domingo, 7 de outubro de 2018

Presque Chic


Estranhei o fato do projeto chamar-se Nile Rodgers & Chic. Nile e sua indefectível guitarra escovinha estão lá, mas o abençoado trio está desfalcado dos dois propulsores que moveram a banda rumo ao estrelato na segunda metade dos 70: um dos melhores baixistas da história (Bernard Edwards, falecido em 1996) e o metrônomo humano Tony Thompson (baterista, falecido em 2003). Então quem seria o Chic, em questão? Nomes mais e menos conhecidos aparecem nos créditos (Mura Masa, Vic Mensa, Craig David, Hailee Steinfeld, Emeli Sandé), mas nem mesmo Elton John e Lady Gaga chegam perto dos respeitáveis foles vocais e harmonias das três melhores cantoras que passaram pelo grupo (Norma Jean Wright, Luci Martin e Alfa Anderson). Adequado mesmo seria batizar de "Nile Rodgers & Friends".

Tem umas coisas bem simpáticas, como a jam smoothjazzística de "State Of Mine (It’s About Time)" - uma faixa que exemplifica o quanto o disco é obviamente bem tocado e produzido. Mas o que pega em It's About Time é o nível das composições, muito, mas muito abaixo do que foi o Chic do início de carreira. Sei que é uma comparação injusta, mas a verdade é que as canções não ultrapassam a temperatura do corpo, em nenhuma das 10 faixas. Vocoders à exaustão, o R'n'B sonolento de "Queen" (com a dupla Elton John e Emeli Sandé) e (o crime-mor aqui), o autocover totalmente dispensável do clássico absoluto "I Want Your Love", com vocais de Lady Gaga, ajudam a puxar a média pra baixo no saldo final.

Na maior parte do tempo, It's About Time lembra o Chromeo num dia ruim. E olha que eu acho o Chromeo bem fraquinho.


"Boogie All Night": um dos poucos momentos iluminados de It's About Time:

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