. Pra mim o duo sempre equalizou de maneira igual faixas dançáveis e não-dançáveis com uma habilidade ímpar. Gosto de "Decadance" do mesmo jeito que gosto de "Domino Dancing". Mesmo as dance tracks dos Pets estão longe de ser "farofa". Pra terminar, não entendi tua insinuação sobre a relação do texto com a qualidade de áudio (o que escutei está em 256kbps). Tu estás querendo dizer que se eu ouvir o álbum com uma qualidade superior, os arranjos vão melhorar, os synths e programações do Lowe vão mudar, é isso?

    Grande abraço e obrigado pela visita, Carlos.

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  3. Pet Shop Boys sempre foram meio "gays da depressão" nas letras, mas com produção e arranjos muito bons.
    Meu recalque em relação a eles é o "Release". Seria este um "Release 2.0"?

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  4. Esse é o ponto Daniel. As "emoções baratas" que mencionei dizem respeito à temática dor de cotovelo sempre presente nas letras, mas visto naquele prisma "Non-Stop Erotic Cabaret" do Soft Cell, não nesse tipo de trilha de auto-ajuda que virou "Elysium". Mas, apesar de tudo, eu tô animado, porque acho que esse álbum pode ter um desempenho comercial desapontador, o que levará os Pets à se reaproximarem de suas raízes pop e honrará a tradição do duo de distanciar-se musicalmente de seu trabalho mais recente.

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  5. Caros amigos, a primeira vista esse novo trabalho da dupla realmente não enche os olhos, mas não podemos nos esquecer do álbum "Behaviour" que entre os fãs dos Pet Shop Boys foi odiado inicialmente mas anos depois o mesmo foi e é reverenciado... Esses caras não fazem coisas por acaso ou por apelo comercial, sempre se tem um proposito, não é atoa que eles estão na atividade sempre modernizando seus sons e nem por isso caindo no modismo e sem perder a identidade de suas origens... ...mas opinião é opinião, cada um tem a sua :)

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    1. Olha, concordo que os Pets não fazem discos por acaso ou com simples intenções mercadológicas. Mas Tennant e Lowe também são uma banda pop. Não tenha dúvida que a dupla também pensa se o material lançado é vendável ou não. E nem é esse o caso. Pra mim o disco é fraquinho mesmo. Na melhor das hipóteses, ao menos eles não gravaram um álbum de dubstep (mesmo sendo uma justificativa óbvia demais). Obrigado pela visita =)

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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