terça-feira, 30 de julho de 2013

Savoir-Faire

Dois projetos brasileiros de eletrônica bem distintos: Technique e Pazes.

O Technique botou na cabeça que tem que fazer a música que suas principais referências (New Order, Kraftwerk, Pet Shop Boys e Depeche Mode) não fazem mais, porque não podem (pelo esgotamento da força criativa) ou não porque não querem (pela tendência natural da busca pela evolução do som). Vai saber. Pra isso, a banda usa de todos clichês disponíveis no seu álbum Memorizer (saiu no começo do ano): resgata aqueles vocais blasé do technopop europeu dos 80 pra discursar sobre temáticas pueris, com letras tão constrangedores que mais parecem os títulos das novelas mexicanas que o SBT exibe à tarde em sua programação ("The Price Of Lies", "Empty Eyes", "Book Of Life"). O instrumental não difere muito do que o Tek Noir fazia em 1990, com a diferença fundamental que a dupla mezzo argentina mezzo brasileira não dispunha de um décimo da tecnologia que o Technique tem em mãos hoje, e conseguia resultados incomparavelmente melhores. Enquanto o synthpop de bandas como o Technique não se desvencilhar desse excesso de referências óbvias e se recusar a olhar pra frente, o que teremos é mais e mais grupos empilhados num terceiro escalão imaginário desse tal futurepop - que tem na Alemanha um berçário fértil e aparentemente, inesgotável. 

"The Price Of Lies": os oitenta, ainda.




Já o Pazes (representado pelo paulistano Lucas Frebraro) acena como uma boa promessa da música sintética nacional. Seu EP Sleeping Dolls acabou de sair, e não abdica de noções como criatividade e acessibilidade pra montar faixas como a espetacular "Frozen", com os vocais atmosféricos da turca Biblo. Pisando com cuidado no terreno dark, a música de Frebraro tem um gostinho melancólico, mas com seus beats engenhosos, pode virar hit de pista facilmente ("Burn Out"). Boa, garoto.

"Frozen": etérea.


4 comentários:

  1. Bah eu acompanho a Technique a muito tempo e sou um fã do som deles, acho excelente... Sei sou um dinossauro movido a sintetizadores arcaidos :P

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    1. Luis, também amo sintetizadores, mas infelizmente o Technique só repete fórmulas nesse disco. É uma overdose de clichês do gênero. Fora isso, acho as letras de uma ingenuidade tremenda e as composições fracas: escutei o álbum umas quatro vezes e não lembro de nenhum refrão, nenhum riff, nenhuma passagem instrumental mais relevante. E pra uma banda que intenciona fundir techno e pop, há de se considerar esses quesitos com alguma importância. Com otimismo: esperemos o próximo.

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  2. Nunca tinha ouvido falar do Technique.
    Ouvi o álbum todo.
    Achei uma copia do New Order. Parece um álbum feito em 1988.
    Mas é complicado usar só VST e presets hoje em dia e não parecer datado, né?

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